AirportQuando o avião – no qual eu estava e que partira de manhã de Bolonha com destino a Londres, já atrasado por causa dos temporais na capital inglesa – começou a sobrevoar o aeroporto por mais 20 minutos, eu entendi que seria quase impossível conseguir embarcar no voo de conexão. De fato, mais tarde, eu estava em uma fila interminável, com centenas de outros passageiros que tinham perdido o voo.  As companhias aéreas estavam congestionadas e, desta forma, também aqueles que tinham a possibilidade de telefonar estavam bloqueados. A maioria das pessoas conseguiu suportar a espera por uma hora, mas, quando se tornaram duas, depois três, e, depois, quando era já noite, a atmosfera começou a ficar tensa. Sentia-me em uma situação de conforto, lendo um bom livro, mas, eu também comecei a agitar-me quando me dei conta de que seria difícil avisar a minha amiga que ia me esperar no aeroporto, nos Estados Unidos.

Eu não sou muito eloquente com os desconhecidos, especialmente quando viajo sozinha, mas, naquelas alturas, eu me senti impelida a olhar ao meu redor e pensei que o conforto da presença de Deus poderia estar próximo, também naquela fila caótica. Lembrei-me que tinha um pacote de biscoitos na bolsa e, olhando para trás, ofereci a um estudante que estava com fome. Isso foi suficiente para quebrar o gelo com todos naquela parte da fila.

Ao narrar a própria situação uns aos outros, ficamos também solidários: nos demos conta, também, de que podíamos nos ajudar reciprocamente. A bateria do meu notebook era suficiente apenas para carregar o celular do casal alemão que tinha necessidade de telefonar aos familiares; aquele casal, por sua vez, se dispôs a cuidar da minha bagagem enquanto eu fui procurar um ponto de Internet para enviar uma mensagem à minha amiga. Depois, cumprimentando rapidamente, em italiano, outro casal, ambos muito jovens, me dei conta de que eles e outros dois casais – todos em viagem de lua-de-mel – não entendiam os anúncios e eu os traduzi, de maneira que pudessem avaliar as várias opções de voo oferecidas.

Depois de cinco horas e meia sem nenhuma solução alternativa de voo nos deram um voucher para um quarto e uma refeição em um hotel, além da indicação para telefonar para as companhias aéreas. Assim eu fiz e, fiquei sabendo que deveria estar, de novo, no aeroporto após poucas horas.

Enquanto eu me acomodava na cadeira, de novo no aeroporto, tentando dormir ao menos um pouco, me dei conta de que, não obstante o desconforto, todas essas “conexões” – como, também em inglês, são chamadas as coincidências de voo e, neste caso, perdidas – que eu havia estabelecido com os próximos, momento por momento, haviam preenchido a minha noite com um insólito senso de paz. E cheguei em casa no dia seguinte, cansada, mas, tranquila”.

Amy Uelmen, Bethesda, Maryland (Usa)

Fonte: Living City, Maio 2016 – www.livingcitymagazine.com

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