«Para que a paz volte, não deixemos de rezar. Além do mais neste momento, todos nós devemos nos sentir chamados a seguir com decisão uma linha de vida que repare pelo menos dentro de nós (mas, graças à comunhão dos santos, em muitos) o erro que foi cometido. Os homens não fizeram a vontade de Deus, do Deus da paz, fizeram a própria.

Devemos impor a nós mesmos, como jamais fizemos, o cumprimento perfeito da Sua vontade. «Não a minha, mas a tua vontade seja feita». Hoje, essas palavras de Jesus devem assumir para nós uma importância toda especial. Diante delas qualquer outra coisa deve se tornar secundária. Não deve ser tão importante na nossa vida, por exemplo, ter boa saúde ou estar doente, estudar ou servir, dormir ou rezar, viver ou morrer; o importante será assumirmos como nossa a sua vontade, sermos a sua vontade viva.

Era assim que vivíamos nos primeiros tempos do nosso Movimento quando, justamente no contexto de outra guerra, o Espírito nos iluminou sobre o valor das coisas. Diante da destruição provocada pelo ódio, Deus se revelou como o único ideal que não morre, que nenhuma bomba podia destruir.

Deus Amor. Esta grande descoberta era uma bomba espiritual de tal dimensão que nos fez esquecer literalmente todas as bombas que caíam ao nosso redor devido à guerra. Descobríamos que para além de tudo e de todos existe Deus que é Amor, existe a sua providência que faz com que tudo coopere para o bem daqueles que o amam. Percebíamos os traços do seu amor em todas as circunstâncias, até mesmo sob o flagelo da dor. Ele nos amava imensamente. E nós, como responder ao seu amor? «Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus». Podíamos portanto amá-lo fazendo a sua vontade.

Vivendo assim nos habituamos a escutar com crescente atenção “a voz” dentro de nós, a voz da consciência, que nos evidenciava a vontade de Deus expressa nas mais variadas formas: através da sua Palavra, dos deveres do nosso estado de vida, das circunstâncias, das inspirações.

Tínhamos a certeza de que Deus conduziria a nossa vida para uma divina aventura, inicialmente desconhecida por nós, na qual, sendo ao mesmo tempo expectadores e atores do seu desígnio de amor, dávamos, momento após momento, a contribuição da nossa livre vontade.

Pouco depois nos fez entrever vislumbres sobre o nosso futuro, fazendo-nos descobrir com segurança o objetivo pelo qual o Movimento estava nascendo: atuar a oração do testamento de Jesus: «Pai, que todos sejam um», colaborar na realização de um mundo mais unido.

É assim que podemos nos comportar também agora. A vida de algum de nós sofreu uma brusca e dolorosa mudança? […] Vivemos momentos de medo, de angústia, de dúvida até mesmo de que a nossa vida nos seja tirada? Ou levamos a mesma vida de sempre, com os nossos compromissos diários, por enquanto longe do perigo? Para todos deve valer o que mais vale, nem isto nem aquilo, mas a vontade de Deus: colocar-se à “escuta”. Que ela ocupe o primeiro lugar no nosso coração, na nossa memória, na mente. Devemos orientar, antes de tudo, as nossas forças ao seu serviço. […] Deste modo Cristo permanecerá no nosso coração e seremos um grupo mais compacto, mais unido, todos “um”, partilhando tudo, rezando com eficácia uns pelos outros e para que retorne a paz».

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