Quero-te bem,
não porque aprendi a falar-te assim,
não porque o coração
me sugere essa palavra,
não tanto porque a fé
me faz crer que és amor,
tampouco somente porque
morreste por mim.

Quero-te bem
porque entraste em minha vida
mais do que o ar em meus pulmões,
mais do que o sangue em minhas veias.
Entraste onde ninguém podia entrar,
quando ninguém me podia ajudar,
toda vez que ninguém
me podia consolar.

Todo dia te falei.
Toda hora te olhei
e em teu semblante
li a resposta,
em tuas palavras, a explicação,
em teu amor, a solução.

Quero-te bem
porque por tantos anos
viveste comigo
e eu vivi de ti.
Bebi em tua lei
e não me apercebera.
Dela me nutri,
me fortalei,
me restabeleci,
mas era ignara
como a criança que bebe da mãe
e nem sabe ainda chamá-la
com esse doce nome.

Dá que eu te seja grata
— ao menos um pouco —
no tempo que me resta,
por este amor
que derramaste sobre mim,
e me obrigou a dizer-te:
Quero-te bem.

Chiara Lubich

Ideal e Luz – Editora Brasiliense e Editora Cidade Nova, São Paulo,  2003

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