«Sonhei um focolare nos mocambos – escreve em seu diário Chiara Lubich, no dia 21 de abril de 1964, durante uma viagem ao Brasil – construído como um mocambo. Porque a nossa casa deve se assemelhar com o ambiente no qual se desenvolve o nosso principal apostolado ». Ainda que à distância de anos, o sonho se realiza. Lucival, Helson, Keles (brasileiros), Estimable (haitiano), Fabrizio (italiano), há quase um ano deixaram a casa deles na capital Florianópolis para se transferir para o morro, uma das muitas “periferias existenciais” do mundo.
“Como está indo?”, perguntamos a estes focolarinos. «Procuramos sobretudo nos inserir no novo ambiente. Keles trabalha na escola Marista, que no morro desempenha grande importância educativa e social para crianças e adolescentes. Lucival – que trabalha na Fazenda da Esperança, uma comunidade de recuperação para jovens tóxico-dependentes – se empenhou na Associação de Moradores “Alto da Caieira”, uma organização para tutelar os direitos dos habitantes do morro».
Sabemos que ser aceitos pelas pessoas das favelas nem sempre é fácil. Estes cinco jovens estão experimentando isso, ajudados também pelo padre Vilson Groh, que presta serviço no morro há mais de trinta anos. «É estando com as pessoas – dizem – que surgem as ideias. Por exemplo, alguém lançou a proposta de celebrar a missa nas casas, por turnos. Assim faz uns dois meses que a cada quinta-feira se está fazendo isso. Enquanto que na quarta-feira, sempre em casas diferentes, se reza o rosário dos homens (uma prática bastante comum no Brasil). Não são grandes números (em torno de 10/12 pessoas), mas é uma semente lançada. Que já está dando os seus frutos, no sentido que, aos poucos, vemos aumentar o conhecimento e a confiança, seja para conosco, seja recíproca entre eles. Cresce o senso de responsabilidade comunitária, sentir como próprias as carências e as necessidades do outro».
Tem algum episódio para exemplificar? «Havia um homem dependente de álcool que dormia num “lixão”. Pe. Vilson falou disso com a comunidade, que “arregaçou as mangas” para inseri-lo num caminho de recuperação. Literalmente reconstruíram a moradia dele (um barraco de madeira, de mais ou menos 3m x 4m), que inclusive mobiliaram, um trazendo um fogão, outro a cama, outro ainda a geladeira, etc. Duas semanas atrás, entre os 15 adolescentes crismados, ele também estava. E na quinta-feira da semana passada, a missa foi celebrada na sua casa. Também ficamos sabendo da situação igualmente desumana de uma mulher e é ainda a comunidade que está se ocupando para ajudá-la. Assim como são eles mesmos que distribuem, a quem tem mais necessidade, tudo o que conseguimos obter de roupas e alimentação». E como sinal de que os relacionamentos estão realmente se aprofundando, contam que na última sexta-feira umas vinte pessoas se encontraram no focolare para a “confraternização”, um momento de festa pelo Natal, onde cada um levou alguma coisa. Também aqui, no morro, não só comeram juntos o “churrasco”, célebre prato brasileiro à base de carne, mas festejaram Jesus que mais uma vez não despreza nascer – como em Belém – na pobreza de uma favela.
Chiara Lubich – Diário de Viagem 1964/65 – Cidade Nova 1991.
Comovente o vosso testemunho. Obrigado por partilha-lo conosco. Pedimos a Jesus Menino nos ajude na realização da plena unidade e amor fraterno para com todos. Que no Ano Novo continue proporcionando momentos de alegria pura com Sua presença viva no meio de nós.
Me parece extraordinario, sobre todo en este siglo tan ‘movido’. La gracia y la paz los acompañe para hacer allí y en todas partes la Voluntad de Dios.
Favelas, villas, asentamientos…muchos nombres y el mismo problema…solucionable cuando se pone garra y sobre todo, mucho AMOR.
E` di questa testemonianza che il mondo di oggi ha bisogno. Sono con voi in questa avventura. Mi ha molto colpito quanto aveva scritto Chiara: «Ho sognato un focolare fra i mocambos”. Mi sento pienamente espresso in questa esperienza bellissima.