Sou médica obstetra e durante anos trabalhei no departamento de gravidez anômala do hospital de Lubiana, na busca constante de construir relacionamentos verdadeiros com as pacientes, os colegas, os superiores. Sempre procurei defender a vida, muitas vezes sendo humilhada e arriscando perder o emprego por causa do meu comportamento.

Muitos pais redescobriram a alegria da maternidade e da paternidade, e às mães que queriam abortar foi poupado o drama do remorso. Aos poucos os colegas e superiores começavam a respeitar as minhas escolhas e com freqüência me consultavam antes de tomar decisões importantes.

Depois adoeci, era uma doença rara: não podia fazer esforços, tinha fortes dores de cabeça e nas articulações, inchaços, perda de concentração. Os colegas me ajudavam como podiam. Fiquei limitada no trabalho, mas sentia que ainda precisavam de mim.

Uma vez foi internada uma mãe no sexto mês de gravidez. Ela já tinha a bolsa rompida e a medica de plantão aconselhou o aborto. Procurei convencer a mãe a não realizá-lo, ma não consegui. Porém me recusei a dar a injeção e a mesma coisa fizeram as enfermeiras depois de mim. O menino nasceu vivo. Os pais re-avaliaram a própria decisão e agora o menino vive o pai é orgulhoso por ter um filho homem.

Com a difusão da prática da fecundação assistida penetrou no hospital uma certa cultura da morte, com a eliminação dos embriões que sobram. Com este tipo de fecundação muitas vezes são concebidos vários filhos, mas somente um é ajudado a viver. Para mim este é um sofrimento insuportável, que encontra sentido somente se unido ao sofrimento de Jesus na cruz.

Por este constante caminhar contra a correnteza enfim alguma coisa mudou no nosso setor. Muitas colegas de trabalho começaram, junto comigo, a lutar pela vida. E até a chefe do departamento, que não possui nenhum referencial religioso, me apóia, mesmo sem entender de onde tomo a força para agir desse modo, onde encontra-se escondido o meu segredo.

(J. P. – Slovenia)

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