Movimento dos Focolares
“Sejam uma família”

“Sejam uma família”

«Se tivesse que deixar esta Terra hoje, e me fosse solicitada uma palavra, como última palavra que afirma o nosso Ideal, diria a vocês — certa de ser compreendida no sentido mais exato —: “Sejam uma família ”. Há entre vocês quem sofra de provações espirituais ou morais? Compreendam-nos como e mais do que uma mãe, iluminem-nos com a palavra ou com o exemplo. Não deixem que lhes falte, aliás, aumentem em volta deles, o calor da família. Há entre vocês quem sofra fisicamente? Sejam eles os irmãos prediletos. Sofram com eles. Tentem compreender as suas dores até o fim. Façam que participem dos frutos da vida apostólica de vocês para que saibam que eles, mais do que outros, contribuíram para tanto.

Vê o video na língua original (italiano)

Há quem esteja à beira da morte? Imaginem-se no lugar deles e façam o que gostariam lhes fosse feito até o último instante. Há alguém feliz por um sucesso ou por um motivo qualquer? Fiquem felizes com ele, para que a sua consolação não se contriste, nem se tranque o espírito, mas a alegria seja de todos. Há alguém de partida? Não o deixem ir sem lhe ter preenchido o coração com uma única herança: o sentido da família, para que o leve aonde for. Não anteponham jamais ao espírito de família com os irmãos com quem vivem qualquer atividade de qualquer gênero, nem espiritual, nem apostólica. E aonde quer que forem para levar o ideal de Cristo, para expandir a imensa família da Obra de Maria, não farão coisa melhor do que procurar criar com discrição, com prudência, mas com determinação, o espírito de família. É um espírito humilde, quer o bem dos outros, não se envaidece…, é, enfim, a caridade verdadeira, completa. Em resumo, se eu tivesse que partir de vocês, deixaria na prática que Jesus em mim repetisse: “Amai-vos reciprocamente… a fim de que todos sejam um”».

Chiara Lubich (Extraído do livro Ideal e Luz)

“Sejam uma família”

Feliz Natal 2011

«Nossos votos a todos os que vivem para que a humanidade seja uma família!

A Palavra vivida seja a estrela cometa, que anuncia e convida ao encontro com Jesus presente entre nós, num perene Natal».

Maria Voce (Emmaus)

“Sejam uma família”

Angola, finança contracorrente

Desde 2008 trabalho numa ONG. Comecei coordenando uma área, sob a supervisão da diretora executiva. No final de 2010 saí de férias e ao retornar soube que essa pessoa havia pedido demissão e pediram-me para assumir a sua função. Quando comecei encontrei algumas práticas suspensas e, entre estas, uma bastante delicada. Na verdade tratava-se de um verdadeiro furto, visto que durante os anos 2007 e 2008 a ex-diretora havia retido as taxas, dos salários dos empregados e da ONG, e depois não havia restituído ao governo. A multa que devíamos pagar estava em torno de 75 mil dólares, o que para a nossa organização significa uma cifra enorme. Para encobrir a fraude, a ex-diretora tinha depositado na conta de cada funcionário uma certa soma, correspondente ao que tinha sido descontado, ficando para ela a parte que a organização devia restituir ao Estado. Cada um de nós tinha recebido essa soma sem saber o motivo, estávamos surpresos e contentes. Eu, por exemplo, vi aparecer na minha conta 12 mil dólares acima do salário. Embora contente a consciência me dizia que havia algo errado, e por isso pensei em devolver aquele dinheiro a mais. Contratei advogados para saber como agir nessa situação e eles me aconselharam a falsificar os documentos, inclusive os contratos dos funcionários, etc., porque, segundo eles, o Estado nunca iria entender uma situação como aquela, e portanto aplicaria a multa de qualquer forma. Mas eu queria ser coerente com a minha escolha de viver para construir uma sociedade mais justa. “O que Jesus faria no meu lugar?”, perguntei-me. Sem dúvidas teria ido contracorrente. Decidi agir de consequência e envolver nessa decisão também os meus colegas. Disse-lhes que a primeira coisa a fazer era restituir o dinheiro que não nos pertencia e escrever ao Ministério das Finanças explicando com clareza o que havia acontecido, pedindo a anulação da multa. Para a minha grande surpresa todos os colegas estavam de acordo e assim fizemos. Enquanto isso, a ex-diretora, mesmo já tendo deixado o país para assumir outro trabalho, me comunicou que estava muito aborrecida comigo e que lhe parecia exagerado restituir o dinheiro ao Estado. Não entendia a minha decisão e dizia que isso teria rompido o espírito de equipe construído nos anos. Mas, para mim e meus colegas, significava ser coerentes com os nossos deveres de trabalhadores, certos que Deus – que vê tudo – nos teria ajudado. Depois de três meses de contatos e audiências com o Ministro das Finanças, com alegria recebemos a notícia da suspensão da multa. Os funcionários, de fato, ficaram tocados com a nossa honestidade e com o gesto voluntário de restituir o dinheiro ao Estado. Experimentamos concretamente a resposta de Deus a quem o ama e busca ser coerente com os valores cristãos. Recentemente tivemos que apresentar o balanço da nossa ONG. O Conselho Fiscal concluiu que a nossa organização é uma referência para outras ONGs, pela transparência e o modo como enfrentamos juntos os problemas. A.G. – Luanda – Angola