O Natal chegou até mim

Penso que a pior coisa que se possa sentir é a de “não existir” para os outros no Natal. Cheguei a entender e a justificar quem termina com a própria existência. No auge da amargura, lembrei-me que no edifício onde moro existiam outros “sozinhos” como eu: um casal de idosos. Juntei algumas coisas boas que tinha em casa, uma garrafa de vinho, uma caixa de doces… enfim, preparei um embrulho bonito e fui visitá-los. Não esperavam por isso. Cheguei no momento certo, porque precisavam de ajuda para muitas coisas. Ficaram muito felizes e reconhecidos. Enquanto fazia alguma coisa na cozinha, eu mesmo surpreendia-me pela liberdade e a alegria que sentia. Onde tinha ido parar aquela angústia de antes? No fim da noite, quando nos despedimos, vi um brilho especial nos olhos daquelas pessoas. O Natal tinha chegado até mim. (Sandro – Itália)

Devo ser eu a começar

Quando do Burundi cheguei à Eslovênia, os primeiros contatos que tive com as pessoas foram difíceis. Porém, também encontrei pessoas que me ajudaram. Aqueles gestos de solidariedade ajudaram-me a compreender que não podia pretender que o ambiente me acolhesse: eu é que deveria começar a conhecer a cultura, a língua e os costumes eslovenos, de modo que as diferenças não se tornassem obstáculos, mas um enriquecimento. Por exemplo, comecei a fazer trabalhos manuais, o que é incomum para os homens africanos instruídos; ou também trabalhos domésticos, quando a minha sogra ficou doente, e assim a minha esposa pode acompanhá-la. Esta é a semente que leva os povos a compreenderem-se. (C.S. – Eslovênia)

O presente

A minha filha queria ter uma irmãzinha. Já tinha um irmão, mas um recém-nascido era outra coisa. No ano passado, parecia que este desejo seria realizado, mas infelizmente tive um aborto espontâneo. Nós o aceitamos com serenidade, mas a Lucia chorava desesperada.

Começou a preparar-se para a primeira comunhão. Eu ajudava a catequista. Uma tarde em que falávamos do Natal que se aproximava, nas fichas que foram distribuídas para as crianças, entre as várias perguntas, dizia: «O que esperas para o Natal?», e a Lucia respondeu: «Adotar uma menina, mesmo sendo à distância». A catequista e eu olhamo-nos com surpresa; mais tarde falando com o meu marido lembramos do sofrimento da Lucia por causa da interrupção da minha gravidez. Portanto, estava disposta a renunciar aos presentes para ter uma irmãzinha, mesmo se fosse à distância. Fizemos os vários contatos e dois dias antes da primeira comunhão, chegou uma carta: comunicava-nos que a menina “adotada à distância” chamava-se Thu, tinha a idade da Lucia e era vietnamita. Foi um grande presente para ela! Toda contente, levou a foto da Thu para mostrar para as suas colegas da escola e para a professora. (D. V.- Suíça)

Fonte: Il Vangelo del giorno, dezembro de 2013, Città Nuova Editrice.

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