31 Dez 2011 | Palavra de Vida, Sem categoria
“Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus.” Entretanto – como afirma são Paulo – nós não somos apenas chamados ao mundo de Cristo, mas já pertencemos a Ele. A fé nos diz que mediante o batismo nós somos inseridos Nele e, por isso, participamos da sua vida, dos seus dons, da sua herança, da sua vitória sobre o pecado e sobre as forças do mal: nós, de fato, ressuscitamos com Ele. Mas, diversamente das almas santas que já alcançaram a meta, a nossa pertença a este mundo de Cristo não é ainda plena e manifesta, nem tampouco estável e definitiva. Enquanto vivermos nesta terra estaremos expostos a mil perigos, dificuldades e tentações que podem fazer-nos vacilar, podem frear a nossa caminhada ou até mesmo desviá-la para falsas metas. “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus.” Compreende-se então a exortação do Apóstolo: “Procurai as coisas do alto”. Isto é, procurai sair deste mundo – não no sentido material mas espiritual – abandonando as regras e as paixões do mundo para deixar-se guiar em todas as situações pelos pensamentos e sentimentos de Jesus. Com efeito, “as coisas do alto” indicam a lei do alto, a lei do Reino dos céus que Jesus trouxe à terra e quer que realizemos desde já. “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está entronizado à direita de Deus.” Como viver então esta Palavra de Vida? Ela nos alerta contra a tentação de ficarmos satisfeitos com uma vida medíocre, feita de meias medidas e ambiguidades, e nos estimula – com a graça de Deus – a aderir à lei de Cristo com a nossa vida. Impele-nos a viver e a nos empenharmos em testemunhar no nosso ambiente os valores que Jesus trouxe à terra: o serviço aos irmãos, a compreensão e o perdão, a honestidade, a justiça, a retidão no nosso trabalho, a fidelidade, a pureza, o respeito pela vida, o espírito de concórdia e de paz etc. Trata-se, como se vê, de um programa vasto quanto a vida; por isso – para não ficarmos apenas em considerações abstratas – procuremos colocar em prática durante este mês aquela lei de Cristo que é a síntese de todas as outras. De que modo? Reconhecendo o próprio Jesus em cada irmão e irmã e colocando-se a seu serviço. Não é exatamente isso que nos será pedido ao término da nossa existência terrena? Chiara Lubich Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em abril de 1988
28 Dez 2011 | Focolare Worldwide
“São jovens, são uma onda, quem os guia é como um surfista: todos vêem que são um bom número, mas é a onda que os move. São jovens, são uma corrente: quem a segura do lado certo vai longe, sem esforço”. É assim que começa a carta aberta de pe. Pietro Raimondi, capelão da penitenciária de São Vitor, em Milão, onde, na véspera do Natal, um grupo de jovens do Movimento dos Focolares levou uma onda de calor humano, vivendo junto com os detentos “um silencioso milagre de luz”. A história tem início quando esses jovens começaram a animar as missas de domingo na prisão, uma experiência tocante, que deixou uma marca. Depois de alguns meses, pensando no Natal, quiseram lançar a ideia do “Bom dentro e bom fora”, com o desafio de conseguir panetones suficientes para cada cela da penitenciária. “A cela é a única casa dos presos – escrevem os Jovens por um Mundo Unido – e por isso em cada cela, ou seja, em cada casa da grande cidade que é a penitenciária de São Vitor, queremos levar o Natal”. “Foi deles que nasceram as melhores ideias, as propostas e as intuições – continua o capelão. E a quem me diz que são inconstantes e mutáveis eu digo que isso é típico de todo líquido. Mas acrescento que os líquidos tem uma propriedade mágica: é impossível comprimi-los. A pressão que eles exercem é enorme, movem montanhas. São jovens e fazem uma grande pressão, inventando sempre uma a mais. Quem os escuta é um felizardo, e caminha sobre as águas”.
“Hoje fomos levar os panetones em São Vitor! – agora é um dos jovens que fala. Éramos um bom grupo: alguns descarregavam o ônibus, outros ensacavam, outros levavam ao detector de metais… tinha trabalho para todos! Depois, quatro de nós receberam o maravilhoso presente de levar os panetones para distribuir nas celas, entregar o panetone a cada preso e ver a alegria deles, a gratidão. Pela primeira vez, depois de tanto tempo, eles não viam só guardas e os companheiros de cela. E nós vivemos um Natal diferente… muito mais verdadeiro”.
“A generosidade dos adultos muitas vezes sedimenta-se em hábitos – escreve pe. Pietro, que já viveu muitos Natais em São Vitor. Até mesmo doar panetones aos presos corre o risco de tornar-se num gesto institucional. Sempre o mesmo doador, com o mesmo caminhão, da mesma firma… e o gesto mecânico da distribuição mata o entusiasmo que estava na origem”. “Eles não. Os jovens lhe dizem: ‘por que não…?’. Eles lançaram um desafio, antes de tudo a si mesmos, depois ao mundo inteiro: não vamos comprar nem um panetone e nem vamos procurar quem faça uma doação maciça. Vamos falar nas ruas, nas escolas, aos amigos da família. Vamos falar daqueles que não nos interessa se são bons ou maus, culpados ou inocentes, mas que com certeza precisam de um gesto de amor. Aqueles gestos que não são o socorro a uma carência, mas algo a mais.
E a resposta superou as expectativas. A meta era 450 panetones, um para cada cela. Logo chegaram 500, depois 1000, 1400, e depois perdemos a conta. Hoje, na prisão, estavam 1553 homens e 96 mulheres, sem contar os agentes e os operadores. E parece que todos receberam um presente…” “E fomos nós – conclui o capelão – que recebemos o mais lindo presente. O de ter visto os rostos desses jovens enquanto distribuiam os panetones, os olhos de quem os recebia, e a alegria de poder contar a todos vocês este silêncioso milagre de luz, acontecido no inferno de São Vitor”. [nggallery id=81]
27 Dez 2011 | Focolare Worldwide
Transcrevemos o depoimento de Hanaa Keisar, narrado por ocasião da entrega do Prêmio Madre Teresa de Calcutá, em memória de Chiara Lubich, dia 10 de dezembro de 2011.
“Como todos sabem, este ano deu-se no Egito uma etapa especial e inesperada: a queda do regime ditatorial. Quase um ano depois do primeiro vento de esperança e de liberdade, encontramo-nos numa fase delicada, onde reinam a insegurança, a falta de coragem, a crise econômica e o grande medo do futuro. Não obstante este cenário, com admiração constatamos que Deus está nos ajudando a criar uma trama escondida, tecida com relacionamentos verdadeiros e fraternos. Enquanto as notícias de ataques sangrentos às igrejas, em várias partes do país, ou de atos de violência contra a multidão dos manifestantes pacíficos na Praça Tahrir, chegavam aos jornais e à televisão, num dos bairros da grande Cairo trabalhamos juntos, cristãos e muçulmanos – todos animados pelo ideal da unidade que Chiara nos transmitiu – num projeto que pode parecer pequeno, mas é símbolo da unidade, o projeto “Eu faço parte”.
Diante da desconfiança, do desinteresse e da indiferença na qual muitos egípcios se encontram, o projeto tem o objetivo de devolver o sentido de pertença ao próprio país, impulsionando as pessoas a descobrirem suas riquezas culturais e a tornar mais bonitos ângulos esquecidos e sujos da cidade. Foi assim que o artista egípcio Elham Naguib, promoveu a iniciativa de pintar murais que exprimam a fraternidade, a paz e a harmonia, e que chamem à responsabilidade no plano civil. Com 40 jovens e adultos, dedicamos dois dias para pintar o muro de uma escola, num bairro popular e pobre, com o tema “Temos o direito de sonhar!”. Estávamos a oito meses da revolução de 25 de janeiro. Mesmo se tudo estava regularizado, e sem nenhuma explicação, na manhã seguinte a prefeitura nos comunicou que devíamos apagar o desenho. Era uma pequena chama que se apagava.
E agora, no pós-revolução, o responsável por um bairro nos chamou para fazer um mural, justamente nos dias das novas manifestações na Praça Tahrir. Munidos com a convicção que a fraternidade entre todos é possível começamos o trabalho que, aos poucos, envolveu todos os moradores: crianças, jovens e idosos, advogados e operários, muçulmanos e cristãos.
O mural devia ter 60 metros, mas foi aumentando à medida que as pessoas que passavam, maravilhadas, paravam para pintar conosco, felizes por poderem dar a própria contribuição à fraternidade e à igualdade. Não era tanto o mural, mesmo se importante, mas o testemunho que dávamos ao fazê-lo juntos. “A iniciativa de vocês é a campanha mais bem sucedida para dar novamente vida e beleza à nossa cidade”, exclamou um senhor. Um dos candidatos ao novo parlamento,voltando da Praça Tahrir, nos desafiou dizendo: “Vocês pensam que com este lindo quadro vão mudar o Egito?”. E foram as pessoas que responderam: “Isto é o que nós podemos fazer. A mudança do Egito começa por aqui!”. 
O que se busca é uma mudança de mentalidade, como está acontecendo com outro projeto nosso, dirigido a menores trabalhadores, para restituir a eles a infância perdida e a dignidade. Assistimos a uma verdadeira mudança de comportamento, de indisciplinados e agressivos a garotos capazes de respeitar e amar também quem é diferente deles. Todos são muçulmanos, e sem falar sobre como deve ser o relacionamento entre cristãos e muçulmanos, entre todos se vive a regra de ouro: “Faça aos outros o que gostaria que fosse feito a você”. (H.K. – Egito)