Quando Deus criou o gênero humano, plasmou uma família. Quando o Escritor sagrado quis manifestar o ardor e a fidelidade do amor de Deus para com o povo eleito, serviu-se de símbolos e analogias familiares. Quando Jesus se encarnou, foi circundado por uma família e quando, em Cana, iniciou a sua missão, estava festejando o início de uma nova família.

São constatações simples que revelam, porém, a preciosidade e a importância da família no pensamento de Deus.
Ele não só lhe atribuiu grande dignidade, como desejou que fosse “à Sua imagem”, entrelaçando-a com o mistério da Sua própria vida, que é Unidade e Trindade de Amor.

Portanto, um grande desígnio sustenta a família e a faz seguir os passos da Santa Família de Nazaré.
Espaço de amor que parte e retorna, de comunhão, de fecundidade e ternura, a família é sinal, símbolo, modelo de toda e qualquer forma de associação humana.

Não é retórico afirmar que a família é o primeiro bem social.
Na cotidiana gratuidade que dá sentido e valor às suas funções de geração e educação, a família injeta no tecido social aquele bem insubstituível que é o capital humano, tornando-se assim um recurso eficaz da humanidade. E não só. Ela sabe abrir a casa e o coração aos dramas que a sociedade vive e sabe levar o calor familiar aos lugares em que as estruturas e as instituições, mesmo com toda a boa vontade, não podem chegar.

Mas se o seu desígnio é grandioso, igualmente grande deve ser o compromisso de atuá-lo.
Hoje, mais do que nunca, vemos a família revelar ao mundo a própria fragilidade.
Vemos esposos que, diante das primeiras dificuldades da vida a dois, deixam de acreditar no próprio amor.
Vemos filhos que, privamos do convívio dos pais, encontram dificuldade em alçar vôo rumo a um futuro sólido.
Vemos idosos que, afastados do núcleo familiar, se sentem sem cidadania e sem identidade.

Hoje, como nunca, a família deve ser amada, protegida, sustentada. É preciso lembrar-se sempre e buscar forças no seu desígnio original, que a prevê unida “para sempre”… uma dimensão que a consolida e a realiza. É preciso dar significado à vida familiar com uma espiritualidade de comunhão, congênita à família, pequena comunidade de amor. São necessárias correntes de opinião fundamentadas em valores, com políticas familiares correspondentes.

Estes são os votos que deponho nas mãos de Maria Santíssima, sede da Sabedoria e mãe de família, para o bem da família hoje e para a realização de toda a família humana.

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