Vinte anos atrás, Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, recebia das mãos do prefeito Leoluca Orlando a cidadania honorária de Palermo. Hoje, por ocasião das manifestações convocadas em Palermo, nomeada em 2018 “capital italiana da cultura”, o Movimento consolida aquele vínculo no nome da acolhida e da fraternidade universal, em contra tendência com as ações negativas que se registram quotidianamente numa cidade de fortes contrastes. Um programa de simpósios, eventos artísticos e workshops no rastro do diálogo entre as gerações, entre as culturas e entre as Igrejas da Sicília.

É dedicado a este tema, o discurso de Maria Voce na Pontifícia Faculdade Teológica da Sicília. «Chegando a Palermo, neste feliz momento em que muitos eventos concentram a atenção sobre a cidade, senti ainda ressoar as palavras que Chiara Lubich dirigiu à cidade: “prometemos que Palermo estará sempre presente nos nossos corações, para que, pela audácia e a coragem dos seus cidadãos, saiba chegar a ser modelo para muitas outras cidade da Itália e do exterior, como verdadeira “cidade sobre o monte”».

«Chiara Lubich – continua Maria Voce – deixou para nós um sinal indelével do seu empenho pela comunhão na Igreja, pelo diálogo ecumênico e pela fraternidade entre todos os povos. Desde os anos 1940, Chiara manifestava este seu ardente desejo com expressões ricas de ímpeto e de ardor. “Olhemos ao nosso redor: somos todos irmãos, ninguém excluído!”, exortando assim a viver pela “fraternidade universal num só Pai, Deus, que está nos Céus”. É um programa que se pode atuar em todas as cidades, mas que encontra um terreno particularmente fértil precisamente aqui, em Palermo, lugar “de encontro nos séculos entre povos, culturas e civilizações diferentes”, que tem nas suas raízes “os valores da acolhida para com a diversidade, a solidariedade e a generosidade”».

Qual a contribuição deste carisma para a Igreja universal e para as Igrejas particulares, inclusive da Sicília? Responde Maria Voce: «Com o carisma da unidade, nasceu um “caminho novo” na Igreja», uma espiritualidade que encontra plena consonância também no Concílio Vaticano II. «Desta espiritualidade de comunhão vimos florescer a comunhão dentro da Igreja entre os vários Movimentos eclesiais que a enriquecem, entre os vários carismas antigos e novos. Além disso, vimos como ela é útil para colaborar para a unidade dos cristãos e também para abrir aquele diálogo com pessoas de outras religiões que representa uma das fronteiras mais desafiadoras e urgentes do terceiro milênio. É uma realidade que pudemos experimentar inclusive nas igrejas particulares».

«Apesar das inúmeras emergências destes últimos anos, e justamente através destas emergências, o empenho dos membros do Movimento, na Sicília, está profundamente direcionado a testemunhar e a construir a unidade da família humana lá onde se apresenta mais ameaçada e precária. Eles procuram, de tal modo, responder ao apelo lançado por Chiara, quando os havia solicitado a “construir uma cultura nova que seja a cultura dos direitos humanos, a cultura da legalidade, a cultura do amor, a cultura da vida e não da morte”».
«Parece-me poder dizer – afirma Maria Voce – que, para a realização deste objetivo, alguns passos tenham sido dados. Certamente ainda há muita estrada a percorrer, mas este é um compromisso que também hoje, com todo o Movimento, queremos renovar: dar a nossa contribuição para criar aquela “civilização nova”, que encerra todos aqueles valores que infelizmente muitas vezes são pisoteados, e crescer cada vez mais “sem esquecer – como recordava Chiara – todos os irmãos cristãos, sem esquecer as outras religiões, sem esquecer ninguém”. Deste modo realmente se poderá dar vida a uma “cultura da unidade”, definida várias vezes por Chiara Lubich como “cultura da ressurreição”».
E conclui: «com os votos de que esta cidade possa realmente ser “capital italiana da cultura”, mas de uma “cultura da ressurreição”».


Lendo o Carisma da unidade em diálogo com as igrejas da Sicília (Maria Voce)

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