“Ser porta-voz dos mais necessitados e daqueles que ninguém consideram”; deste profundo desejo inicia o empenho político de Charity Chege, voluntária do Movimento dos Focolares de Juja, Quênia. Assistente social, mãe de quatro filhos, o seu dia-a-dia a faz experimentar profundamente o sofrimento dos seus concidadãos: crianças órfãs, idosos que devem assumir a responsabilidade de cuidar dos netos cujos pais foram vítimas de AIDS, pessoas que vivem na pobreza absoluta.
“Antes das eleições de 2007 – ela nos conta – eu expressei a Chiara Lubich o meu desejo de servir o meu povo e a decisão de apresentar a minha candidatura para a Câmara dos Vereadores. Chiara me encorajou e me lembrou que ‘a política é o amor dos amores’”. Charity não foi eleita, e declarou “mas, eu compreendi que, no meu íntimo, nada havia mudado porque eu podia e devia continuar servindo e amando.” E, infelizmente, não faltaram as ocasiões para isto: depois das eleições seguiram-se manifestações e conflitos entre pessoas de etnias diferentes. “Muitas pessoas perderam a vida e outras perderam todos os bens e, outras ainda, foram obrigadas a abandonar a própria terra por causa da violência.”
Em 2013 Charity decidiu candidatar-se outra vez, em um partido que havia os seus mesmos valores ideais: “Àqueles que, surpresos, me perguntavam porque eu não havia preferido um partido no qual a maioria dos membros fossem da minha tribo eu respondia: Eu vivo pela família universal!”
A campanha eleitoral revelou-se uma ocasião para conhecer e acolher dificuldades e necessidades: “quando fomos ao encontro dos sem-teto, vítimas de muitas violências das eleições anteriores, eu compreendi que era mais importante amá-los como me era possível e não apresentar o meu programa político. Eu encontrei pessoas que alimentavam muitos rancores e lhes falei sobre o perdão. Duas colegas me perguntaram o porque deste meu comportamento e eu respondi que o nosso relacionamento com as pessoas é a coisa mais importante e que, se desejamos a felicidade delas, devemos ajudá-los a perdoar.”
Também naquele ano Charity não foi eleita mas, muitas pessoas que conheciam o seu empenho dirigiam-se a ela, com a certeza de encontrar ajuda e disponibilidade: “Um dia eu estava no mercado – ela nos conta – e uma senhora se aproximou pedindo ajuda porque estava doente. Ela mesma disse que inúmeras outras pessoas da sua aldeia estavam nas mesmas condições: intuí que se tratava de AIDS. Esta circunstância me colocou em contato com cerca trinta pessoas que convivem com o vírus.
Nas nossas cidades existe sempre um grande preconceito em relação a estas pessoas e, por isso, elas não são bem recebidas, existem abusos e descasos. Muitas vezes elas se sentem excluídas e descartadas até mesmo pelas próprias famílias e entregam-se à doença e não procuram mais o tratamento necessário.
Eu decidi dar a minha contribuição por primeiro, amando pessoalmente e concretamente cada uma destas pessoas e, com esta atitude, envolvi também os jovens do Movimento. Com eles estamos trabalhando para que estes nossos amigos sintam-se, primeiramente, acolhidos e aceitos e, depois, fazemos algo de válido, de belo com eles e por eles.”
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