Estamos na segunda parte da Carta de São Paulo aos Romanos, em que o Apóstolo descreve a conduta cristã como expressão da vida nova, do verdadeiro amor, da verdadeira alegria e liberdade que Cristo nos doou. É a vida cristã, apresentada como novo modo de enfrentar – com a luz e a força do Espírito Santo – as várias tarefas e problemas com que podemos deparar.

Nesse versículo, estreitamente ligado ao anterior, o Apóstolo mostra o intuito e a atitude fundamentais que deveriam caracterizar todo comportamento nosso: fazer da vida um hino de louvor a Deus, um ato de amor que se prolonga no tempo, buscando constantemente a sua vontade, o que mais lhe agrada.

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.”

É evidente que, para cumprir a vontade de Deus, em primeiro lugar é preciso conhecê-la. Mas, como o Apóstolo dá a entender, isso não é fácil. Não é possível conhecermos bem a vontade de Deus sem uma luz especial que nos ajude a discernir, nas diversas circunstâncias, o que Deus quer de nós, evitando as ilusões e os erros nos quais facilmente poderíamos cair.

Trata-se daquele dom do Espírito Santo que se chama “discernimento”, indispensável para edificarmos em nós uma mentalidade autenticamente cristã.

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.”

E como podemos obter e desenvolver em nós esse dom tão importante? Sem dúvida, isso exige um bom conhecimento da doutrina cristã. Mas ainda não é suficiente. Como o Apóstolo sugere, é principalmente questão de vida, é questão de generosidade, de impulso em viver a palavra de Jesus, deixando de lado receios, incertezas e ponderações medíocres. É questão de disponibilidade e de prontidão em cumprir a vontade de Deus. É esse o caminho para termos a luz do Espírito Santo e formarmos em nós a mentalidade nova que esta Palavra requer.

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando vossa maneira de pensar e julgar, para que possais distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito.”

Como, então, vamos viver a Palavra de Vida deste mês? Procurando, também nós, merecer a luz necessária para cumprirmos bem a vontade de Deus.

Para tanto, vamos fazer o propósito de conhecer cada vez mais a sua vontade, no modo com que ela se manifesta pela sua Palavra, pelos ensinamentos da Igreja, pelos deveres do nosso estado de vida e assim por diante.

Mas a principal preocupação será com a nossa vivência, pois, como acabamos de ver, é da vida, é do amor que jorra a verdadeira luz. Jesus se manifesta a quem o ama, colocando em prática seus mandamentos. (cf Jo 14,21).

Assim, conseguiremos cumprir a vontade de Deus como o presente mais bonito que temos a lhe oferecer. E este será agradável a Deus, não só por ser expressão do amor, mas também pela luz e pelos frutos de renovação cristã que fará surgir ao nosso redor.

Chiara Lubich

Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em agosto de 1993.

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