Movimento dos Focolares
Jordânia: primeira etapa da peregrinação do Papa Francisco

Jordânia: primeira etapa da peregrinação do Papa Francisco

“O diálogo pode conduzir a uma ação comum e benéfica, afirma o Rei Abdallah II, da Jordânia. Simples, mas, incisivas estas palavras que refletem a grandeza humana e espiritual do soberano e de toda a família Hachemita. Ele, de fato, acredita no diálogo e não está medindo esforços para colocá-lo em prática nesta parte do mundo que, há decênios, tem muitos desafios neste campo e onde não é nada fácil manter no alto a bandeira da convivência pacífica e da tolerância. 20140524PopeVisiteJordan3A acolhida ao Papa Francisco é uma ulterior demonstração concreta de uma pessoa que quer estabelecer relações ou reforçá-las, de quem quer, decididamente, trabalhar em conjunto pela concórdia e pela paz. E é impressionante constatar o quanto esta pequena nação, cuja grande maioria dos habitantes é muçulmana, está criando todas as condições para que a mais importante personalidade católica possa sentir-se em casa. Pelas ruas de Amã, há muitos dias, foi fixada uma quantidade enorme de fotografias de Francisco e Abdallah II, que se cumprimentam e, ao lado, uma palavra expressiva: “Maan” (Juntos). O Núncio Apostólico, Dom Giorgio Língua, entusiasmado, há dias nos confirmou que nota-se o quanto a família real faz tudo com entusiasmo, com o coração. Podemos afirmar que não existe nada de artificial, mas, é evidente que o país terá vantagens com esta visita, tanto em projeção quanto economicamente, se considerarmos somente uma maior promoção do turismo. Mas, isso demonstra inteligência e não falsidade. O Papa Francisco não poderia começar a sua peregrinação na Terra Santa senão aqui! Assim também o fizeram Paulo VI, em 1964, acolhido pelo Rei Hussein, naquela época ainda jovem; João Paulo II, no ano 2000 e Bento XVI, em 2009, ambos recebidos pelo Rei Abdallah II. Certamente não se esperam dias muito tranquilos nesta região cuja característica é a instabilidade. O conflito na Síria, país limítrofe, é um choque em todos os sentidos. Basta pensar que, na Jordânia, contam-se mais de um milhão de refugiados sírios e, também, uma quantidade enorme de iraquianos encontrou lá refúgio seguro. A Jordânia encontra-se na lista dos países mais carentes de recursos hídricos e, não obstante a pouca quantidade de água, a acolhida a todas estas pessoas nos oferece uma idéia da generosidade dos jordanianos. Não citamos aqui as vagas de trabalho, já escassas para os jordanianos, pode-se imaginar a situação atual, com o aumento da população que foi incrementada de ao menos 30% nos últimos dois anos, segundo as estimativas.

http://popevisit.jo/

http://popevisit.jo/

A igreja local, há meses, prepara minuciosamente a visita do Papa, no sábado, dia 24 de maio. Depois da acolhida no aeroporto, haverá a celebração da missa no Estádio de Amã e, em seguida, a peregrinação do Papa Bergoglio às margens do Rio Jordão, local do batismo de Jesus, onde está previsto um encontro com dezenas de pessoas portadoras de deficiência, voluntários e refugiados. Na manhã seguinte, domingo, o Papa deixa o país para continuar a peregrinação em Jerusalém. No aeroporto nós vimos uma senhora muito idosa proveniente de Bagdá, com muitos outros cristãos que chegavam dos países mais próximos. Aquela senhora causou-nos uma forte impressão: locomovia-se com dificuldade, não tem uma boa saúde, e nem condições para empreender uma viagem tão cansativa. E, ao invés, ela irradiava uma fé muito viva, a fé de alguém que compreende a importância de colocar a própria vida, o próprio povo, o futuro desta região aos pés do vigário de Cristo, o único que pode infundir uma nova esperança em dias melhores de convivência pacífica entre todos”. Fonte: Movimento dos Focolares da Jordânia

Jordânia: primeira etapa da peregrinação do Papa Francisco

Os refugiados sírios e o Papa Francisco

«Em Betânia Além Jordão, será uma mulher muçulmana que contará ao Papa a experiências dos refugiados da Síria. Depois dela irá falar um cristão iraquiano. Sim, porque – embora ninguém mais fale disso – aqui na Jordânia estão ainda mais de 500 mil refugiados iraquianos. E o país deles é um aonde as mortes continuam, exatamente como na Síria» . 20140524WaelSuleimanNa Terra Santa que espera pelo Papa existe uma vigília que decididamente não tem tempo para palcos e bandeiras: a de quem foi constrangido, pela guerra, a deixar a própria terra. Quem fala é Wael Suleiman, diretor da Cáritas Jordânia: um leigo, focolarino, de 40 anos, que já há três anos lida diariamente com as histórias e tragédias de quem foge da Síria. Nestes dias, que antecedem a chegada do Papa, chegou à Amã o presidente da Cáritas Internacional, o cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga, juntamente com o comitê executivo do órgão, que reúne os órgãos caritativos das conferências episcopais do mundo inteiro. Juntos estão analisando as intervenções que estão sendo feitas para a emergência Síria, mas também as feridas dramáticas que permanecem abertas. Desde 2012 a Cáritas na Jordânia atua com o campo de refugiados de Mafraq, e, em seguida, com o de Zarqa. 201405ProfughiSiriani2«Quantos são os refugiados sírios na Jordânia? As cifras do governo falam de 1.350.000 pessoas – responde Suleiman -. Mas vocês não podem entender profundamente o que isso significa para nós, jordanianos, se não consideram também todo o resto. Porque ao meu país, anteriormente, já tinham chegado os refugiados palestinos, em 1967. Depois foi a vez dos libaneses, nos anos 1980, e dos iraquianos na década de 90. E vocês sabem que, nos últimos dois anos, também os egípcios que possuem o visto de trabalho dobraram de número? Sim, havia um acordo entre os dois países, por isso muitos daqueles que fugiram da cidade do Cairo, por causa da violência, vieram para cá». É também por este motivo que na delegação, de cerca 400 pessoas, que irá encontrar o Papa em Betânia Além Jordão – o sítio arqueológico onde recorda-se o batismo de Jesus -, estarão também os pobres e portadores de deficiência da Jordânia. Na verdade é quase impossível delimitar os diferentes motivos de sofrimento: «Dizem que nós, jordanianos, não tivemos a guerra, e é verdade – continua o diretor da Cáritas Jordânia -. Mas todas as devastações criadas pelos conflitos nos países vizinhos tiveram grandes repercussões para nós. Penso nas escolas, onde hoje temos 50 alunos por classe, ou nas enormes dificuldades para garantir a água e a eletricidade para todos. A Jordânia também está sofrendo. E nos perguntamos: qual é o futuro do nosso país?»

20140524PopeVisiteJordan

http://popevisit.jo/

Em Betânia Além Jordão espera-se do Papa, portanto, principalmente uma palavra de esperança. O encontro com os pobres acontecerá numa igreja ainda em construção, neste sítio que o reino da Jordânia quis valorizar para as peregrinações cristãs, concedendo a cada confissão a possibilidade de construir uma nova igreja. A da igreja latina – cuja primeira pedra foi colocada por Bento XVI, em 2009 – tem só as paredes. Porém, já no mês de janeiro, o patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, presidiu nela a liturgia da peregrinação anual dos cristãos locais ao Jordão, na festa do batismo de Jesus. Um canteiro de obras que provavelmente tornar-se-á um símbolo também da reconstrução humana que os pobres e os refugiados buscam hoje, nesta duríssima periferia do mundo. «Muitos dos cristãos da Síria, que acolhemos aqui, perguntam: “Mas, Deus ainda existe?” – conta Suleiman -. É uma pergunta que contém todo o desespero deles. E também o nosso penar de hoje, para dar uma resposta». Fonte: Vatican Insider