«Estou cursando o quarto ano na Academia Belas Artes. É um curso com mais de duzentos estudantes, caracterizado nesses últimos anos por uma constante dificuldade econômica e, por isso, começaram os protestos e a atmosfera tornou-se difícil e carregada. Além de continuar os estudos com seriedade, eu procurei querer bem àqueles que – tal como eu –viviam aquele momento difícil.

Propuseram-me a candidatura ao Diretório Central dos Estudantes. Por um lado eu queria continuar ajudando; por outro, me assustava assumir aquela responsabilidade. Tratava-se, de fato, de muito trabalho; caso contrário, nada funcionaria. E, resultado, fui eleita Presidente do DCE.

Convocar reuniões e assembléias, redigir verbais, preparar o regulamento, estar presente no Conselho de Administração: coisas completamente novas! Porém, entendi que a única coisa realmente importante era a de colocar-me a serviço de todos.

Foi e continua sendo uma experiência maravilhosa, um empenho no dia-a-dia, que produz resultados positivos todas as vezes que eu consigo ultrapassar as dificuldades, procurando viver o Evangelho.

Cito um exemplo: não existia um bom relacionamento entre os professores e os estudantes sofriam as consequências desta situação. Atendendo uma solicitação deles eu escrevi uma carta aos professores na qual eu expunha claramente a nossa posição. Muitos me disseram que eu estava arriscando… Ao invés, superadas as primeiras reações, os professores começaram a comportar-se de maneira diferente e as notas das minhas provas não sofreram nenhuma consequência.

O Diretor, o Presidente e o Diretor Administrativo estão há um ano no encargo: construir novas relações com pessoas experientes e com tais funções não foi uma coisa simples. Não faltaram as discussões que conduziram, porém, a uma maior colaboração e a um debate muito proveitoso. De minha parte, procurava ser sincera, precisa e escutava atenciosamente a todos. E cresceu a confiança recíproca, não obstante as dificuldades.

No mês de julho eles tinham a intenção de aumentar o valor da mensalidade e, evidentemente, nós, estudantes não aceitávamos. Eu entendia que a situação econômica era difícil; mas, era claro que tal procedimento teria colocado muitos estudantes em dificuldade. Graças à confiança instaurada, me chamaram para tratar deste assunto e, depois de algumas horas estudando todas as possibilidades, eles mesmos propuseram a diminuição de 200 Euros no valor da inscrição bienal.

Além da relação com a instituição tem aquela com os estudantes, que se apresentam sempre com exigências diferentes. Particularmente com os estudantes do meu curso tínhamos algumas dificuldades por causa da mudança de um professor. De fato, seja pelo seu caráter, seja para fazer melhor a nossa parte, todas as vezes que nos reuníamos com ele, saíamos destruídos e desencorajados.

A atitude de escutá-lo profundamente foi um exercício contínuo e, ainda que eu tivesse a impressão de que era impossível estabelecer uma relação com ele, depois de certo tempo, o nosso empenho foi fecundo. No fim do mês de outubro alguns estudantes, sabendo que eu devia organizar muitas coisas no escritório tendo em vista as provas, vieram ajudar-me. Parecia a preparação de uma festa: alguns me ajudavam com as coisas mais pesadas, outros revestiam os painéis, outros preparavam as etiquetas, outros pintavam as paredes…

Quando o professor chegou, tudo estava preparado e em ordem: não só o trabalho que deveríamos fazer, mas, também vários pequenos detalhes que enriqueceram o inteiro ambiente. Antes de começar o exame ele nos agradeceu pelo ano transcorrido juntos e nos confidenciou que, ao chegar, sentiu-se “em casa”.

Foi como obter a resposta ao meu empenho de viver a espiritualidade da unidade de Chiara Lubich, durante o ano inteiro!»

 

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