chiara1«Eu tinha 19 anos e uma grande sede de Deus», inicia Chiara Lubich. E, essa sede era tão forte que todas as vezes que encontrava um sacerdote pedia: «Fale-me de Deus».
Levada sempre por aquela sede, pretende frequentar uma universidade católica, e como sua família não possuiu os meios participa de um concurso para obter uma bolsa de estudos, mas, por um ponto não a consegue. «Lembro de quanto chorei, porque pensava que na universidade católica falariam de Deus. E lembro também que em meio ao pranto, na sala, com minha mãe, interiormente escutei alguém que me dizia: “Serei eu o teu mestre”».
Poucos meses depois, com o grupo de estudantes católicas que frequenta, vai a Loreto, uma cidade no centro da Itália, onde existe um grande santuário; dentro dele há uma pequena construção que a tradição afirma tratar-se da casinha de Nazaré, onde viveu a Sagrada Família.
Chiara conta que quando entrou naquela casinha algo de extraordinário aconteceu dentro dela. «Fui tomada por uma comoção tão grande, tão grande, que parecia-me estar esmagada pela realidade divina que contemplava. Porque, dentro de mim, era tão viva a ideia de que Jesus havia caminhado por ali, que aquelas paredes haviam ecoado a voz de Maria e os seus cantos, José, a Anunciação, o anjo… essa sensação era tão viva que eu não conseguia senão chorar». Um pranto provocado «pelo peso do divino que me esmagava».
Durante aqueles dias em Loreto, Chiara conta que «logo que podia, fugia» para ir à casinha, experimentando a forte sensação de que Deus estava abrindo algo novo, que tinha a ver com aquele lugar e com a Sagrada Família que o habitava.
No dia antes de partir Chiara entra no Santuário que está cheio de gente. Fica no fundo da igreja e é naquele momento que ouve a voz de Deus em seu coração: «Uma multidão de virgens a seguirá». Com os anos irá entender que eram os pródromos de um novo caminho que o Senhor estava preparando: o focolare.
Quatro anos depois, em 1943, acontece outro fato, simples, mas decisivo: é inverno e na sua casa falta o leite. Sua mãe pede às filhas menores para ir comprá-lo, mas faz frio. Chiara, que está estudando, escuta o pedido da mãe e oferece-se para ir pegar o leite, com um gesto de caridade para com suas irmãs.
«No caminho – ela conta – sinto como se Deus me dissesse: “Doe-se totalmente a mim, doe-se totalmente a mim”. Paro, surpreendida. Vou pegar o leite e volto para casa; escrevo uma carta cheia de ardor a um sacerdote», na qual ela conta o que havia intuído em sua alma. Naquele tempo, a quem exprimia o desejo de consagrar-se a Deus era aconselhado fazê-lo por um certo tempo, e repeti-lo várias vezes até que o propósito fosse bem acertado. Naquela carta Chiara estava tão determinada e tão tomada pelo amor de Deus, a ponto de convencer o sacerdote a autorizá-la a consagrar-se imediatamente e por toda a vida.
Era o dia 7 de dezembro de 1943 quando foi à igreja, sozinha e ainda de madrugada, enquanto «desabava uma grande tempestade». «Eu tinha a impressão de ter o mundo contra mim», ela recorda. E ainda: «Havia sido preparado um banquinho próximo ao altar e eu tinha nas mãos um pequeno missal. Disseram-me para pronunciar a fórmula em que me doava totalmente a Deus para sempre. Eu estava tão feliz que nem me dava conta do que estava fazendo, porque era jovem. Somente quando pronunciei a fórmula tive a impressão de que uma ponte caísse atrás de mim, que não podia mais voltar atrás porque já era inteiramente de Deus. E, então, uma lágrima caiu sobre o missal. Mas a felicidade era imensa!».

Assim Chiara conclui a narrativa daquele dia 7 de dezembro de 1943, que marca o nascimento do Movimento dos Focolares: «Desposo Deus e, portanto, espero todo o bem possível. Será uma divina aventura. Eu desposo Deus! E, em seguida, vimos que foi exatamente assim».

Gustavo Clariá

Assista ao vídeo: Chiara fala a um grupo de jovens (30/12/1984)

4 Comments

  • Quién no tiene sed de Dios, aunque quizás no lo sepa. El testimonio de Chiara nos impulsa a escoger a Dios como Ideal, como nuestro verdadero Único Bien.

  • Cuanta normalidad y sencillez en su relación con Dios……experimentar que ella nos acompaña en el camino que vamos descubriendo juntos al andar cómo lo prometió, es confirmar paso a paso la maravilla de la aventura humano divina que nos contagió… hasta saberla nuestra como el aire que respiramos

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