«…Embora vivam, como todos, em meio aos males do nosso tempo, vocês, jovens, em geral têm em seus corações e em suas mentes antenas que sabem captar ondas particulares, que outros não são capazes de perceber. Vocês estão numa idade que os deixa livres para fomentar aspirações nobres como a paz, a justiça, a liberdade, a unidade. Isso lhes permite sonhar com realizações que a outros poderiam parecer utópicas. Também lhes permite prever no terceiro milênio a aurora de um mundo novo, melhor, mais feliz, mais digno do ser humano, mais unido.

Graças a Deus vocês existem! O que gostaria de dizer a vocês hoje? Desejo evocar aquilo que Jesus disse e que o Papa recordou aos jovens na Jornada Mundial, em 1995: «Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio».

É o convite dirigido a vocês para levarem a luz da verdade à sociedade de hoje. É o desafio ao que o Papa chamou de “nova evangelização”.

Nova evangelização? Mas por que “nova”? E o que significa: “nova”?

A palavra “nova” pode ter muitos significados. Eu lhes anuncio um. Todos sabemos que hoje as palavras não são suficientes. Os jovens, de modo especial, não ouvem muito os mestres, mas quem dá testemunho; querem os fatos.

Portanto, a evangelização poderá ser “nova” se aqueles que a anunciam forem, em primeiro lugar, cristãos autênticos, que vivem seriamente o que o Evangelho ensina, de modo que as pessoas possam dizer deles, como dos primeiros cristãos: «Vejam como se amam e estão prontos a morrer uns pelos outros».

Será “nova” se eles amarem também cada pessoa sem fazer distinções. E será “nova” ainda se esses cristãos concretizarem o próprio amor, fazendo surgir obras que possam suprir as necessidades de alimentação, de roupas, de casas, daqueles que não possuem. E será “nova” – agora estejam atentos – por fim, se falarem, anunciando o Evangelho, só depois de terem feito tudo isso.

Tais cristãos, eu posso garantir, propagam no mundo a beleza de Jesus e fazem com que Ele seja amado. Deste modo o Reino de Deus se expande acima de qualquer previsão e a Igreja se consolida e cresce. Cresce de tal modo que eles podem enxergar longe, tal como Jesus quando chamou todos à fraternidade universal, rezando ao Pai assim: «Que todos sejam um». É um sonho que pode parecer loucura, mas é possível, porque é o sonho de um Deus. E eles acreditam nisso.

Conheço milhares, aliás, milhões desses jovens, em todos os países, que estão se encaminhando para essa meta. Foi a eles que João Paulo II disse: «Os homens que sabem olhar para o futuro são aqueles que fazem a história; e todos os outros serão envolvidos…»1.

Caríssimos jovens, certamente o Papa dirige hoje essas palavras a todos vocês. Não o decepcionem, não nos decepcionem.  É o que desejo com todo o coração».

Tor Vergata (Roma), 19 de agosto de 2000, mensagem de Chiara Lubich na XV Jornada Mundial da Juventude

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1. João Paulo II, Homilia da Missa conclusiva do Genfest 1980, in “L’Osservatore Romano” 19-20 de maio, pág. 1.

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