Abr 28, 2017 | Sem categoria

Benjamin Barber – Foto: John FOLEY/Opale
No dia 24 de abril, após uma rápida doença, faleceu, em Nova Iorque, o professor Benjamim Barber. Tinha 77 anos. Deixa a esposa, Leah, e a filha, Cornélia. Um filósofo da política, autor de vários livros, entre os quais o best-seler “Jihad Vs. McWorld”, Barber dedicou até o último instante, e com ardor, a sua vida aos temas da cidadania e da democracia. Estava convencido de que os grandes desafios da interdependência poderiam ser resolvidos de maneira construtiva se os cidadãos se comprometessem em viver as virtudes cívicas e fossem ativos na participação política. Cético diante da capacidade dos estados-nações de dar respostas eficientes aos desafios globais contemporâneos (das mudanças climáticas ao terrorismo, da imigração à pobreza), nos últimos anos Barber enfatizou o protagonismo indispensável das cidades. No seu livro “Se os Prefeitos governassem” demonstrou como as cidades respondem hoje, de forma mais eficaz do que os estados, aos problemas do nosso mundo interdependente. Por isso, com a paixão e a tenacidade que sempre o caracterizaram, Barber fez nascer o Parlamento Mundial dos Prefeitos, ao qual já aderiram 49 prefeitos, de vários países. Conheci Barber logo após o dia 11 de setembro de 2001, na casa do jornalista italiano Antonio Monda, em Nova Iorque. Jantamos juntos, com Leoluca Orlando, e Barber falou-nos de uma nova iniciativa: promover a Jornada Mundial da Interdependência, que seria celebrada a cada dia 12 de setembro, um dia após o aniversário do ataque às Torres Gêmeas e ao Pentágono. Para ele, a resposta ao ataque do 11 de setembro não podia ser militar, mas devia nascer de um empenho comum para encontrar soluções adequadas e sustentáveis aos grandes desafios globais, que não poderiam surgir de maneira isolada. Recordando que os Estados Unidos nasceram com a Declaração de Independência, Barber salientou a necessidade de uma nova Declaração de Interdependência. Em seguida, colaborei diretamente com Barber na organização da Primeira Jornada da Interdependência, simbolicamente celebrada em Filadelfia. Juntos, pensamos e organizamos a segunda edição da Jornada, em Roma, em 2004, com a contribuição essencial do Movimento dos Focolares. Foi nessa ocasião que tive o privilégio de apresentar Chiara Lubich ao professor Barber, e ser testemunha de vários encontros que tiveram, nos anos 2003 e 2004. Recordo que no final do primeiro encontro, em junho de 2003, em Rocca di Papa, após tê-lo escutado atentamente, Chiara observou que o conceito de interdependência era importante, mas não suficiente. Disse Chiara a Barber, naquele primeiro encontro: “Não é necessária só a interdependência, mas a comunhão. É preciso que os bens se movam. Mas os bens não se movem sozinhos, e por isso é preciso mover os corações. Por isso eu falo da fraternidade universal, que nós realizamos ainda entre as pessoas individualmente, entre grupos, mas se começássemos a construir esta fraternidade entre as nações, resolveríamos o problema do terrorismo pela raiz”. Barber respondeu: “Sim. A expressão ‘interdependência’ é a versão branda da palavra ‘comunhão’. É o primeiro passo para a comunhão”. E acrescentou: “A democracia é também uma tarefa do espírito, inicia com o hábito do coração e depois exprime-se em termos seculares. Por isso, muitas vezes, a separação entre o espiritual e o secular é algo forçado”. O diálogo entre Barber e Chiara Lubich vibra ainda hoje pela sua absoluta atualidade. Resta-nos a sua preciosa herança de um compromisso intelectual e cívico para gerar uma cidadania global, que nos conduza mais próximos à unidade. Aldo Civico Fonte: Città Nuova