“Um caminho para a santidade”: João Paulo II, na Exortação Apostólica “Ecclesia in Africa”, apresenta desta forma o processo de inculturação, encorajando os bispos do Quênia a seguir este caminho, desde 1980. Chiara Lubich, no mês de maio de 1992, em grande sintonia com o pensamento do pontífice, fundou em Nairóbi (Quênia) uma escola de inculturação, segundo a espiritualidade da unidade e intuiu que no ato de “fazer-se um, de maneira profunda, que é o ‘fazer-se um com todos’, segundo o pensamento de São Paulo (1Cor 9,22), exista “um instrumento potentíssimo”.

“Não se pode entrar na vida interior de um irmão – explica Chiara – para compreendê-lo, para entendê-lo… se o nosso espírito é repleto de apreensões, de julgamentos”. “Fazer-se um” – ela prossegue – significa colocar-se diante de todos com a atitude de aprender, porque é necessário realmente aprender. Isto significa cortar completamente a raiz da própria cultura e entrar na cultura do outro e entendê-lo, deixar que ele se expresse, até que você o tenha compreendido em você mesmo e, quando o tiver compreendido, então sim, você poderá iniciar o diálogo com ele e transmitir a mensagem evangélica também por meio das riquezas que ele já possui”.

Portanto é a inculturação, concebida por Chiara como uma “troca de dons”: “Desta forma, antes, o irmão nos deu algo e; depois, nós também doamos algo a ele… e, sobre aquele algo ‘vivo’ nós podemos – na atitude de serviço – inserir com doçura, com amor, com discrição ilimitada, os aspectos da verdade, da mensagem evangélica que temos em nós e doamos plenitude e perfeição àquilo que o irmão acredita e que, normalmente, ele já espera, quase ansioso; aspectos que em si mesmos contêm a verdade por completo”. Em síntese, visitando a cidadezinha de Fontem (República dos Camarões), em 2000, Chiara, reassume: “é o amor que deve conduzir-nos no caminho da inculturação, e, no amor, o Espírito Santo pode agir”.

Nestes vinte e um anos foram realizados, com ritmo bianual, vários cursos da Escola de Inculturação que, durante este tempo, tomam em consideração aspectos particulares, cultural ou existencial da vida: a propriedade e o trabalho; o sofrimento, a doença e a morte; a educação; a comunicação; o sagrado na religiosidade tradicional da África subsaariana.

Neste ano, de 10 a 13 de maio, o objeto da reflexão será “A pessoa nas culturas africanas”, que será tomado em consideração, como se faz normalmente, segundo três aspectos: o da cultura africana tradicional, o da Sagrada Escritura e do Magistério da Igreja na perspectiva do carisma da unidade.

Fonte: trechos do discurso de Chiara Lubich na apresentação do livro “Il senso del sacro nell’Africa subsahariana” Opus Mariae , Nairóbi, Centro para a Inculturação, 2012, pp. 5-7.

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