Movimento dos Focolares
“Aldeia pela Terra”: o cuidado da Criação é um objetivo comum

“Aldeia pela Terra”: o cuidado da Criação é um objetivo comum

Em Roma a quarta edição Proteger a terra e o homem, identificando percursos e objetivos comuns. Com essa intenção associações, profissionais e instituições civis ed eclesiais encontram-se, de 25 a 29 de abril, na “Villa Borghese” (Roma-Itália), para a quarta edição da “Aldeia pela Terra”. Promovido por Earth Day Itália e pelo Movimento dos Focolares, o evento visa a contribuir para a realização dos 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda ONU para o ano 2030 e à atuação dos princípios expressos pelo Papa Francisco na encíclica “Laudato si”. Antonia Testa, co-responsável pelo Movimento dos Focolares de Roma, conta como nasceu a amizade entre o Movimento e Earth Day Itália: “Conhecemo-nos em novembro de 2015 por ocasião da caminhada pela ‘Laudato si’ que o Vicariado de Roma tinha pedido a Earth Day para organizar. Depois, sabendo que queríamos realizar a Mariápolis, o encontro anual dos Focolares, no coração de Roma – segundo o desejo da fundadora do Movimento Chiara Lubich – Earth Day ofereceu-se para hospedar-nos nos espaços onde há vários anos eles celebram a Jornada Mundial da Terra. Foi um encontro providencial: eles, uma empresa de promoção social, voltada a criar opinião sobre temas ambientais, e nós, um povo comprometido com entusiasmo em várias frentes e com o desejo de mostrar quanto bem e beleza Roma pode dar”. O Papa visitou “A Aldeia” em 2016, encorajando os presentes a continuarem comprometidos em “transformar o deserto em floresta”. Ele não se referia apenas ao ambiente físico, mas também aos lugares humanos onde falta a vida… “O Papa falou-nos de amizade social. Viu diante de si este povo – composto também de imigrantes, imã, ex-detentos, jovens viciados em jogos de azar – uma floresta desordenada mas cheia de vida. A frase “transformar os desertos em floresta” tornou-se a nossa missão”. villaggio per la terraDe que modo a “Aldeia pela Terra” pretender ser uma resposta ao pedido do Papa? “’A Aldeia’ quer ser um modelo, um espaço onde cada um sente-se parte de uma comunidade, e onde pode-se experimentar que as relações fraternas – que são a raiz da ecologia integral – são possíveis, que a parte que cada um pode fazer não é tao pequena se for compartilhada, que o compromisso para alcançar as metas da sustentabilidade no desenvolvimento econômico está bem colocado”. Os conteúdos têm como ponto de partida a encíclica “Laudato si’” e a Agenda ONU 2030. Por que a escolha de dedicar uma atenção especial à Amazônia? “A Amazônia é simbolo da biodiversidade ambiental mas também étnico–cultural. Seguindo a linha do Sínodo dos Bispos, que abordará este tema no próximo outono, ‘a Aldeia’ quer acender um farol sobre estes aspectos e colocar a atenção para o empenho da Igreja na Amazônia. Na Aldeia estão presentes os Franciscanos Capuchinhos, que têm uma Missão na Amazônia há mais de 100 anos; Survival International, que celebra os 50 anos de atividade em favor dos povos indígenas, e Pátio dos Gentios do Pontifício Conselho para a Cultura”. Ir ao encontro do homem nos vários ambientes de vida é um outro caminho de evangelização… Villaggio 3 “Como não lembrar as palavras de Chiara Lubich: ‘perder-se na multidão para impregná-la do divino’. Na ‘Aldeia’ estamos rodeados por 200 associações e dezenas de relatores, desportistas, artistas e pessoas de passagem. Temos apenas um instrumento, o coração, e o compromisso compartilhado é aquele de querer bem a cada um. Muitas vezes, vemos realmente desertos que se transformam em florestas e não podemos não reconhecer a ação de Deus. Os relacionamentos pessoais amadurecem e semeamos as pérolas do Evangelho: o amor cristão vivido, o empenho social, a atenção aos mais fracos, a reciprocidade. Entre os espaços a serem alcançados há o universo dos jovens que, em relação ao tema da tutela do ambiente, querem ser protagonistas. Que espaço eles têm na Aldeia pela Terra? “No dia 29 de abril, estão na ‘Aldeia’ estudantes das escolas e das universidades que, através do ‘service learning’ ajudam a aprofundar os 17 objetivos da Agenda ONU. Um serviço volontário iniciado no ano passado com a Universidade Católica do Sagrado Coração, e que este ano envolve estudantes das universidades pontifícias e jovens que vieram de outras nações através da Fundação Scholas Occurrentes.

Claudia Di Lorenzi

Sri Lanka: é a hora de construir pontes

Enquanto o mundo ainda está atônito e o povo do Sri Lanka se une para chorar as vítimas do terrível atentado da Páscoa, nos chega a mensagem de Suchith Abeyewickreme, jovem ativista pela paz e cofundador de uma rede inter-religiosa de jovens. O que podemos fazer pelo povo do Sri Lanka, após o horror que viveu em seguida aos atentados terroristas da Páscoa? Vendo as imagens de tanto horror, quantas vezes experimentamos aquela sensação de impotência diante da violência em ação ou a impossibilidade de aliviar a dor de quem chora os próprios mortos. E, no entanto, uma estrada existe: “Deus nos desafia a acreditar no Seu amor e a ir em frente com coragem pelo caminho da paz e da unidade”, como escreveu a presidente dos Focolares, Maria Voce, a Suchith Abeyewickreme, jovem líder de uma rede inter-religiosa cingalesa. No dia 25 de abril, ele escreveu uma mensagem a todos os membros dos Focolares no mundo, que publicamos integralmente em seguida: Prezados amigos do Focolare, Eu lhes falo do Sri Lanka, onde choramos as perdas por causa dos recentes ataques do domingo de Páscoa na nossa bonita ilha. Estamos chocados, tristes e abalados por estes eventos sem precedentes. A nossa prioridade é a assistência às vítimas e às suas famílias. Apoiamos os esforços uns dos outros nas várias comunidades. Após os ataques, muitos de nós saíram para doar sangue, ajudar as vítimas e doar socorros e provisões médicas. Agora estamos prestes a dar juntos a saudação final àqueles que perdemos. Nesta ocasião, estamos conscientes de que estes atos de terrorismo almejam causar destruição e medo, suspeita e divisão nas nossas comunidades. Ficando lado a lado, nós, cingaleses cristãos, budistas, hindus, muçulmanos e de outras tradições religiosas e culturais, dizemos a quem nos impõe o terror, que não permitiremos que alcancem os seus objetivos. Compreendemos que em tais ataques, aquilo que segue as destruições físicas e a morte é o medo, a suspeita, o ódio e a divisão. Houve reações de ódio, mas temos que dizer que a maioria dos cingaleses mostrou empatia e atenção uns pelos outros. Estamos trabalhando duramente para garantir que estes gestos por obra de poucos extremistas não acabem por ser utilizados para discriminar e alienar pessoas inocentes ou comunidades inteiras. Estes eventos se verificaram quando no Sri Lanka estávamos para comemorar os 10 anos do final do conflito armado que durou 26 anos. Como sociedade, temos muitas feridas passadas a serem sanadas, mas agora estamos feridos de novo. Mas o povo do Sri Lanka é forte e resistente. Trabalharemos juntos para curarmos nós mesmos e a nossa sociedade. É neste momento difícil que devemos praticar as virtudes da compaixão, do amor, da empatia, da responsabilidade e da paz, guiados pelos nossos ensinamentos espirituais. Devemos nos elevar acima da divisão para reconhecer a nossa conexão e humanidade compartilhada. O apelo que lhes fazemos não é para que façam doações. Com o nosso apelo pedimos o tempo de vocês e o empenho de vocês para reforçar o trabalho nas suas comunidades, que construam pontes para além das divisões, para intensificar as vozes moderadas e apoiar a não violência. No mundo inteiro existe muita polarização, discriminações, ódio e violência que proporcionam um terreno ideal para o extremismo violento. Devemos trabalhar juntos para sermos os líderes sensíveis, empáticos e responsáveis deste mundo, para curar as suas feridas. “A escuridão não expulsa a escuridão: só a Luz pode fazê-lo. O ódio não expulsa o ódio: só o Amor pode fazê-lo”. Obrigado pela solidariedade de vocês para conosco aqui no Sri Lanka, neste momento tão difícil. Desejo-lhes saúde, felicidade e paz.

Obrigado, Suchith Abeyewickreme

Ativista pela paz, Cofundador Interfaith Colombo and Interfaith Youth Network Global Council Trustee, United Religions Initiative