Klara Sorg
- Data de óbito: 10/04/2020
- Ramo de pertença: Volontaria
- Nação: Alemanha
Para New Humanity, Ong dos Focolares, o tempo da paz na Síria é agora. O apelo enviado ao Secretário Geral das Nações Unidas, à Comissão e ao Parlamento Europeu. Adesão de numerosas autoridades políticas, civis e religiosas. “Pedimos que se promova a suspensão das sanções econômicas ao governo sírio, de modo que o povo tenha acesso aos mercados e serviços financeiros internacionais e receba os suprimentos médicos e recursos necessários para defender-se do vírus COVID 19”. Esta é a síntese do apelo promovido por New Humanity, Ong dos Focolares, em resposta – tempestiva – ao grito da população síria, que chegou ao décimo ano de guerra civil e agora é gravemente provada pela pandemia que chegou ao país. E não só: ao grito do povo unem-se as vozes de personalidades do mundo inteiro. Há poucos dias, Antònio Guterres, Secretário Geral da ONU, fez uma mensagem sobre a circunstância que nos coloca, todos unidos, no combate ao inimigo comum: “Ao vírus não interessam nacionalidades, grupos étnicos, credos religiosos. Ele ataca todos, indistintamente. No entanto, conflitos armados se enfurecem no mundo. E são os mais vulneráveis – mulheres e crianças, pessoas com deficiência, marginalizados, desabrigados – que pagam o preço e arriscam sofrimentos e perdas devastadoras causadas pelo Covid 19”. “Já foram feitos centenas de apelos com fins humanitários pela Síria – explica Marco Desalvo, presidente da Ong – mas agora nos encontramos numa situação excepcional. Se, por um lado, o Covid 19 coloca-nos todos no mesmo grau de vulnerabilidade, a resposta que os nossos estados têm condições de dar são fortemente desiguais. Redigimos este apelo para o Secretário Geral das Nações Unidas, e para as instituições europeias, para pedir a suspensão, ao menos temporária, do embargo a qualquer recurso médico e para as transações financeiras, para que a Síria possa reabastecer-se de remédios e material sanitário”. “Este apelo não entra no mérito das diversas posições políticas – explica Lucia Fronza Crepaz, ex-deputada do Parlamento italiano, uma das promotoras do apelo – ao contrário, quer ir além das partes, porque o objetivo da salvaguarda da população síria está acima de qualquer orientação política ou ideológica”. Ao apelo já aderiram vários expoentes do mundo político, acadêmico, científico, religioso e civil italiano e não só, como Romano Prodi, o subsecretário para o trabalho e as políticas sociais, senador Steni Di Piazza, Patrizia Toia e Silvia Costa, pe. Luigi Ciotti, fundador do Grupo Abele Onlus e de Libera, Giovanni Paolo Ramonda, responsável geral da Associação Papa João XXIII (APG23), Michel Veuthey, docente de direito internacional na Webster University (Suíça), Andrea Olivero, presidente emérito da ACLI, Cornelio Sommaruga, ex-presidente da Cruz Vermelha Internacional, P. Bahjat Elia Karakash, ofm. Superior dos frades franciscanos em Damasco. Assina a petição em change.org
Stefania Tanesini
Este ano, para muitos cristãos, os dias da Semana Santa e da Páscoa – que as Igrejas ocidentais celebram em 12 de abril, enquanto as Igrejas ortodoxas e as Igrejas ortodoxas orientais em 19 de abril – serão uma experiência especial. Devido à pandemia do Coronavírus, eles não poderão participar fisicamente das celebrações litúrgicas. No texto a seguir, do ano 2000, Chiara Lubich dá algumas indicações sobre como viver esses “dias sagrados”. Hoje é Quinta-feira Santa. E nós que, devido à nossa espiritualidade que nasceu do carisma que o Espírito Santo nos concedeu, o sentimos muito especial, não podemos deixar de fazer hoje uma pausa para meditar um pouco, contemplar, procurar reviver os mistérios que este dia nos revela, juntamente com os da Sexta-feira Santa, do Sábado de Aleluia e do Domingo de Páscoa. Podemos resumir cada um destes dias com uma palavra que exprime, ou melhor, “grita” há mais de 50 anos no Movimento o nosso “dever ser”: Amor, a Quinta-feira Santa; Jesus Abandonado amanhã, a Sexta-feira Santa; Maria, o Sábado de Aleluia; o Ressuscitado, o Domingo de Páscoa. Portanto hoje, o Amor. A Quinta-feira Santa – e neste dia muitas vezes experimentamos, ao longo dos anos, a doçura de uma particular intimidade com Deus – nos recorda aquela profusão de amor que o Céu derramou sobre a terra. Amor, primeiramente, é a Eucaristia, que nos foi doada neste dia. Amor é o sacerdócio, que é serviço de amor e nos dá também a possibilidade de ter a Eucaristia. Amor é a unidade, efeito do amor que Jesus, num dia como este, implorou ao Pai: “Que todos sejam um como eu e tu” (Jo 17, 21). Amor é o mandamento novo que Jesus revelou neste dia antes de morrer: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35). Este mandamento nos permite viver aqui na terra segundo o modelo da Santíssima Trindade. Amanhã: Sexta-feira Santa. Um único nome: Jesus Abandonado. Ultimamente escrevi um livro sobre Jesus Abandonado intitulado: “O Grito”. Eu o dediquei a Ele com a intenção de escrevê-lo também em nome de vocês, em nome de toda a Obra de Maria, “como – esta é a dedicatória – uma carta de amor a Jesus Abandonado”. Nele falo sobre Jesus, que, na única vida que Deus nos concedeu, um dia, um dia específico, diferente para cada um de nós, nos chamou para segui-lo, para doarmo-nos a Ele. É compreensível então – e ali eu o declaro – que todas as minhas palavras naquelas páginas não podem ser um discurso, mesmo familiar, caloroso, íntimo, sincero; mas querem ser um canto, um hino de alegria e, acima de tudo, de gratidão a Ele. Ele tinha doado tudo: viveu ao lado de Maria suportando dificuldades e sendo obediente. Três anos de pregação; três horas na cruz, de onde perdoa os seus algozes, abre o Paraíso ao Bom Ladrão, doa sua Mãe a nós. Restava-lhe a divindade. A sua união com o Pai, a doce e inefável união com ele, que o tinha tornado tão potente aqui na terra, como filho de Deus, e tão majestoso na cruz, a presença sensível de Deus devia retrair-se no fundo de sua alma e tornar-se imperceptível, de alguma forma devia separá-lo daquele com quem ele disse ser uma coisa só, até gritar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46). Depois de amanhã é Sábado de Aleluia. Maria está sozinha. Sozinha com seu filho-Deus morto. Um abismo de angústia inconsolável, um sofrimento dilacerante? Sim, mas ela permanece firme, de pé, tornando-se um exemplo excelso, um monumento de todas as virtudes. Maria espera, acredita. As palavras de Jesus que anunciavam a sua morte, mas também a sua ressurreição, talvez tenham sido esquecidas por outros, porém nunca por Maria: “Conservava estas palavras, com todas as outras, no seu coração e as meditava” (cf. Lc 2, 51). Portanto, Maria não sucumbe à dor: espera. E, finalmente, o Domingo de Páscoa. É o triunfo de Jesus ressuscitado que conhecemos e revivemos também em nós pessoalmente, no nosso pequeno âmbito, após termos abraçado o abandono ou quando, unidos realmente no seu nome, experimentamos os efeitos da sua vida, os frutos do seu Espírito. O Ressuscitado deve estar sempre presente e vivo em nós neste ano 2000, no qual o mundo deseja ver não só pessoas que acreditam e de alguma forma o amam, mas que são também testemunhas autênticas, que podem dizer a todos por experiência, como a Madalena disse aos Apóstolos após ter encontrado Jesus perto da sepultura, aquelas palavras que conhecemos, mas que são sempre novas: “Nós o vimos!” Sim, nós o descobrimos na luz com que nos iluminou; o tocamos na paz que nos infundiu; ouvimos a sua voz no íntimo do nosso coração; saboreamos a sua alegria incomparável. Lembremos, então, nestes dias, essas quatro palavras: amor, Jesus Abandonado, Maria, o Ressuscitado.
Chiara Lubich
(em uma conexão telefônica, Castel Gandolfo, 20 de abril de 2000) Tirado de: “Le 4 parole”, in: Chiara Lubich, Conversazioni in collegamento telefonico, pag. 588. Città Nuova Ed., 2019.