Movimento dos Focolares
Uma voz do Islã: reforçar a fraternidade

Uma voz do Islã: reforçar a fraternidade

20151119-01A trágica notícia dos ataques terroristas horrendos na capital francesa, nos preencheu de profunda tristeza. O nossa recordação, a nossa solidariedade, as nossas orações são dirigidas às vítimas, aos feridos, às suas famílias, aos seus entes queridos e ao povo francês”. São as palavras de condolências de Mustafa Cenap Aydin, diretor do Centro Tibre para o diálogo de Roma. “Eu me uno à mensagem – continua o diretor do Centro Tibre – transmitida pelo doutor estudioso muçulmano, escritor e educador ativista M. Fethullah Gülen que condena firmemente “Toda ação terrorista, de qualquer pessoa e proveniência” porque “é um duro golpe para a paz e para a tranquilidade da humanidade inteira. Estes atos covardes de terrorismo são ataques não somente ao povo francês, mas aos valores humanos universais e à fraternidade humana”. “Nunca nos cansaremos de condenar todos aqueles que alimentam a violência, o ódio, o medo, abusando indevidamente de uma religião, uma ideologia para fins cruéis, desumanos”. “Gülen, inspirador de milhões de pessoas atraídas pela sua mensagem de amor e de compaixão, convida todos a se unirem à sua oração, a fim de que Deus conduza “a humanidade inteira a um mundo de paz e tranquilidade” e “a agir em solidariedade contra qualquer forma de terrorismo e a comprometer-se para realização da paz universal”. “Responderemos a estes ataques ‘desumanos’ – conclui Mustafa Cenap Aydin – reforçando ainda mais o espírito de unidade e de fraternidade; estes ataques nos convencem da importância do diálogo, da conciliação, da fraternidade e a aumentar ainda mais o nosso compromisso de difundi-la; estamos convencidos de que, sem dúvida, a paz prevalecerá. Peçamos e façamos um apelo a todos para que possam unir-se a nós neste esforço”. Fonte: Città Nuova  em italiano

Por que Paris

Por que Paris

«Estamos numa situação de desânimo e de horror diante destes massacres. Mas também estamos muito surpresos pelo impacto internacional, por todas as manifestações de apoio e sentimo-nos responsáveis diante das respostas que deveremos dar». É a afirmação de Muriel Fleury, diretora da revista francesa dos Focolares, Nouvelle Cité. À pergunta de Rádio inBlu sobre porque precisamente na França, onde itinerários de integração são mais antigos em relação a outros países europeus, acontecem episódios deste gênero, responde: «Se por um lado, na nossa história, conseguimos integrar outros povos, parece que, nos últimos anos, ficamos um pouco atrasados. Queremos o multiculturalismo, no sentido de acolher os outros, mas sem considerar profundamente a sua cultura, os seus valores, que são muito diferentes dos nossos. Por isso, todos os lugares onde podemos ter momentos de diálogo, de encontro, de verdadeiro intercâmbio cultural e também religioso, devem ser desenvolvidos. Porque, pelo fato de não nos termos encontrado, no verdadeiro sentido da palavra, hoje estamos numa situação trágica». A este propósito, Paul Wirth, membro dos Focolares comprometido no diálogo inter-religioso, declara: «Faço parte de um grupo de amizade islâmico-cristã (GAIC), que existe em toda a França. Todos os anos fazemos uma semana de encontros e a última tinha começado no dia 12 de novembro… Sentimos que é muito importante fazer com que tudo isso seja conhecido, para que as pessoas possam distinguir entre os verdadeiros muçulmanos e aqueles que se dizem muçulmanos, mas mostram o ódio». Sobre a reação dos amigos muçulmanos aos atentados da noite de sexta-feira, responde: «Existem muitas associações muçulmanas que escreveram comunicados denunciando estes atos como bárbaros e intoleráveis. Expressam a sua solidariedade a todas as vítimas e às suas famílias. Ainda hoje vi que muitas associações muçulmanas dizem que é um momento difícil, mas nós, cristãos, acreditamos que estes trágicos acontecimentos não mudam as relações de amor fraterno que temos estabelecido entre nós». Na sua análise, Muriel Fleury individualiza outras causas do desconforto: «Por motivos também econômicos parece que abandonamos bairros inteiros, onde agora nem mesmo a polícia arrisca-se a entrar. A renúncia a ocupar-se desta juventude estrangeira, a impossibilidade de dar-lhes uma ocupação sadia, o fato de não termos estado perto dela faz com que hoje alguns tenham-se aproximado de grupos pseudorreligiosos radicais, que envolveram muitos deles levando-os a um tipo de integrismo do qual hoje vemos os resultados». Por onde começar então para sanar um tecido tão complexo? «O problema – conclui Fleury – é que estamos na França onde infelizmente gerou-se um certo vazio espiritual. Esse laicismo “alla francesa” levou à negação da dimensão espiritual do homem. Hoje existe um novo caminho a ser seguido, precisamente para desenvolver a cultura do encontro, de uma vida partilhada, isto é, juntos, e por isso uma das estradas será o trabalho em comum entre as religiões, também com a República. Atualmente, já existem sinais que vão neste sentido, que procuram encontrar soluções que levem em consideração todas as vozes e as várias religiões».

Congo: um rap pela paz

Congo: um rap pela paz

«Imaginem duas mil crianças cantando, em ritmo de rap, “Paz! Paz”, e gritando juntas: “a guerra é a morte, a paz é amor!”. https://vimeo.com/148790847 E imaginem ainda que isso aconteça num país há anos afligido por conflitos armados, dos quais as maiores vítimas são justamente elas, as crianças. Agora não imaginem mais – conta Martine – porque tudo isso aconteceu realmente, no dia 7 de novembro passado, em Kinshasa, na R.D.C.». “A arte de amar pela paz” foi o título da jornada que as crianças do Movimento dos Focolares de Kinshasa, com as escolas do projeto social Petit Flamme, organizaram, para dizer a todos: “não à guerra e sim à paz e ao amor”, envolvendo nesta ação os seus amigos e outras vinte escolas da cidade. No sábado de manhã, sob um céu que ameaçava chuva e que depois abriu-se com um sol quente, uma multidão de crianças invadiu o grande jardim da escola principal do projeto Petit Flamme. Cantos, poesias e teatro para gritar ao mundo inteiro que “a paz é o amor, a guerra é a morte”. Envolvidos pelo entusiasmo deles, assistiam inclusive algumas autoridades civis, diplomáticas e eclesiásticas, como os representantes das embaixadas da Itália e Alemanha, o coordenador das escolas protestantes de Kinshasa, com cerca 300 crianças, e ainda o coordenador das escolas católicas. 12 giornata PF«Explicando e jogando o Dado do Amor – continua Martine – as crianças demonstraram que “a paz começa por nós”. Os muitos dados que coloriram o palco foram, em seguida, solenemente entregues a cada escola presente, sinal de um caminho e de um compromisso pela paz que já começaram juntos. Os 22 diretores das escolas protestantes, que foram envolvidos na iniciativa, declararam-se entusiasmados e exprimiram o desejo de continuar a trabalhar conosco nesse tipo de atividade. Desde a preparação as crianças foram as verdadeiras protagonistas com a capacidade que têm de envolver a todos, nos ensaios dos cantos e dos apresentadores, ou com a coragem de anunciar e apresentar a jornada em uma transmissão televisiva. Em tudo havia alegria, entusiasmo e empenho. E também a benção de Deus não faltou, com a sua Providência! Da nossa comunhão de bens aos presentes dos pais, das embaixadas, e até um banco patrocinou o evento providenciando o palco e o sistema de som. O evento foi transmitido pela rede nacional de TV, a mesma que havia lançado a iniciativa, alguns dias antes. E em nós, crianças dos 0 aos 99 anos, que vivemos esse maravilhoso dia pela paz, o que fica no fundo do nosso coração depois de ter visto a alegria nos olhos das crianças? A esperança. Uma esperança tenaz. Porque o futuro está em boas mãos».    

Paris: novas responsabilidades para os construtores de paz

Paris: novas responsabilidades para os construtores de paz

«Diante dos dramáticos acontecimentos em Paris, ontem à noite, que se somam a outros recentes em muitas outras áreas do mundo, estamos de luto, juntamente com todos que foram atingidos em seus afetos e com aqueles que acreditam que a unidade da família humana é possível. Com consternação e na firme condenação desse tipo de atos contra a vida humana, uma pergunta surge com força: demos todos os passos e fizemos todas as ações possíveis para construir as condições necessárias para favorecer mais igualdade, mais solidariedade, mais comunhão dos bens, pelas quais a violência e as ações terroristas perdem a possibilidade de atuação? Diante de um quadro perverso, é evidente que não há uma única resposta. Mas também é evidente que não é a reação incontrolada à violência que fará retroceder aqueles que querem aniquilar as forças vivas dos povos e a sua aspiração a uma convivência em paz. A convicção de que o mundo pode caminhar em direção à unidade e superar o conflitos e a violência das armas, continua viva na alma e na vida de todos aqueles tem no coração o amor por todo o homem e pelo futuro da família humana e desejam realizá-la através de ações políticas, dos instrumentos da economia, das regras do direito. Paris_02 O Movimento dos Focolares, enquanto chora com quem chora, continua a acreditar no caminho do diálogo, do acolhimento e do respeito pelo outro, independente de quem seja e da sua proveniência, crença religiosa e etnia. Por isso, junto com aqueles que, nas suas várias responsabilidades, trabalham mesmo com um risco pessoal pela paz, os Focolares renovam o próprio compromisso em intensificar e multiplicar ações e gestos de reconciliação, espaços de diálogo e de comunhão, ocasiões de encontro e de partilha em todos os níveis e em todas as latitudes, para recolher o grito da humanidade e transformá-lo em renovada esperança».

Igreja italiana: a coragem de ser humanos

Igreja italiana: a coragem de ser humanos

O V° Encontro eclesial nacional de Florença (9-13 de novembro). Foto: Cristian Gennari/Siciliani

O encontro de Florença concluiu-se. “Em Jesus Cristo o novo humanismo”: como ler o significado profundo deste evento para a Igreja italiana? «Pode-se fazer muitas leituras, porém penso que esse seja um momento decisivo e histórico para a Igreja italiana. Antes de tudo pela forte mensagem que o Papa Francisco transmitiu aos 2000 delegados, com a presença de toda a Conferência Episcopal. O evento aconteceu no coração do pontificado, num momento em que as reformas são urgentes e concretas. Tendo como espelho a reforma que o Papa Francisco deseja, a Igreja italiana é inevitavelmente impulsionada a reformar-se. O discurso do Papa é sobretudo um chamado à conversão, em todos os níveis: conversão das pessoas, das comunidades, das estruturas…». Quais foram palavras centrais do discurso do Papa? «A figura que o Papa apresentou foi o Ecce Homo: o Cristo que se faz pobre, que não confia na eficácia dos procedimentos nem na organização, que não pretende ocupar postos de poder, mas que assume os sofrimentos da humanidade. É Jesus na sua verdadeira essência, na sua missão como enviado do Pai para a salvação de todos os homens. Esta foi a primeira coisa. Depois, o Papa convidou a Igreja italiana a ser mais evangélica, mais como o Espírito quer que seja no hoje da história. Só uma Igreja, como o Papa disse, que consegue ser humilde, desinteressada, que se reflete nas bem-aventuranças, pode assemelhar-se a este Mestre, a este Ecce Homo. Pode apresentar-se como amor para a sociedade. Por outro lado, o Papa radicaliza o humanismo cristão com base na superação dos dois riscos indicados por ele. O risco do pelagianismo, isto é, a tentação de querer fazer tudo pelas próprias forças, de confiar apenas nas nossas capacidades, nos nossos instrumentos, no poder, e também na capacidade de programar. E o risco do gnosticismo, que quer dizer o risco da desencarnação, da “não-encarnação” precisamente. Isto é, apresentar um Jesus que não se toca com as mãos, que não se alcança. Atualização do humanismo cristão significa que esse deve partir de Jesus, deve centralizar-se nele, não nas nossas forças. Deve ser encarnado, não pode permanecer nos documentos, nas proclamações e nem nas obras de arte, mesmo as mais lindas, como as que são vistas aqui em Florenças. O humanismo cristão deve ser encarnado na vida da gente».
20151114-04

Foto: Ansa

Os 50% dos participantes, leigos, mostram uma força da Igreja que se deseja por em jogo. Que novidades surgiram dos trabalhos de grupo? «Uma das novidades de Florença foi a metodologia. Um dia e meio dedicado aos trabalhos de grupo possibilitou uma maior participação, onde cada um pode doar-se e doar as próprias ideias. Mas, se sobre 2000 participantes, a metade ainda é o clero, ainda não é suficiente. Porque a sociedade, a Igreja italiana não é assim. Existem mulheres, sim, mas são poucas ainda. Jovens, sim, mas poucos ainda. Esperemos ir em frente nesta linha, em direção a uma maior representatividade». Uma impressão imediata, depois de ter participado em todo o Encontro? «Uma atmosfera muito bonita, de abertura, cordialidade no sentido mais profundo, onde todos vivem misturados. Os bispos almoçam com todos: nos grupos são um a mais, o mesmo acontece com os sacerdotes. Isto por si só cria a atmosfera de família e portanto há entusiasmo, alegria, partilha, comunhão, um desejo profundo de escuta e isto dá muita esperança».

Imigração. Um sinal de Malta

Imigração. Um sinal de Malta

VallettaSummit

Cimeira de Valeta sobre migração

Nos dias 11 e 12 de novembro passado, Malta foi a sede do vértice internacional sobre a imigração, promovido pelo Conselho Europeu, no qual 28 países da União Européia reuniram-se com 35 países da África e os representantes da ONU. O objetivo, que se pode ler no site do Conselho, era o de “tratar as profundas causas da questão, esforçando-se para contribuir à criação da paz, da estabilidade e desenvolvimento econômico, da melhoria do trabalho de promoção e organização dos tramites de migração legal, reforçar a proteção dos imigrantes e daqueles que requerem asilo, em especial dos grupos vulneráveis, fazer oposição de modo mais eficaz à exploração, ao tráfico de imigrantes, e colaborar mais estreitamente para melhorar a cooperação no que diz respeito à repatriação e readmissão” Nesse ínterim, porém, foram os malteses que, posicionando-se frente à questão, começaram a trabalhar, agindo concretamente também no que diz respeito também à acolhida aos refugiados. Uma voluntária do Movimento dos Focolares, Anna Caruana Colombo, relatou à redação da revista New City que, junto a outras amigas, conseguiram envolver 30 pessoas em uma atividade na qual, inicialmente, foram informadas sobre as condições e necessidades dos imigrantes – graças à ação dos Jesuítas em favor dos refugiados – e, em um segundo momento, foram visitar os centros “abertos” de acolhida, nos quais encontram alojamento aqueles que já receberam o documento de “refugiado”. 20151113-03Em um desses centros ministraram cursos de inglês, aulas com informações práticas sobre a ilha de Malta e, também dedicaram o tempo livre para fazer companhia aos imigrantes. Em outro campo, onde estão também as famílias, elas se ocuparam das crianças e procuraram material de primeira necessidade para os mais pequeninos. Mais tarde, quando conseguimos obter a devida autorização os voluntários conseguiram entrar também nos centros “fechados”, nos conta Anna: “Os refugiados estavam em alguns quartos cheios de beliches, até mesmo 12 beliches em quartos que não comportavam esta quantidade de leitos. Nas primeiras vezes que fomos lá eles ficaram assustados, mas, depois, compreenderam que queríamos somente ser amigos deles e superaram a desconfiança. Assim, das aulas de inglês passamos também à partilha de momentos de alegria, com música e danças, a ponto que os guardas do campo admitiram que nunca os tinham visto tão felizes”. Também os jovens do Movimento dos Focolares tomaram iniciativas neste campo, convidando os imigrantes a participar das atividades para os adolescentes como, por exemplo, Run4Unity, durante a Mariápolis – um encontro de vários dias, promovido pelos Focolares – para os seus amigos e simpatizantes. “O nosso projeto está, aos poucos, adquirindo visibilidade – concluiu Anna – tanto que fomos convidados pela diocese a compartilhar a nossa experiência de vida com outros Movimentos eclesiais”.