O “sermão da montanha” se encontra no início da missão de Jesus e começa com as bem-aventuranças que, no Evangelho de Mateus, são oito. A terceira delas nos é proposta neste mês:

“Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança”.

Mas, quem é manso? É quem não se irrita diante do mal, nem se deixa arrastar pelas emoções violentas. Quem sabe dominar e controlar as próprias reações, sobretudo a cólera e a ira. Mas a sua mansidão não tem nada a ver com a fraqueza ou com o medo. Não é cumplicidade nem conivência com o mal. Pelo contrário, ela exige uma grande força de vontade, em que o sentimento de rancor e de vingança cede o lugar à atitude enérgica e calma do respeito aos outros.

Com a bem-aventurança da mansidão, Jesus propõe um novo tipo de provocação: oferecer a outra face, fazer o bem a quem nos faz o mal, dar o manto a quem nos pede a túnica… Essa atitude vence o mal com o bem. A todos os que vivem assim, Jesus faz uma grande promessa:

“… receberão a terra em herança.”

Na promessa da terra podemos entrever uma outra pátria, a mesma que Jesus, na primeira e na última bem-aventurança, chama de “Reino dos céus”: a vida de comunhão com Deus, a plenitude da vida que nunca terá fim.
Quem vive a mansidão é feliz desde agora, porque já experimenta a possibilidade de transformar o mundo ao seu redor, sobretudo mudando os relacionamentos. Numa sociedade onde muitas vezes impera a violência, a arrogância, a prepotência, ele se torna “sinal de contradição” e irradia justiça, compreensão, tolerância, delicadeza, valorização do outro.

Os mansos, enquanto trabalham na edificação de uma sociedade mais justa e mais verdadeira, ou seja, evangélica, se preparam para receber em herança o Reino dos céus e para viver “nos céus novos e na nova terra”.

“Felizes os mansos, porque receberão a terra em herança.”

Para saber como viver esta palavra de vida, basta ver como Jesus viveu, Ele que disse: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração”. Na sua escola, a mansidão aparece como uma qualidade do amor. Com efeito, o amor verdadeiro, que o Espírito Santo infunde nos nossos corações, é “alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio de si”.

Certamente, quem ama não se agita, não tem pressa, não ofende, não insulta.

Quem ama se domina, é meigo, é manso, é paciente.

A “arte de amar” sobressai em todo o Evangelho. Muitas crianças também a aprenderam. Sei que brincam com um dado especial, conhecido como “o dado do amor”. Cada um de seus lados traz uma frase que ensina a amar, seguindo o ensinamento de Jesus: amar a todos; amar-se mutuamente; ser o primeiro a amar; “fazer-se um” com o outro; amar Jesus no outro; amar o inimigo. No início do dia jogam o dado e depois procuram colocar em prática a frase sorteada. E em seguida contam as próprias experiências.

Um dia, o pai de Francisco (um menino de três anos que mora em Caracas, Venezuela) chega em casa chateado por causa de um desentendimento com um colega de trabalho. Ele conta tudo à esposa, e também ela fica aborrecida com aquele homem. Francisco vai buscar o seu dado e diz: “Joguem o dado do amor!”.
Eles o jogam juntos. Na face do dado aparece “Amar o inimigo”.
Os pais entendem…

Se observarmos ao nosso redor, notaremos que existem pessoas que vivem no dia-a-dia uma maravilhosa mansidão.

Grandes personalidades que já deixaram esta terra – como João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá, Roger Schutz – irradiaram a mansidão de tal maneira que influíram na sociedade e na história, e nos encorajam na nossa caminhada.

Chiara Lubich

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