Out 8, 2021 | Sem categoria
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) está sendo preparada. Promovida pela Igreja Católica será realizada este ano em nível diocesano. Será uma etapa do caminho de preparação para 2023, quando os jovens irão se reunir, para um evento internacional, com o Papa em Lisboa (Portugal).
É verdade. Entre aqueles que mais sofreram neste período de emergência sanitária estão os jovens. De repente, eles viram o seu desejo de relação com os outros ser cortado. Eles não puderam mais frequentar a escola, a universidade e ir ao trabalho. Eles foram cortados da vida social e do relacionamento com os amigos. Mas também é verdade que os jovens foram os primeiros a pôr em marcha a solidariedade, a lutar pela vida, a incutir esperança, a ser construtores de paz, a cuidar do meio ambiente. O Papa Francisco os ouviu, ouviu deles o que eles viveram e estão vivendo neste tempo e há alguns dias tornou pública sua mensagem para a JMJ 2021 com um slogan que é um convite à ação: “Levanta-te! Eu faço de ti uma testemunha do que viste”. “Quando um jovem cai, de certa forma, a humanidade cai”. Mas também é verdade que quando um jovem se levanta, é como se o mundo inteiro se levantasse”, diz o Papa, colocando diante deles a história do jovem São Paulo que, a caminho de Damasco para prender alguns cristãos, encontra Jesus, no meio de uma luz “mais brilhante que o sol”, que o chama pelo nome: “Saulo! Quase como se o Papa Francisco hoje quisesse chamar cada jovem pelo seu nome. E retoma com eles o caminho de testemunha de Cristo que Paulo fez. Então, ele diz a cada um: “Levanta-te” e testemunha a tua experiência, o amor e o respeito que é possível nas relações humanas. Levanta-te e defende a justiça social, a verdade, os direitos humanos. Testemunha o novo olhar que te faz ver a criação com olhos cheios de maravilha, te faz reconhecer a Terra como nossa casa comum e te dá a coragem de defender a ecologia integral. Ele testemunha que podemos sempre recomeçar e que Cristo vive. “Vejo esta mensagem como um grande desafio para nós, jovens”, confessa Klara Maria Piedade, 27 anos, uma jovem do Brasil. “Acho que é uma resposta e uma confirmação de que realmente devemos ser responsáveis por nos tornarmos protagonistas de um mundo unido, de um mundo mais fraterno”. Klara faz parte do grupo de jovens que, por um período, trabalham no Centro Internacional dos Jovens por um Mundo Unido dos Focolares. Junto com todos os jovens e adolescentes dos Focolares do mundo inteiro, eles têm trabalhado em várias frentes para o cuidado da casa comum, como resposta à Laudato Si’. Dare toc are – Ousar cuidar – é o nome do programa deles, do qual são os principais promotores. “Temos que ser protagonistas”, afirma Klara, “não apenas com palavras, mas com nossas ações”. “Mudaremos o mundo se dermos este primeiro passo. É muito importante trabalhar em rede com quem já está fazendo alguma coisa.” A data da próxima Jornada Mundial da Juventude foi marcada para agosto de 2023. O evento internacional será em Lisboa, Portugal. Enquanto isso, este ano, em novembro, por ocasião da festa de Cristo Rei, a JMJ será celebrada em todas as dioceses do mundo. Será uma etapa rumo a 2023, aperta às surpresas de Deus, “que quer fazer brilhar sua luz em nosso caminho”.
Carlos Mana
Out 6, 2021 | Sem categoria
Uma Conferência na Faculdade de Teologia de Innsbruck (Áustria) ao término de uma trajetória de vários anos de atividade intelectual e exercício existencial.
“Olhar para todas as flores” é um título incomum para uma conferência teológica e, além disso, em um cenário tão prestigioso como o da Faculdade Teológica de Innsbruck, que seus membros identificam com o nome de Karl Rahner, sepultado na grande igreja jesuíta que divide as duas asas do Ateneu. Foi significativo que esta conferência tenha sido realizada justamente no prestigioso Leopold Saal, caracterizado por uma boa participação (cerca de cem pessoas) com 150 locais de audiência em outros continentes. Este não foi um evento isolado, senão a conclusão de uma trajetória que começou há quase uma década por ocasião de uma conferência islâmica-cristã organizada pelo Movimento dos Focolares e baseada em um intercambio de experiências do diálogo da vida. Dois professores da faculdade teológica austríaca – Roman Siebenrock e Wolfgang Palaver – presentes naquela ocasião demonstraram grande interesse por esta experiência de diálogo. Nos meses seguintes, em contato com a espiritualidade dos Focolares, eles visitaram também o recém-criado Instituto Universitário Sophia e o Centro Internacional para o Diálogo Inter-religioso do Movimento. Surgiu assim a ideia de formar um grupo de pesquisa com acadêmicos das duas religiões para explorar aspectos da espiritualidade a partir de ambas as perspectivas. Desde então, todos os anos, no final de agosto, este grupo – chamado cluster – composto por cerca de vinte pessoas de diferentes origens tem se reunido regularmente por alguns dias. Desde o início, não foi apenas uma atividade intelectual e acadêmica, mas também um exercício existencial que gradualmente construiu relações profundas na esfera pessoal, cultural, religiosa e intelectual. Nos últimos anos, o interesse do grupo tem se concentrado em algumas das páginas místicas de Chiara Lubich. Os trechos, incluindo a que deu o título à conferência, foram analisados em profundidade tanto na sensibilidade cristã (católica e reformada) quanto na muçulmana (sunita e xiita). No final desta trajetória, foi decidido organizar uma conferência acadêmica para compartilhar a riqueza destas reflexões.
A conferência realizada recentemente abriu esta experiência para um público acadêmico, e não apenas de origem alemã (austríacos, suíços e alemães foram de fato a grande maioria dos participantes), expressando no estilo, linguagem e categorias de pensamento desta parte da Europa uma herança espiritual recente (a de Lubich) capaz, no entanto, de reunir teóricos de diferentes proveniências, tanto étnicas quanto culturais e sobretudo, religiosas ou não: católicos, reformados, muçulmanos e marxistas. A reflexão teológica sobre o trecho que deu o título ao evento – palestra do teólogo reformado Stefan Tobler – foi seguida por outras reflexões e mesas redondas das quais surgiram as experiências de comunhão intelectual e espiritual que esses acadêmicos – cristãos e muçulmanos – têm vivido há anos. Como intuiu uma artista de Genebra que participou dos trabalhos, verificou-se um testemunho claro quando um grupo subiu ao palco para oferecer uma contribuição que envolveu várias vozes. Este é um aspecto raramente encontrado no meio acadêmico e que nestes dias caracterizou a conferência por uma dimensão importante: a comunhão de pensamento e espírito. Além disso, a presença de católicos, reformados, marxistas e muçulmanos ofereceu um notável corte transversal de escolas de pensamento, de sensibilidades acadêmicas, mas também culturais e religiosas, que não é fácil de encontrar no mundo atual de fortes polarizações quotidianas, mesmo nas esferas acadêmica e cultural.
Roberto Catalano
Out 5, 2021 | Sem categoria
Lucia Abignente, uma focolarina italiana, recorda Anna Fratta (Doni) com quem compartilhou parte de seus anos na Polônia. Uma vida toda “Doada”, assim como o significado do nome dado a ela por Chiara Lubich. Um “abismo de humanidade”, “uma mestra de vida”, “uma pequena grande mulher”. Estes são três fragmentos dos muitos ecos que foram suscitados, em 24 de setembro de 2021, pela notícia do retorno à casa do Pai de Anna Fratta, conhecida no Movimento dos Focolares como Doni. Talvez, ao ouvi-los, ela se sentisse quase desconfortável, tímida como era diante de elogios e comedida em suas palavras, que, essenciais, eram uma destilação de sabedoria. Seu caráter, fortalecido pelas experiências de vida, a fez assim. A mais nova de seis filhos, Doni viveu uma infância que não era de modo algum desconhecida da dimensão da dor, que se manifestou de maneira particularmente aguda com a morte de uma irmã. Profundas perguntas existenciais sobre o sentido da vida a questionavam mesmo quando criança, levando-a gradualmente a se distanciar de Deus e buscar respostas em outro lugar. Mais tarde, o estudo da Medicina, escolhido por causa desta rebelião, provou ser providencial. A Biologia a fascinou e influenciou sua jornada interior. Descobriu na natureza uma relação de reciprocidade e serviço que não conseguia explicar: uma lei de amor na raiz da qual – como ela entendeu uma noite “após uma luta interior dolorosa e dramática” – existe “um Ser que tem amor em si mesmo”. Foi um momento decisivo seguido por um encontro com Deus no carisma de Chiara Lubich. Imediatamente, Doni sentiu que Deus a estava chamando para segui-lo no caminho do focolare. Doni fez parte do grupo de médicos focolarinos que, aceitando o pedido da Igreja, foram viver por trinta anos (1962-1992), primeiro na República Democrática Alemã e depois na Polônia, trabalhando silenciosa e efetivamente para dar vida à comunidade dos Focolares, cujo caminho e crescimento ela seguiu com admiração e gratidão a Deus. Destas terras, marcadas pelo sofrimento da falta de liberdade e muitas vezes pela impossibilidade de contato com o Centro dos Focolares em Roma, ela encontrou-se mais tarde bem no centro, vivendo em Rocca di Papa (Roma-Itália), no focolare de Chiara Lubich. Compartilhou com ela anos intensos e luminosos, cheios de eventos e compromissos em nível mundial, acompanhando-a com dedicação e grande amor até ao último trecho de sua estada na Terra. O plano de Deus para ela completou-se com sua sábia contribuição como Conselheira-Geral do Movimento para o aspecto da “espiritualidade e vida de oração” que, juntamente com sua doação em acolher muitos – com Gis Calliari, Eli Folonari e outras das primeiras focolarinas – transmitiu a luz da vida cotidiana vivida com Chiara Lubich. E depois na pequena cidade de Loppiano (Itália), para onde mudou-se por causa da doença incapacitante que lentamente reduziu suas capacidades físicas. Uma profunda coerência interior vinculou suas ações: “O amor, você sabe, desarma; nosso discurso foi tal que todos puderam ouvi-lo, amigos e inimigos”, ela lembrava, consciente do cuidado particular com que, além do Muro, a Polícia Secreta os seguiu. “Amor, amor, só amor e encher as malas com este amor, esta é a única coisa que levarei comigo”, escreveu nos seus últimos anos, enquanto se preparava para a “viagem decisiva”. Não é de se admirar, então, que sua atividade profissional tenha merecido a estima das autoridades que, na República Democrática Alemã, concederam-lhe três medalhas por seu trabalho e pelo “coletivo” construído. E é ainda mais lógico que sua vida tenha transmitido claramente o amor de Deus a muitas pessoas. Talvez o segredo esteja em sua relação íntima e constante com Nossa Senhora, especialmente com ela que, desolada, abriu seu coração e seus braços à humanidade no sim do Gólgota. Dori procurou seguir o seu exemplo. Em 15 de setembro de 1962, pouco depois de atravessar o Muro de Berlim, escreveu: “Aqui você não tem nada em que se apoiar, e se você não olha sempre para Maria aos pés da Cruz, você desmorona. Há momentos em que você se sente como se estivesse sufocando, e tudo o que você pode fazer é rezar a Maria. É somente desta forma que pouco a pouco o vazio se torna plenitude e o sofrimento se transforma em paz. Estes são os momentos mais bonitos do dia, os mais preciosos, porque no sofrimento eu encontro uma relação cada vez mais profunda e íntima com Nossa Senhora, e através dela com todos os seus filhos”. Foi este o segredo da fecundidade de sua vida, toda “Doada”, expressa no nome que lhe foi dado por Chiara Lubich.
Lucia Abignente
Out 4, 2021 | Sem categoria
Hoje, 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia, termina o “Tempo da Criação”, celebração anual de oração e ação pela nossa casa comum. As diversas Igrejas e comunidades eclesiais do mundo se unem para proteger e defender a criação. Nesta mensagem, Chiara Lubich nos convida a ter, pessoalmente, uma relação harmoniosa com o meio ambiente. […] Muitos lançam propostas para curar o nosso mundo doente. […] Os jovens são muito sensíveis ao assunto e sentem a necessidade de mudanças radicais na interação com o ambiente, na relação entre indivíduos e Países, na utilização das descobertas científicas. Sentem também que a proteção do ambiente e a edificação da paz só terão sucesso se praticadas em escala planetária. Eles estão convencidos de que, para realizar o Ideal de um mundo unido, é preciso afirmar o primado do homem em relação à ciência e à tecnologia. […] Pois bem, trata-se de dar a nossa contribuição concreta, embora pequena, para a solução dos grandes problemas. Os nossos jovens compreenderam isso e já começaram várias iniciativas que exprimem uma consciência ecológica pessoal e coletiva, sob muitos aspectos, isto é, na compra de produtos que não têm um impacto negativo no ambiente, na coleta do lixo que polui o ambiente e em todas as escolhas que nascem de um profundo respeito pela natureza. É começando pelos pequenos problemas locais que se forma uma consciência moral capaz de enfrentar os problemas em escala mundial. A ecologia, no fundo, representa um desafio que se pode vencer somente mudando a mentalidade e formando as consciências. Muitos estudos científicos sérios demonstram que não faltam recursos técnicos nem econômicos para melhorar o ambiente. O que falta é aquele suplemento espiritual, aquele novo amor pelo homem, que nos faz sentir responsáveis uns pelos outros, no esforço comum de administrar os recursos da Terra num modo inteligente, justo, moderado. Não nos esqueçamos de que Deus criador confiou a Terra a todos os homens e não a um só povo ou a um só grupo de pessoas. A distribuição dos bens no mundo, a ajuda às populações mais pobres, a solidariedade do Norte para com o Sul, dos ricos em relação aos pobres é a outra face do problema ecológico. […] A Bíblia, com a narração da criação, nos ensina que só em harmonia com o plano de Deus é que a natureza e o homem encontram a ordem e a paz. Se o homem não está em paz com Deus nem sequer a Terra estará em paz. […] Se descobrirmos que toda a criação é um dom de um Padre que nos ama, será muito mais fácil encontrar uma relação harmoniosa com a natureza. E se descobrirmos também que este dom é para todos os membros da família humana, e não só para alguns, estaremos mais atentos e respeitaremos melhor algo que pertence à humanidade inteira, presente e futura.
Chiara Lubich
(Carta de Chiara Lubich a Nikkyo Niwano – 1990, in POLI, R. e CONTE, A., Vita, salute, ambiente tra speranza e responsabilità, Cittá Nuova, Roma, 2021, pp. 32-34) Boas práticas e atividades: http://www.unitedworldproject.org/daretocare2021/
Out 3, 2021 | Sem categoria
O Movimento dos Focolares firmou uma parceria com o Movimento Laudato Si’ pelo cuidado com a Criação. É uma sinergia muito forte para melhorar a nossa casa comum, como conta o diretor executivo Tomas Insua No dia 4 de outubro se conclui o “Tempo da Criação”, iniciativa de oração e ações concretas para salvaguardar e proteger a nossa casa comum, que ocorre todos os anos de 1º de setembro a 4 de outubro. Também haverá o apelo de 46 líderes religiosos de todo o mundo – entre eles, o papa Francisco – para uma ação concreta com relação às mudanças climáticas por meio do lançamento da iniciativa mundial “Faith Plans for People and Planet”, do qual o Movimento dos Focolares participa.
Falamos com Tomas Insua, diretor executivo do Movimento Laudato Si’, uma rede mundial de associações e movimentos que trabalham juntos pela ecologia e o meio ambiente. Qual é o percurso sinodal que o Movimento Laudato Si’ pretende conduzir em direção à mudança ecológica? Antes vocês se chamavam “Movimento católico global pelo clima”, por que mudaram de nome? O Movimento Laudato Si’ é uma realidade nova na vida da Igreja. Foi fundado há apenas seis anos, em 2015, um pouco antes do lançamento da encíclica Laudato Si’ do papa Francisco. O nome “Movimento católico mundial pelo clima” era muito longo, e nem todas as pessoas se lembravam dele. Além disso, a crise climática, que continuará sendo a prioridade para o Movimento, não é nosso único caminho. Nos últimos anos, por exemplo, começamos a trabalhar também na crise da biodiversidade e em outras coisas. Então, começou um percurso sinodal, de discernimento e diálogo entre as diversas realidades que compõem o Movimento – entre as quais o Movimento dos Focolares – e, depois de dois anos de trabalho, veio a ideia do nome novo, Movimento Laudato Si’, porque a Encíclica do papa Francisco e seu conteúdo estão no cerne de tudo o que fazemos. Quais são os planos de vocês para o futuro? Entre os vários projetos, o mais a curto prazo é a petição “Planeta saudável, pessoas saudáveis”. É importante assiná-la, porque de 1º a 12 de novembro de 2021 haverá o grande encontro sobre o clima da ONU (COP26) que acontecerá em Glasgow (Reino Unido). Os líderes mundiais podem fixar objetivos significativos para proteger a criação. É nossa responsabilidade fazer com que escutem a voz dos mais vulneráveis e nos mobilizarmos em nome deles. Neste “Tempo da Criação” foi maravilhoso ver quantas atividades foram desenvolvidas e ainda estão em andamento a nível local, girando pelo mundo, graças aos círculos Laudato Si’. É um sinal de esperança que começa embaixo e se move, crescendo com a consciência da crise da nossa casa comum, mas também com o desejo de fazer alguma coisa. No dia 26 de agosto de 2021, você encontrou a presidente do Movimento dos Focolares, Margaret Karram. O que esse encontro significou para você e como o Movimento dos Focolares pode interagir no Movimento de vocês? O encontro com Margaret foi belíssimo. Eu estava com a nossa presidente, Lorna Gold. Para mim, foi estupendo conhecer a realidade dos Focolares. O que gostei foi o paralelismo entre os dois movimentos. Obviamente, o Movimento dos Focolares é muito maior e tem vários anos a mais de vida. Nós somos uma realidade muito jovem, mas, em alguns aspectos, somos similares ao Movimento dos Focolares, como, por exemplo, no empenho em promover o diálogo entre as diversas Igrejas e o diálogo entre as grandes religiões. De fato, entre nós, do Movimento Laudato Si’, há aqueles que vivem a fé católica, mas ao mesmo tempo, temos animadores pertencentes a várias Igrejas e diversas religiões. Aprender com a experiência do diálogo do Movimento dos Focolares é um dom maravilhoso.
Lorenzo Russo
Out 1, 2021 | Sem categoria
Um testemunho de ecologia integral: os jovens e as comunidades unidos pela defesa dos manguezais
“Um habitat destruído, queimado, agredido por lixo e pesticidas. É nisso que estão se tornando os manguezais aqui. Queremos ajudar a nossa terra e o nosso povo”. Assim diz Sirangelo Rodrigues Galiano, focolarino, 49 anos, brasileiro de origem, mas já equatoriano de adoção. Ele mora na província de Esmeraldas, região afro-equatoriana no norte do Equador, conhecida como província verde. Clima tropical, praias magníficas, uma rica biodiversidade. É principalmente a presença dos manguezais que cria um habitat natural tão especial, mas hoje em perigo por causa do homem. Os manguezais são formações vegetais constituídas por enormes raízes, periodicamente cobertas pelas marés. Estas características permitem a criação de um ecossistema muito diversificado, rico de animais e vegetais que não é possível encontrar em outro lugar, e agora em risco de extinção. Sirangelo, transferiu-se do Brasil para o Equador em 2016, quando essa região foi duramente atingida por um terremoto. Graças à AMU (Ação por um Mundo Unido), FEEP (Fondo Ecuatoriano Populorum Progressio) e Fundación Amiga, foi iniciado o projeto Sunrise, do qual Sirangelo é o responsável. O projeto ajudou três vilarejos destruídos pelo sismo, Salima, Dieci Agosto e Macará, e seus habitantes ainda hoje agradecem por tudo que receberam.
“Passados alguns anos da emergência do terremoto – explica Sirangelo – atualmente existem outras: a climática e a dos jovens, frequentemente estimulados a irem embora, pela falta de trabalho, ou a se tornarem vítimas do comércio de drogas”. Começamos então o projeto Sunrise +, programa de limpeza, reflorestamento dos manguezais e formação sobre o tema ecológico. “Participaram cerca de 400 jovens. Atualmente nos encontramos periodicamente para limpar e sensibilizar toda a comunidade sobre essa problemática. A atividade começou com os jovens, mas agora queremos envolver todos”. Um dos principais atores dessa experiência foi o Ministério do Ambiente, da Água e da Transição Ecológica de Musine, que está trabalhando junto ao governo e a outras ONG. Interessante que tenham sido precisamente os jovens a indicar como projetar Sunrise +. Por meio da metodologia 6×1, seis etapas para um objetivo: observar o contexto e as problemáticas; pensar em possíveis soluções; envolver; agir; avaliar a ação; celebrar. Tudo isso para buscar a paz. “O nosso objetivo é estar ao lado da população – conclui Sirangelo. Hoje são principalmente os jovens que nos pedem ajuda e nós buscamos atuar por eles e com eles. Eles amam a própria terra, mas muitas vezes são obrigados a deixá-la. Queremos ajudá-los a permanecer, encontrando novas oportunidades, justamente a partir da preservação das riquezas naturais. Graças a eles está se desencadeando uma mudança de mentalidade pela preservação do nosso planeta, a nossa casa comum.
Laura Salerno
Para aprofundar o assunto, leia o artigo integral aqui