Alfonso_di_Nicola-01«Eu era ainda criança – conta Alfonso, 80 – quando meu pai foi preso injustamente. Íamos visita-lo, com minha mãe, e, mesmo tão pequeno, pude dar-me conta da profunda desolação dos detentos: gente sem esperança, sem futuro. E sem dignidade. Então prometi a mim mesmo que um dia iria fazer algo por eles».

Alfonso teve que esperar um pouco para realizar o seu sonho. Inscreveu-se num curso de voluntariado e assim obteve a licença para fazer visitas no presídio de Rebibbia (Roma), que atualmente recebe cerca de 1700 presos. Pagam as penas mais variadas: tráfico de drogas, abusos sexuais, crimes de máfia, extorsão, homicídio…

Alfonso sabe que vai se deparar com a desconfiança de quem está convencido de ter perdido qualquer chance de resgate. Com efeito, muitos rejeitam a sua aproximação, mas ele não desiste, convicto de que existe, em cada um, aquela imagem de Deus que ele havia escolhido como o tudo de sua vida, quando, ainda jovem, tinha se tornado um focolarino. Finalmente, um deles, Giorgio, preso por ter se envolvido num roubo terminado em tragédia, pede-lhe que vá levar o seu abraço à mãe, com o seu pedido de perdão. Alfonso vai e descobre que ela está nas últimas. Este gesto, tão inesperado, mas tão intensamente aguardado, a reconcilia com o filho e com o passado. Poucos dias depois morre, em paz. Alfonso continua a estar próximo do filho, até sua saída da cadeia, e o ajuda a reinserir-se na sociedade. Agora Giorgio tem um trabalho, ainda que esporádico, que lhe permite contribuir, com dignidade, no sustento da família.

DSCF0876
Junto com 30 voluntários, Alfonso acompanha as famílias de 160 presos.

Nas suas visitas aos presos, Alfonso percebe a ardente necessidade de que aquele fio que os liga ao mundo externo permaneça vivo. E por isso empenha-se a fim de que a relação com a família, e especialmente com o cônjuge, não se interrompa, e também ajudando aquelas famílias que, devido à detenção, caíram em séria situação de indigência. Para fazer tudo isso é preciso energias, pessoas, dinheiro. Ele não se dá tréguas e cria um projeto denominado “Sempre pessoa”, para indicar que, embora em reclusão, a dignidade nunca diminui, justamente porque nunca diminui o amor de Deus por cada homem. Junto com outros 30 voluntários – pais, profissionais, mas também ex-detentos – acompanha as famílias de 160 presos, levando a elas apoio moral, ajudas alimentares e financeiras. Um número que cresce cada dia. O espírito que os anima é o típico dos Focolares: “ser família” para cada um dos detentos, com a proximidade e o apoio, sem julgar o passado deles.

Palavras como escuta, confiança, fraternidade, adquirem, na penitenciária, um significado real. Especialmente misericórdia, comportamento que – confirmam esses voluntários – «age nas pessoas como uma mola que as ajuda a levantarem-se, todas as vezes que são tentadas a desistir». Como aconteceu com Roberto que, depois de oito anos na prisão, não tendo encontrado acolhida e trabalho tornou-se um morador de rua. Graças ao projeto “Sempre pessoa” ele foi aceito em uma pequena casa de acolhida, onde pode exercer a sua função de cozinheiro, reconquistando a própria dignidade. Ou como Francisco, que era caminhoneiro, mas depois de quatro anos preso ninguém mais lhe dava trabalho e confiança. Agora faz parte da equipe de voluntários que preparam e entregam as cestas para as famílias dos detentos.

Histórias como estas existem muitas, a ponto de encher um livro. Aliás dois: “Estava preso…”, e “Cárcere e arredores”, escritos por Alfonso Di Nicola, ambos lançados pela editora Città Nuova.

No comment

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *