Há também um ecumenismo feito de vida, não clamoroso, modesto, que constrói silenciosamente, (e constrói sobre o essencial), sem querer antecipar os tempos, mas preparando-os.
Há um ecumenismo – uma ânsia de unidade eclesial – que se desenvolve, quase não manifesto, entre cristãos humildes, de cultura teológica modesta ou nula, a maioria leigos, jovens, operários, profissionais, donas de casa; e é feito, na maioria dos casos, não de discussões teológicas, mas de simples amor cristão, que do ecumenismo é a fonte e da comunhão social, o alimento.
Dele recolhemos diversas manifestações, no Ocidente e no Oriente, em países católicos e nos ortodoxos, com participação de fiéis provenientes de famílias anglicanas, luteranas, metodistas, ortodoxas…
Tais manifestações surgem de normas evangélicas simples, mas fundamentais. Por exemplo: 1) “Disto reconhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”; 2) “Onde há dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”; 3) “Que todos sejam um”.
É uma exigência de amor. Em meio ao turbilhão de ódios e egoísmos que sufoca a nossa civilização, descobrem o próprio destino eterno duas, cinco ou cem pessoas movidas pelo amor cristão, no simples ato de encontrarem-se entre elas. Um encontro que dá alegria, caminho para chegar a Deus. Ao chegarem a Deus, vivem em solidariedade momentos de paraíso.
Não discutem: não se conhecem o suficiente. Amam-se. E o amor é vida, é libertação. Realizam uma comunidade de pessoas na qual circula o Espírito Santo; regozijam da unidade que dele provém. Os problemas pelos quais têm origem as divisões religiosas são frequentemente ou ignorados ou deixados de lado, em virtude da ânsia pela unidade das Igrejas, esperada por todos; entretanto oram juntas, colaboram e, em muitos casos, convivem. Nessa fusão, as diferenças, enfraquecidas pelo amor podem, pouco a pouco, realmente desaparecer.
A partir dessa ação, onde conta tão-somente o amor a Jesus Cristo e às suas verdades como o amor ao irmão, com quem querem construir a unidade, não fazem parte os questionamentos e, muitas vezes, nem mesmo as questões sociológicas, políticas ou, mesmo metodológicas, ou filosóficas: conta somente a intervenção do Espírito Santo, para que Ele dê, a quem expõe o Evangelho, a luz e a caridade.
Extraído de um artigo de Igino Giordani publicado em Città Nuova n. 5, em 10 de março de 1976.