São estas as palavras que Jesus ressuscitado dirige aos apóstolos antes de subir ao Céu. Ele tinha cumprido a missão que o Pai lhe havia confiado: viveu, morreu e ressuscitou para libertar a humanidade do mal, reconciliá-la com Deus, unificá-la numa única família. Agora, antes de voltar ao Pai, confia aos seus apóstolos a missão de continuarem a sua obra e de serem as suas testemunhas no mundo inteiro.
Jesus sabe muito bem que a tarefa é infinitamente superior às capacidades deles; por isso, promete o Espírito Santo. Descendo sobre eles no dia de Pentecostes, o Espírito haveria de transformar os simples e temerosos pescadores da Galiléia em corajosos anunciadores do Evangelho. Nada poderá mais detê-los. E àqueles que os quiserem impedir de testemunhar, eles responderão: “Quanto a nós, não nos podemos calar sobre o que vimos e ouvimos”.
Por meio dos apóstolos, Jesus confia à Igreja inteira a missão de testemunhar. É essa a experiência da primeira comunidade cristã de Jerusalém que, vivendo “com alegria e simplicidade de coração”, cada dia atraía novos membros. É essa a experiência dos membros da primeira comunidade do apóstolo João, que anunciavam o que tinham ouvido, o que tinham visto com os próprios olhos, o que tinham contemplado e aquilo que suas mãos tinham apalpado, ou seja, a Palavra da Vida…
Com os sacramentos do batismo e da crisma também nós recebemos o Espírito Santo, que nos estimula a testemunhar e anunciar o Evangelho. Também a nós Jesus assegura:

«Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós…»

É ele o dom do Senhor ressuscitado. Ele mora em nós como no próprio templo e nos ilumina e nos guia. É o Espírito da Verdade que faz compreender as palavras de Jesus, que as torna vivas e atuais, que nos encanta pela Sabedoria, que sugere aquilo que devemos dizer e como devemos dizê-lo. É o Espírito de Amor que nos inflama com o seu mesmo amor, que nos torna capazes de amar a Deus com todo o coração, a alma, as forças, e de amar a todos aqueles que encontramos pelo nosso caminho. É o Espírito de fortaleza que nos dá a coragem e a força de sermos coerentes com o Evangelho e de testemunharmos sempre a verdade. Somente com o fogo do amor que Ele infunde nos nossos corações podemos cumprir a grande missão que Jesus nos confia:

«… para serdes minhas testemunhas…»

Como podemos testemunhar Jesus? Vivendo a vida nova que ele trouxe à terra – o amor – e mostrando os frutos dessa vida. Devo seguir o Espírito Santo: quando encontro um irmão ou uma irmã, é Jesus que me torna capaz de “fazer-me um” com ele ou com ela, de servi-lo de modo impecável; que me dá a força de amá-lo se ele for, de algum modo, inimigo; que me enriquece o coração de misericórdia para saber perdoar e ser capaz de compreender as necessidades dele; que me faz comunicar com desvelo, no momento oportuno, as coisas mais belas que me passam na alma…
É o amor de Jesus que se revela e se comunica através do meu amor. Este, de certa forma, é como uma lente que recolhe os raios de sol: aproximando dela uma palha, ela se acende porque, com a concentração dos raios, aumenta a temperatura. Enquanto que a palha colocada diretamente ao sol não pega fogo. O mesmo acontece, às vezes, com as pessoas. Diante da religião parecem continuar indiferentes; mas certas vezes – porque Deus estabeleceu assim – elas se iluminam diante de alguém que participa do amor de Deus, pois este outro funciona como a lente que concentra os raios, inflama e ilumina.
Com este amor de Deus no coração, e por meio dele, pode-se chegar bem longe, comunicando a própria descoberta a muitas e muitas outras pessoas:

«… até os confins da terra.»

Os “confins da terra” não são apenas os limites geográficos. Eles também indicam, por exemplo, pessoas próximas a nós que ainda não tiveram a alegria de conhecer realmente o Evangelho. Até aqui deve estender-se o nosso testemunho.
Além disso, queremos viver a “regra de ouro”, existente em todas as religiões: fazer aos outros aquilo que gostaríamos que fosse feito a nós.
Outra exigência é “nos fazermos um” com cada pessoa, por amor de Jesus – o que supõe o completo esquecimento de si -, até que o outro, suavemente tocado pelo amor de Deus em nós, queira “fazer-se um” conosco, numa troca mútua de auxílios, de ideais, de projetos, de afetos. Somente então poderemos oferecer a palavra, e ela será um dom, na reciprocidade do amor.
Que Deus faça com que nos declaremos por Jesus diante dos homens, para que Jesus se declare por nós no Céu, diante de seu Pai, como Ele mesmo nos prometeu.

Chiara Lubich

 

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