Fev 7, 2020 | Sem categoria
Para milhares de pessoas a vida está lentamente voltando à normalidade depois da erupção do vulcão Taal, nas Filipinas, no dia 12 de janeiro de 2020, que causou graves danos às áreas adjacentes, ainda que a emergência não tenha acabado. Segundo o Instituto filipino de vulcanologia e sismologia (PHIVOLCS), o nível 4 de alarme foi abaixado para o nível 3, e a zona de perigo foi reduzida de 14 a 7 quilômetros de distância da cratera. A comunidade dos Focolares usa todos os meios para responder às necessidades dos desabrigados pelo desastre; foram mais de 300 mil as pessoas obrigadas a evacuar.
Purisa Plaras, focolarina e codiretora da Mariápolis Paz, a Mariápolis permanente dos Focolares, em Tagaytay, conta: “Alguns dias depois da erupção do vulcão Taal voltamos à Tagaytay para ver a situação da nossa comunidade e compartilhar tudo o que viviam as famílias que moram ao redor do nosso Centro, que está dentro da zona de perigo, no raio de 14 km do vulcão. Preocupados pelas suas necessidades básicas, distribuímos alimentos e água às famílias”. Uma das jovens dos Focolares nos disse: “Realmente não é fácil enfrentar essa situação. É doloroso demais e não pude não chorar. Não sei explicar como me sinto nesse momento, mas interiormente sei que Deus nos ama imensamente; abraçando juntos Jesus Crucificado e Abandonado nesta situação serei forte aqui, para servir Jesus nos outros”. Rendy Debarbo, o focolarino responsável pela área que circunda a Mariápolis Paz, conta: “No domingo, 12 de janeiro, quando voltava para casa depois de um encontro, senti no ar o cheiro ruim do enxofre. Começou a chover, mas havia algo estranho. A água da chuva estava manchando os nossos guarda-chuvas e as roupas. Depois nos demos conta que era cinza vulcânica que estava descendo misturada com a chuva, como uma lama! Quando acordamos, na manhã seguinte, não reconhecíamos mais o ambiente externo. Tudo estava cinzento como se fôssemos daltônicos. Vimos a devastação maciça provocada pelo vulcão Taal. A escola pública, próxima ao Centro dos Focolares, se tornou um refúgio provisório e de trânsito para cerca de 500 pessoas que chegavam dos povoados da margem do lago, ao lado do vulcão. Diante daquela destruição uma voz dentro de mim falava alto: “Eu tive fome e me deste de comer…”. E essa preocupação, por Jesus nos vizinhos que precisavam, o levou a ficar em Tagaytay, com outros focolarinos.
Randy continua: “Fomos de caminhão até cerca 20 km de Tagaytay para comprar água e distribuir a algumas famílias que ainda estavam lá. Foi forte ver as famílias momentaneamente aliviadas de suas preocupações, as crianças ficavam felizes só por receber um balde de água. Resolvemos ir visitar as famílias junto com um médico que está aqui, para tentar resolver suas questões de saúde. Num dos bairros encontramos as pessoas todas nas ruas, esperando e pedindo comida. Ao invés de visitar uma casa, pudemos oferecer um controle médico gratuito àqueles que esperavam pela comida. Juntamos o pouco dinheiro que tínhamos nos bolsos e compramos alguns remédios para quem precisava com mais urgência”. Além da ajuda generosa proveniente das famílias do Movimento nas Filipinas, no mundo inteiro o Movimento está dando seu apoio, com as orações e ajudas financeiras, à Mariápolis Paz, que está ao serviço de todo o trabalho dos Focolares na Ásia.
Jonas Lardizabal
Fev 5, 2020 | Sem categoria
Continua a colaboração de jovens artistas entre Montecatini (Florença) e Belém. Os próximos programas. Nos lugares feridos pelos conflitos, movidos na maioria por razões econômicas e militares, os povos em luta são, antes de tudo, vítimas de preconceitos recíprocos. Preconceitos que alimentam as hostilidades entre a população civil, mas que podem ser dissolvidos através do encontro em um “território neutro”, entendido tanto em sentido físico quanto cultural e social. Um território onde a alma se abre ao encontro autêntico para se libertar de ódios e medos e se dispor à reconciliação. É isto que move o projeto “Harmonia entre os povos” promovido pela Associação Cultural Dancelab harmonia (*), que escolheu a dança como lugar de encontro para a paz. Expressão social do Laboratório Acadêmico Dança, com sede em Montecatini Terme (FI), a associação foi fundada por Antonella Lombardo, responsável pela sua direção artística. Nós lhe perguntamos como nasce a ideia da Associação:
Após 20 anos de ensino da dança, percebi que os jovens se aproximavam desta disciplina só para obter um sucesso pessoal. Então, quis fazer com que eles experimentassem que a dança pode dar sentido à vida independentemente de ter sucesso, e que pode contribuir para melhorar a vida dos outros e para lançar sementes de paz. Assim nasceu a ideia dos campi internacionais, primeiro em Montecatini, depois na Terra Santa, em Belém. Fale-nos deste percurso? Começamos convidando, na Itália, adolescentes provenientes de diversas partes do mundo que já estudavam dança, para propor a eles uma visão da arte que colhe a sua capacidade de unir pessoas de diferentes camadas sociais, políticas, étnicas e religiosas porque fala uma linguagem universal. Convidando adolescentes palestinos e israelenses estabelecemos contatos com a Custódia da Terra Santa e com a Fundação João Paulo II, que seis anos atrás nos convidaram para irmos a Belém e Jerusalém para dar vida a campi de arte para as crianças dos campos de refugiados dos territórios palestinos. Como se realiza o campus?
No campus os adolescentes farão um trabalho muito intenso: se começa às 9h00 e se prossegue até as 18h00 para experimentar vários estilos de dança. Existe a possibilidade de conviver juntos em uma casa e, portanto, de preparar o jantar juntos, estar juntos também com os adolescentes italianos e fazer momentos de festa. Trabalha-se numa coreografia intitulada Dançar a Paz que mostra como – por exemplo – adolescentes israelenses e palestinos, que no terreno vivem o conflito, conseguem criar aqui um clima de harmonia nos relacionamentos pessoais e no palco. E isto vale para os artistas de todos os países, que trazem ao campus a sua cultura artística e a sua sensibilidade”. Como foi a experiência com os jovens em Belém? “Quando chegamos, percebemos que não tinham nenhum conhecimento da arte, nunca tinham visto sequer os pincéis atômicos. Os quinze dias do campus que fazemos lá, representam para eles – prisioneiros a céu aberto – um espaço de liberdade, um modo para ultrapassar idealmente aquele terrível muro que os separa dos israelenses. Os professores são adolescentes palestinos e israelenses que frequentaram o campus na Itália. A experiência destes seis anos foi de tal modo frutuosa que a Custódia nos pediu para abrir uma escola permanente em Belém, que verá a luz no próximo ano”. Quando acontecerá o próximo campus italiano e como participar? Acontecerá em Montecatini, de 27 de agosto a 5 de setembro de 2020 e acolherá adolescentes de várias partes do mundo, entre as quais Jordânia, Egito, Palestina, Israel. É dirigido aos aspirantes a profissionais que compartilham a ideia de que a arte possa ser um instrumento universal de harmonia entre os povos, para que possam favorecer esta mudança de mentalidade lá onde irão agir, nos teatros, nas escolas, nos locais de arte. Podem entrar em contato conosco escrevendo para info@dancelab.it. Os campi fazem parte de um projeto mais amplo, como etapas do Festival da Harmonia entre os povos, promovido pela Associação… O Festival chegou este ano à 15ª edição, acontece na Toscana com o patrocínio de todos os municípios do Vale de Niévole e de cidades como Florença, Assis e Palermo, e se articula em uma série de encontros marcados. A inauguração será no dia 14 de março, em Florença, no Salão dos 500 do Palácio Vecchio, no aniversário da morte de Chiara Lubich, pela contribuição que a fundadora dos Focolares deu em levar a harmonia ao mundo, a 20 anos da outorga da cidadania honorária de Florença, e no decorrer das celebrações pelo centenário do seu nascimento. Quais são os outros encontros marcados? Durante o ano haverá eventos nas escolas para desenvolver um trabalho sobre o tema do desarmamento. Os nossos votos são de que a voz dos jovens possa chegar até os chefes de Estado dos países envolvidos na fabricação e no comércio das armas, para poder arranhar estas realidades. Uma iniciativa apreciada pelos adolescentes vê protagonista a música como momento de reflexão sobre o tema do encontro. Estão em programa eventos culturais e jantares interculturais em Montecatini e em Palermo. O Festival, como os campi, são oferecidos com participação gratuita. Uma escolha desafiadora… Desde o início, eu quis distinguir esta experiência dos comuns estágios de dança que as escolas fazem e são fonte de lucro, para que os adolescentes venham não só para estudar dança, mas porque escolheram viver a paz e ser construtores de pontes de paz.
Claudia Di Lorenzi
(*)https://www.festivalarmonia.org/
Fev 3, 2020 | Sem categoria
Grande parte da cultura em que estamos inseridos exalta a agressividade em todas as suas formas como uma arma eficiente para chegar ao sucesso. Já o Evangelho nos apresenta um paradoxo: reconhecer nossa fraqueza, limites, fragilidades como ponto de partida para ter um relacionamento com Deus e participar com Ele da maior das conquistas: a fraternidade universal. Recessão Devido à crise do nosso país, o número de trabalho estava diminuindo e as entradas estavam ficando escassas. Não recebíamos mais pedidos dos nossos clientes. Em casa, reduzimos as despesas, procurando viver com menos. Aprendi a conseguir dormir apesar das dívidas, a ficar mais com as crianças para que não sentissem o peso da situação. Reaprendi a orar, a crer fortemente no Evangelho que diz: “Dai e vos será dado”. E sentimos isso na pele a cada dia. Enquanto isso, fazíamos tudo o que era possível: recolher jornais, papeis, latas e garrafas de vidro para vender. As crianças iam vender saquinhos de doce… Muitas pessoas vinham pedir comida e dávamos a única coisa que tinha restado. Um dia, minha esposa deu de presente um quilo de arroz e, na mesma noite, ganhamos dois quilos de lentilha. Uma vizinha nossa deixou um carro na nossa porta: “Podem usar e nos pagar quando puderem”. Assim, podemos levar nossa terceira filha, que tem síndrome de down, para fazer o tratamento necessário. (M.T. – Chile) Crescer como pais Tínhamos notado mudanças no comportamento do nosso filho. Um dia, com muita delicadeza, perguntei se havia algum problema. Ele me confidenciou que tinha entrado no mundo das drogas. Falei com o meu marido e naquela noite não pregamos os olhos. Nós nos sentimos impotentes e também que tínhamos falhado como pais. João também levava alguns amigos para casa. Sofríamos com o modo que se comportava. Eu e meu marido nos encontramos diante de uma escolha: decidimos amar e servir aqueles jovens. Por amor ao nosso filho, não tiramos mais férias para não deixá-lo sozinho. Enquanto isso, crescia a nossa certeza de que o amor venceria tudo. Um dia, João nos disse que não queria se distanciar de casa e nos pediu que ajudássemos também seus amigos. Começamos uma vida nova. Com essa experiência, mesmo não tendo outra formação a não ser a vida do Evangelho vivido, fundamos na nossa cidade o grupo de Famílias Anônimas com o objetivo de ajudar as famílias dos dependentes químicos. Muitos jovens já se recuperaram. (O.P. – Portugal) Refugiados Ficamos sabendo que um jovem albanês estava procurando abrigo e o decidimos ajuda-lo a encontrar. Enquanto não achávamos, o hospedamos na nossa casa. Nossos parentes não gostaram da ideia, colocavam muitos problemas e nos diziam que somos irresponsáveis, mas talvez justamente por essa ruptura momentânea, encontramos na unidade entre nós dois a força para ir para frente. Depois de alguns dias, achamos um abrigo. Com B., um artesão que havia decidido cuidar de um albanês, fomos ao alojamento para acertar tudo. O impacto daquele lugar, onde centenas de pessoas esperavam por uma acomodação, é duro. Sentimo-nos impotentes, mas no fim, B. decidiu cuidar não de um, mas de três albaneses, entre os quais um menor de idade por quem se responsabilizaria pessoalmente. Foram necessários poucos meses para que os três jovens se inserissem no trabalho e se integrassem também na vida do país, e procuramos envolver o maior número de pessoas possível para fazer com que se sintam parte de uma grande família. (S.E. – Itália) A crisma Minha noiva, Giorgia, quer se casar na igreja. Para isso, é preciso o certificado da crisma, o qual não tenho, e para obter é necessária uma preparação. No começo, tudo parecia simples, mas quando me encontrava com os garotos muito mais novos que eu para as aulas de catecismo, era muito para mim. Queria mandar tudo pelos ares. Giorgia não mudou de ideia, estava convencida de que queria o sacramento do matrimônio. Nosso relacionamento entrou em uma crise. Praticamente adiamos a data do casamento. Foram meses de angústia e questionamento. Fui formado para ver a Igreja como uma instituição retrógrada e agora estava ali, implorando por um certificado. O que me deixava com raiva é que para Giorgia não se tratava de uma formalidade, mas de um modo de se preparar para ter uma família. Nosso relacionamento ia mal. Naqueles dias, em um acidente, minha mãe ficou paralisada. Giorgia ia encontra-la todos os dias e minha mãe encontrava nela não só amizade, mas um tipo de presença que a ajudava a acolher seu estado com serenidade. Entendi que Giorgia tinha motivos profundos para agir assim. Todas as minhas dúvidas desapareceram: custe o que custar, ela é a mulher da minha vida. (M.A. – Itália)
por Stefania Tanesini (trecho de Il Vangelo del Giorno (O Evangelho do Dia), Città Nuova, ano VI, n.1, janeiro-fevereiro 2020)
Jan 29, 2020 | Sem categoria
Desde 2014 no “Morro da Cruz” vive uma comunidade de focolarinos que partilha a vida dessa populosa favela de Florianópolis. Uma expressão – segundo Pe. Vilson Groh, que vive ali há mais de 30 anos – do desejo de Chiara de ter focolarinos também nas periferias do mundo. https://vimeo.com/378589518
Jan 27, 2020 | Sem categoria
“Nunca damos tanta glória a Deus como quando nos esforçamos em aceitar o nosso próximo, porque é então que lançamos as bases da comunhão fraterna; e nada dá tanta alegria a Deus como a verdadeira unidade entre os homens. A unidade atrai a presença de Jesus entre nós e a sua presença transforma todas as coisas.”(Chiara Lubich) O internato No internato onde eu morava, em Praga, encontrava muitas vezes a moça que cuidava da faxina. Como tinha sido gentil com ela, percebi que limpava mais frequentemente o quarto que eu dividia com um búlgaro e muitas vezes passava cera no chão. Eu não sabia como agradecê-la e, como tinha uma máquina de café espresso, pensei em agradecer oferecendo uma xícara de café. Ela não disse nada, mas depois me confessou que estava acostumada com o café turco e o outro era muito forte. Assim, começamos a conversar sobre hábitos de diversas culturas e chegamos a falar também sobre fé. Ela me disse que quando era criança frequentava a paróquia, mas depois, durante o comunismo, tinha se afastado. Nos dias seguintes, quando terminava de limpar, se eu estivesse no internato, ela passava no meu quarto, sempre com muitas perguntas sobre a vida cristã. Um dia me confidenciou: “Este trabalho sempre foi muito humilhante para mim, mas quando conheci essa outra visão, parece que reencontrei minha infância, que compreendi o sentido da vida. (T.M. – Eslováquia) Com olhos novos Minha esposa e eu tínhamos chegado a um dilema: eu só via os seus defeitos e ela só via os meus. As brigas tinham se intensificado e parecia que cada assunto, inclusive os relacionados aos filhos, alimentava essa guerra. Um dia, enquanto eu levava a mais nova à escola, a ouvi dizer: “Sabe, pai, o professor de religião nos explicou que o perdão é como um par de óculos que faz ver com olhos novos”. Essa frase dita por uma criança não me deixou em paz. Pensei nela o dia todo. À noite, voltando para casa, me veio uma ideia: ir à floricultura e comprar o mesmo número de rosas representando o número de anos do nosso casamento. Minha esposa reagiu mal no começo (a enésima gafe?), depois, vendo a alegria dos nossos filhos, principalmente da mais nova, mudou o seu comportamento. Naquela noite, depois de um longo silêncio, algo a comoveu. Foi o início de um novo caminho. Realmente me pareceu ter olhos novos e ver minha esposa e nossos filhos como nunca os havia visto. (J.B. – Espanha) Tentação Estávamos precisando de uma grande quantia de dinheiro para pagar uma certa dívida. Naquela manhã, um cliente nos visitou, entrando com a intenção de comprar seis carros. Depois de ter fechado o negócio, ele nos propôs que colássemos um adesivo com o nome de uma marca famosa. Fiquei surpresa, mesmo sabendo que isso é uma prática comum no nosso mercado, vivi um momento de tensão: arriscaríamos perder aquele grande negócio, mas não me sentia à vontade em aceitar a oferta. Depois de conversar com meu marido, entendemos claramente que não podíamos ceder e trair nossa consciência de cristãos. O cliente nos olhou surpreso. Perguntou-nos se éramos católicos e respondemos que sim. Seu rosto se iluminou: “Hoje constatei o que significa ser fiel à própria fé. Não se preocupem, vou comprar de vocês. Ensinaram-me algo muito importante. Eu também era cristão, mas vendo como todos fazem no comércio, me deixei levar pela tentação. De hoje em diante, não farei mais isso”. (G.A. – Nigéria) Um trabalho para dois Durante um curso para vendedores de bebidas e lanches nos trens, eu tinha perguntado se poderia distribuir os lanches que sobraram aos sem-teto. Isso não fazia parte da imagem da empresa, por isso não tinha sido contratado. Desapontado, mas com a certeza de que Deus viria ao meu encontro, encontrei um emprego na cozinha de um restaurante. Lá, de acordo com os colegas, eu poderia distribuir comida à noite a quem precisasse. Assim, conheci situações dramáticas de fome, miséria, solidão. Um dia, o chefe tinha anunciado que a cozinha precisava só de um profissional. Éramos eu e um muçulmano que tinha se tornado um amigo. Quando respondi que preferia que ele ficasse, porque tinha uma família, o chefe respondeu que eu havia sido o escolhido. Mesmo me sentindo grato, disse o que achava. E ele: “pela primeira vez me sinto impulsionado por um garoto como você a rever minha decisão”. No dia seguinte, reexaminando a situação econômica da empresa, havia decidido que nós dois poderíamos continuar trabalhando! (D. – Inglaterra) Não só uma hóspede Tínhamos recebido em nossa casa por um ano uma garota brasileira que tinha vindo à Itália para um programa de intercâmbio cultural. Mas Julia não conseguia se inserir na nossa família e nós, considerando-a só uma hóspede, não estávamos contribuindo com o objetivo. Quando percebemos e começamos a tratá-la como nossas duas filhas, as coisas mudaram: ela se sentiu amada e, pouco a pouco, criou uma ligação conosco como uma filha ao lado das outras irmãs. Julia se tornou uma de nós a ponto de, sentindo a necessidade de aprofundar a beleza da família cristã, nos pediu para se preparar aos sacramentos do batismo, crisma e comunhão, que não tinha recebido em seu país, mesmo tendo 17 anos. Para a ocasião, seus pais vieram do Brasil e fizemos uma grande festa que envolveu a comunidade inteira. Hoje, a ligação com Julia continua. Nós seguimos sendo para ela “mãe e pai” todas as vezes que nos falamos ou escrevemos. (A. – Itália)
por Stefania Tanesini (trecho de Il Vangelo del Giorno (O Evangelho do Dia), Città Nuova, ano VI, n.1, janeiro-fevereiro 2020)
Jan 25, 2020 | Sem categoria
“Pode-se ser muito fortes mesmo sendo mansos e abertos às boas razões dos outros”, aliás, “só assim é que somos verdadeiramente fortes”: foi este o ensinamento de Chiara Lubich nas palavras de Mattarella, que acolhe o convite de Maria Voce ao “extremismo do diálogo”

© Domenico Salmaso – CSC Audiovisivi
O presidente da República italiana Sergio Mattarella participou com um pronunciamento entusiasta à cerimônia que relembrou a fundadora Movimento dos Focolares no centenário do seu nascimento. O eventou realizou-se no último sabado, 25 de janeiro, no Centro Mariápolis “Chiara Lubich” de Cadine (Trento, Itália). O chefe de Estado foi recebido por Maria Voce, presidente do Movimento, e pelas autoridades locais, juntamente com os cidadãos: presentes na sala mais de 400 pessoas e 500 nas salas interligadas, em Cadine e em Trento; mais de 20 mil as visualizações do streaming. A dimensão artística, com a direção de Fernando Muraca, foi o pano de fundo da narração, traçando as passagens mais significativas da vida de Chiara como mulher em relação. Entre músicas e imagens, intercalaram-se as vozes das autoridades civis e eclesiais. O presidente da Província Autônoma de Trento, Maurizio Fugatti, sublinhou que Chiara representa, junto com figuras como De Gasperi, “a excelência desta terra”. Um território, o Trentino, do qual colocou em relevo três caracteristicas: a força de vontade, o Movimento cooperativista, o ser terra de fronteira. “Chiara soube interpretar esta origem – afirmou – que também é um traço distintivo da nossa autonomia, da nossa especificidade”. 
© Domenico Salmaso – CSC Audiovisivi
O arcebispo de Trento, D. Lauro Tisi, agradecendo o seu predecessor Carlo De Ferrari que na época captou “o dedo de Deus” na espiritualidade de Chiara Lubich, recordou que “se hoje o carisma abraça toda a humanidade devemos a este Bispo, que o protegeu”; e indicou na provocação de “Cristo abandonado” a sua grande atualidade. Alessandro Andreatta, prefeito de Trento, expressou a sua alegria relembrando “a jovem que há quase oitenta anos atrás colocou-se ao serviço dos pobres” e que “continua ainda hoje a convidar-nos à abertura, ao acolhimento, ao compromisso pelos outros e com os outros. Porque desde o início a experiência de Chiara não foi pessoal, isolada, solitária, mas um empenho que se compreende apenas se visto segundo o paradigma da relação”. Também foram apresentados vários testemunhos, que exprimiram a tenácia no quotidiano de pessoas que foram e são inspiradas por Chiara e pelo seu carisma na própria atividade. Amy Uelman, docente de Ética e Direito na Georgetown University de Washington, forma os seus estudantes a enfrentar argumentos divisórios evitando conflitos; os empresários Lawrence Chong e Stanislaw Lencz, com as suas empresas comtribuem a uma economia solidária e sustentável; Arthur Ngoy e Florance Mwanabute, médicos congoleses dedicam-se aos cuidados dos mais fracos e à formação sanitária. E ainda a história de Yacine, imigrante argelino, acolhido como um irmão por alguns jovens italianos depois da difícil viagem através dos Montes Balcãs. Também ouviu-se o testemunho do ex-prefeito de Trento, Alberto Pacher, que junto com professores e alunos acolheu o convite – através do telefonema de uma criança – do qual nasceram os projetos Tutto pace (Tudo paz) e Trento, una città per educare (Trento, uma cidade para educar). 
© Domenico Salmaso – CSC Audiovisivi
“A luz transmitida por Chiara supera os confins do Movimento dos Focolares e encoraja e inspira muitos homens e mulheres de boa vontade em todas as partes do mundo, como este aniversário manifesta”, afirmou a presidente dos Focolares Maria Voce. “Assim como todos vocês, sinto a presença de Chiara viva, ativa, perto de mim todos os dias. Ela nos impulsiona a ir em frente com coragem”. Disse palavras de incentivo a todos: “A esta sociedade que parece não ter raízes nem objetivos, é preciso responder com radicalidade, com o «extremismo do diálogo», alimentado pela cultura da confiança”. A tarde concluiu-se com o longo e entusiasta discurso do Presidente da República que indentificou, em particular na fraternidade, aplicada no agir civil e político, a cifra distintiva da espiritualidade de Chiara Lubich – reservando uma recordação calorosa também a Igino Giordani, que Mattarella conheceu, e que foi um intérprete de primeira ordem desta espiritualidade. Uma fraternidade que é “fundamento de civilidade e motor de bem-estar”, quando sem ela “corremos o risco de não ter a força para superar as desigualdades e para sanar as fraturas sociais”. Chiara Lubich, propondo com vigor a cultura do dom e do diálogo, em particular o inter-religioso que “nesta estação histórica é decisivo pela paz”, intuiu “com espírito de profecia” qual era a estrada a ser seguida. Um ensinamento que prova como “se pode ser muito fortes mesmo sendo mansos e abertos às boas razões dos outros. Aliás, para dizer tudo com sinceridade, como demonstra a vida de Chiara Lubich, somente deste modo é que somos verdadeiramente fortes”.
Stefania Tanesini