Fev 29, 2012 | Palavra de Vida, Sem categoria
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.” Pedro tinha entendido que as palavras do seu Mestre eram diferentes das palavras dos outros mestres. As palavras que vão da terra para a terra pertencem à terra e têm o destino da terra. As palavras de Jesus são espírito e vida porque vêm do Céu. Elas são uma luz que desce do Alto e tem a potência do Alto. As suas palavras possuem uma densidade e uma profundidade que as outras palavras não têm, sejam elas de filósofos, de políticos, ou de poetas. São “palavras de vida eterna” (Jo 6,68) porque contêm, expressam e transmitem a plenitude daquela vida que não tem fim, porque é a própria vida de Deus. Jesus ressuscitou e vive. E as suas palavras, embora pronunciadas no passado, não são uma simples recordação, mas são palavras que Ele dirige hoje a todos nós e a cada pessoa de todos os tempos e de todas as culturas. São palavras universais, eternas. As palavras de Jesus! Devem ter sido a sua maior arte, se assim pudermos dizer. O Verbo, falando com palavras humanas: que conteúdo, que intensidade, que inflexão, que voz! “Um dia – conta-nos, por exemplo, Basílio Magno (330-379, bispo de Cesareia, um dos grandes Padres da Igreja) – como que despertando de um longo sono, olhei a luz maravilhosa da verdade do Evangelho e descobri a vaidade da sabedoria dos príncipes deste mundo.” (Ep. CCXXIII, 2) Teresinha do Menino Jesus escreve, numa carta de 9 de maio de 1897: “Às vezes, quando leio certos tratados espirituais… o meu pobre e pequeno espírito não demora em se cansar. Fecho o livro dos sábios, que despedaça a minha cabeça e resseca o meu coração, e tomo em mãos a Sagrada Escritura. Então, tudo se torna luminoso para mim; uma só palavra descortina horizontes infinitos à minha alma e a perfeição me parece fácil” (Lettera 202; Scritti, Postulação Geral dos Carmelitas Descalços, Roma 1967, p. 734). Sim, as palavras divinas saciam o espírito, feito para o infinito; iluminam interiormente não só a mente, mas todo o ser, porque são luz, amor e vida. Elas dão a paz – aquela que Jesus define sua: “a minha paz” – inclusive nos momentos de inquietação e de angústia. Dão alegria plena, mesmo em meio à dor que por vezes atormenta a alma. Dão força, sobretudo quando sobrevém a perplexidade e quando nos desencorajamos. Libertam, porque abrem o caminho da Verdade. “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna.” A frase deste mês lembra-nos que o único Mestre que queremos seguir é Jesus, mesmo quando as suas palavras podem parecer duras ou exigentes demais: ser honesto no trabalho; perdoar; preferir colocar-se a serviço do outro em vez de pensar de modo egoísta em si mesmo; permanecer fiel na vida familiar; assistir um doente terminal sem ceder à ideia da eutanásia… São muitos os mestres que nos induzem a adotar soluções fáceis, a fazer concessões. Queremos escutar o único Mestre e segui-lo, a Ele, o único que diz a verdade, que tem “palavras de vida eterna”. Assim também nós podemos repetir essas palavras de Pedro. Neste período de Quaresma, em que nos preparamos para a grande festa da Ressurreição, devemos colocar-nos efetivamente na escola do único Mestre e tornar-nos seus discípulos. Também em nós deve nascer um amor apaixonado pela Palavra de Deus. Vamos acolhê-la com atenção quando for proclamada nas igrejas; vamos ler a Palavra, estudá-la, meditá-la… Mas nós somos chamados, sobretudo, a vivê-la, de acordo com o ensinamento da Escritura: “Todavia, sede praticantes da Palavra, e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg 1,22). É por isso que nós, a cada mês, consideramos uma Palavra em especial, deixando que ela nos penetre, nos modele, “seja ela a viver em nós”. Vivendo uma Palavra de Jesus, vivemos todo o Evangelho, porque em cada uma de suas Palavras Ele se doa inteiramente, é Ele mesmo que vem viver em nós. É como se uma gota de sabedoria divina Dele, do Ressuscitado, lentamente fosse escavando-nos por dentro e substituindo o nosso modo de pensar, de querer, de agir em todas as circunstâncias da vida.
Chiara Lubich
Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em março de 2003.
Fev 29, 2012 | Sem categoria
Maria e John vivem há muitos anos na Itália. «Nós nos perguntamos – contaram ao dar o próprio testemunho por ocasião do aniversário de Renata Borlone – se, embora certos de sermos feitos um para o outro, poderíamos ser testemunhas de unidade na nossa família: eu americano e Maria austríaca, mergulhados na sociedade italiana». As diversidades entre eles são muitas e parecem contrapor-se: o novo continente americano e o velho mundo da Europa; a língua: entre si não falam nem alemão nem inglês, mas uma terceira língua, o italiano. Diversidade de cultura, de família de origem, de formação profissional e intelectual, de idade (13 anos de diferença), e ainda – é John que continua a contar – «simplesmente eu sou um homem e ela é uma mulher, com caráter, exigências e sensibilidades diferentes». «Um episódio emblemático dessa diversidade aconteceu justamente durante a lua de mel, na Sicília – ele continua -. Era tudo lindo, encantador… chegamos em Selinunte e Maria exclamou, entusiasmada: “Que lindos estes templos, falam de um passado maravilhoso”. E eu: “Para que servem estas pedras velhas e colunas meio quebradas? Seria melhor demoli-las para construir um grande edifício”. Onde seria o nosso ponto de encontro? Convencidos do projeto de amor que Deus tinha para nós intuimos que não seriam nem os templos (= história), nem os arranha-céus (= terra jovem e nova), nós nos encontraríamos na acolhida entre nós».
«E saber “acolher-se” foi o que Renata ensinou-nos com a sua vida. Ela possuia uma arte especial para escutar, para ela o outro estava absolutamente em primeiro lugar. Sentia-me totalmente acolhida, entendida, amada». É Maria que conta, narrando alguns momentos difíceis vividos no matrimônio. «Não entendia mais o meu marido. O seu modo de ser e de pensar me colocava em crise, mas nós já tinhamos quatro filhos pequenos. Uma noite eu tinha a impressão de não conseguir mais, e corri até Renata. Lancei sobre ela a minha grande dúvida: tinha errado ao casar-me com John! Como sempre ela me escutou, tomando sobre si o meu sofrimento, e depois, com uma certeza inabalável, ela me recordou que quando havia me casado eu tinha certeza que John era a pessoa certa para mim, apesar das nossas diferenças. Naquela noite eu adquiri novas forças. Sim, nós iríamos conseguir amar-nos até o fim!». «Ainda hoje, após 40 anos de vida juntos – John conclui – experimentamos o quanto é verdadeiro que se acolhemos as nossas diversidades, no positivo, como algo que pode nos enriquecer e completar, então nasce e renasce uma nova harmonia entre nós».
Fev 28, 2012 | Sem categoria
Fev 28, 2012 | Sem categoria
Prof. Luigino Bruni, em seu artigo publicado na revista Nuova Umanità, o senhor descreve de maneira singular a pessoa do empresário. Poderia explicar-nos como as figuras do investidor, do manager, do especulador, terminaram por confundir-se com a do “empresário-inovador”?
Muito depende da revolução das finanças que investiu a economia (práxis e teoria) nos últimos 20 anos (…) por efeito da globalização. O ocidente desacelerou seu crescimento, mas não quis reduzir os consumos. A finança criativa prometeu, então, uma fase de crescimento dos consumos sem crescimento de renda, com novos instrumentos técnicos. Com isso muitos empresários transformaram-se em especuladores, pensando em ter lucros especulando, deixando os seus tradicionais setores e a sua vocação. Uma segunda razão foi a uniformização das culturas empresariais, que seguiram o rastro do forte poder da cultura anglo-saxã. A tradição europeia, e italiana, de gestão das empresas era caracterizada por uma grande atenção à dimensão comunitária e social, devido à presença de um paradigma católico-comunitário. Juntamente com a primeira causa, a revolução financeira, isto fez com que os managers assumissem uma função cada vez mais central nas grandes empresas, em detrimento dos empresários tradicionais. Atualmente existe uma enorme exigência de lançar um modo novo de ser empresário – se queremos sair da crise – e reduzir o peso dos especuladores. Partindo da Teoria do desenvolvimento econômico de Schumpter, o senhor descreve o mercado como um “revezamento virtuoso” entre inovação e imitação (…), porém, para o inovador o lucro está essencialmente circunscrito no tempo que passa entre a inovação e a imitação. Como evitar que tal “revezamento virtuoso” termine por causar um dano recíproco entre empresas?
Neste aspecto a política tem uma função importante, e também as instituições, que devem fazer com que este revezamento seja virtuoso e não vicioso, com a normatização oportuna e a garantia da concorrência e do funcionamento correto dos mercados. Mas uma função igualmente importante é a da sociedade civil; com a própria opção de compra os cidadãos-consumidores devem premiar as empresas que tem comportamentos eticamente corretos, e “punir” (mudando a escolha da empresa) aquelas que têm atitudes predatórias e agressivas. O mercado funciona e produz frutos quando está em constante relação com as instituições e com a sociedade civil. Enfim, o senhor delineia as características da “concorrência civil”, na qual a competição não é jogada na fórmula: Empresa A contra Empresa B para conseguir o cliente C, mas sim na fórmula: Empresa A pró cliente C e Empresa B pró cliente C. Pode explicar os efeitos positivos que este modo diferente de ver a concorrência produz? E poderia nos dar exemplos de “concorrência civil”?
Primeiramente contribui para que se estabeleça um clima afetivo diferente nos intercâmbios de mercado. A nossa leitura e visão do mundo é muito importante para os comportamentos que assumimos. Se vemos o mercado como uma luta a ser vencida, quando vivemos momentos de intercâmbio, no mercado ou no trabalho, a nossa tendência é aproximar-nos dessas esferas com uma atitude mental e espiritual que influencia muito os resultados que vamos obter e a felicidade (ou infelicidade) que sentimos. Se, ao contrário, vemos o mercado como um grande network de relações cooperativas, favorecemos a criação de bens relacionais, inclusive nos momentos “econômicos” da nossa vida, e a felicidade individual e coletiva aumenta. Além disso, fazer uma leitura do mercado como cooperação é mais consonante com a visão dos grandes clássicos da história do pensamento econômico (Smith, Mill, Einaudi, e hoje Sen ou Hirschman) e mais próximo a quanto milhões de pessoas experimentam todo dia trabalhando ou negociando, e não apenas na economia social. E como exemplos de “concorrência civil” eu citaria o microcrédito, a cooperação social, a economia de comunhão, o comércio équo e solidário. São exemplos dessa concorrência civil, ao menos como fenômenos macroscópicos.
Fev 26, 2012 | Focolare Worldwide
A União de 50 estados, conhecida como Estados Unidos da América estende-se sobre um vasto território, do extremo noroeste do Alasca ao extremo sul da Flórida.
Os primeiros focolarinos chegaram da Itália, em 1961. Naqueles anos abriram-se os primeiros centros em Manhattan, Chicago e Boston, no final da década de 1970, em San Antonio e Los Angeles, e em seguida em Washington D.C., Columbus e Atlanta. A Mariápolis Luminosa, situada em Hyde Park (Nova Iorque) foi inaugurada em 1986 e é o coração do Movimento na América do Norte. “Fui profundamente tocada por este país, tive dele uma ótima impressão – escreveu Chiara Lubich em 1964, durante a sua primeira viagem a Nova Iorque – (…) parece-me feito especialmente para o espírito do Focolare. Não existe clima de superioridade étnica, mas um claro sentimento de internacionalidade. Existe a simplicidade. Durante a Missa rezei pelo Movimento neste continente e espero que Deus escute a minha oração, porque estou rezando pela difusão do Seu reino”.
A sua oração foi ouvida. Com o tempo floresceram comunidades em todo o país. O crescimento do Movimento dos Focolares levou ao desenvolvimento do diálogo com outras religiões. Com os judeus que têm contato com a espiritualidade da unidade o diálogo exprime-se na vida cotidiana, na colaboração profissional e no estudo teológico. Um fraterno “diálogo da vida” é vivenciado com os muçulmanos, seguidores do imã W. D. Mohammed, em todos os pontos do país. Chiara visitou os Estados Unidos sete vezes. Em 1990 confirmou ter “percebido vários sinais do mundo unido” nesta terra. Em maio de 1997, convidada pelo imã W. Deen Mohammed, falou da espiritualidade da unidade a cerca de três mil muçulmanos, reunidos na Mesquita Malcolm Shabazz, no Harlem. Em seguida falou sobre a unidade dos povos, no Palácio de Vidro da ONU, num simpósio organizado pela Conferência Mundial das Religiões pela Paz (WCRP), em sua homenagem. E enfim foi-lhe conferido o doutorado honoris causa da Universidade do Sagrado Coração de Fairfield (Connecticut).
No ano 2000 o imã Mohammed convidou-a a retornar aos Estados Unidos: “A América precisa da sua mensagem”, afirmou. No dia 2 de novembro daquele ano, cinco mil pessoas, cristãs e muçulmanas, reuniram-se em Washington D.C. para um encontro promovido pelas duas comunidades, intitulado “Faith Communities Together” (comunidades de fé juntas). Encontros como esse multiplicaram-se em várias cidades, com eventos anuais que mais parecem encontros de família do que reuniões de diálogo. Durante a sua última viagem aos Estados Unidos, Chiara recebeu o doutorado honoris causa em pedagogia da Universidade Católica de Washington D.C., numa sala lotada por mais de três mil pessoas, entre as quais judeus, budistas, hindus e numerosos afro-americanos, para evidenciar a contribuição dada pelo Movimento dos Focolares ao diálogo entre as religiões. Durante esses anos o projeto Economia de Comunhão lançou suas raízes, com 19 empresas que atuam em diversos campos, como engenharia ambiental, arte, instrução, agricultura, consultoria.
A recente visita da atual presidente do Movimento dos Focolares, Maria Voce, e do copresidente, Giancarlo Faletti, por ocasião do 50º aniversário da chegada do Movimento na América do Norte, celebrado em 2011, reuniu 1.300 pessoas das muitas comunidades do Canadá, Estados Unidos e Ilhas Caraíbas, inclusive judeus e muçulmanos afro-americanos. E para celebrar os 50 anos foi lançado também o livro “Focolare – Vivendo a Espiritualidade da Unidade nos Estados Unidos”. O volume tenta responder às perguntas sobre o Movimento por meio de histórias convincentes de uma multiplicidade de americanos (crianças, jovens, casais, idosos, solteiros, sacerdotes e bispos, que fazem parte do Movimento), cujas vidas foram transformadas pelo encontro com Jesus. Dá aos leitores a possibilidade de descobrir os valores espirituais e práticos essenciais dos Focolares, os variados “percursos vocacionais” de seus membros e a sua eficácia no empenho de sustentar os valores da cultura americana, como a felicidade, a liberdade e o compromisso pelo bem comum na vida pública.
Mariápolis Luminosa
NI Encontro Jovens
NI celebrações 50 anos
Universidade Fordham – Catedral de São Patrício
Catedral de São Patrício
Focolarinos
Washington DC
Chicago – Jovens
Chicago – Encontro Inter-religioso