“Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem.” (Jo 10,9)

Jesus se apresenta como aquele que realiza as promessas divinas e as expectativas de um povo cuja história está toda assinalada pela aliança com o seu Deus, uma aliança jamais revogada.
A ideia da porta assemelha-se – e é explicada muito bem – com a outra imagem usada por Jesus: “Eu sou o caminho. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Cf. Jo 14,6). Portanto, Ele é realmente um caminho e uma porta aberta ao Pai, ao próprio Deus.

“Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem.”

Qual o significado dessa Palavra na nossa vida?
São muitos os significados que podemos deduzir de outras passagens do Evangelho que têm relação com esse trecho de João, mas entre essas passagens vamos escolher a da “porta estreita” por meio da qual é necessário se esforçar para entrar (cf. Mt 7,13) a fim de ter acesso à vida.

Por que escolher a imagem da “porta estreita”? Porque nos parece ser aquela que, talvez, mais nos aproxima da verdade que Jesus disse sobre si mesmo e que mais nos ilumina sobre como viver a Palavra de Vida deste mês.
Quando é que Ele se torna a porta escancarada, completamente aberta à Trindade? Ele se torna a porta do Céu para todos nós no momento em que, para Ele, a porta do Céu parece fechar-se.
Jesus Abandonado (cf. Mc 15,34 e Mt 27,46) é a porta através da qual se realiza a comunicação perfeita entre Deus e a humanidade: tendo-se feito nada, une os filhos ao Pai. Ele é aquele vazio – o vão da porta – por meio do qual o homem entra em contato com Deus e Deus com o homem.
Ele é, portanto, ao mesmo tempo a porta estreita e a porta escancarada, e nós podemos fazer essa experiência.

“Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem.”

Jesus no abandono se fez para nós acesso ao Pai.
A parte dele está feita. Mas, para desfrutar de tamanha graça, também cada um de nós deve fazer a sua pequena parte, que consiste em chegar até aquela porta e em atravessar para o outro lado. De que modo?
Quando a desilusão nos surpreende ou somos feridos por um trauma, ou por uma desgraça imprevista, ou por uma doença absurda, podemos sempre nos lembrar da dor de Jesus que personificou todas essas provações, e uma infinidade de outras mais.
Sim, Ele está presente em tudo aquilo que tem a ver com a dor. Cada sofrimento nosso é um nome dele.
Procuremos, então, reconhecer Jesus em todas as angústias – nos apertos da vida –, em todas as escuridões, nas tragédias pessoais e dos outros, nos sofrimentos da humanidade que nos rodeia. Todos os sofrimentos são Ele, porque Ele os tornou seus. Bastará dizer-lhe, com fé: “És tu, Senhor, o meu único bem” (cf. Sl 15[16],2). Bastará fazer algo de concreto para aliviar os sofrimentos dele nos pobres e nos infelizes, para ultrapassar a porta e encontrar do outro lado uma alegria, antes jamais experimentada, uma nova plenitude de vida.

        Chiara Lubich

Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em abril de 1999

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