Movimento dos Focolares

Baier e Kronreif: “Dialop é um modelo de diálogo nestes tempos de polarizações”.

Jan 22, 2024

Há mais de 10 anos, Walter Baier e Franz Kronreif iniciaram em Viena um caminho entre marxistas e católicos na perspectiva – ousada na época e ousada hoje – de elaborar uma ética social compartilhada com base em um projeto de diálogo transversal, denominado Dialop, lançado em 2014. Baier, político, é atualmente presidente da Esquerda Europeia, Kronreif é um arquiteto, membro do Movimento dos Focolares.

Há mais de 10 anos, Walter Baier e Franz Kronreif iniciaram em Viena um caminho entre marxistas e católicos na perspectiva – ousada na época e ousada hoje – de elaborar uma ética social compartilhada com base em um projeto de diálogo transversal, denominado Dialop, lançado em 2014. Baier, político, é atualmente presidente da Esquerda Europeia, Kronreif é um arquiteto, membro do Movimento dos Focolares. A que resultados se chegou com a Conferência dos dias passados no caminho de Dialop? Baier: “É difícil dar uma resposta agora porque ainda temos que avaliar as coisas entre nós. Li várias vezes o discurso que o papa Franscisco fez e descobri novos aspectos. Isso quer dizer que devemos refletir atentamente”. De qualquer jeito, com certeza o encontro com o papa abre um novo capítulo entre a Esquerda na Europa e a Igreja Católica. O papa falou justamente coisas que também nos movem, ou seja, dar preferência para os pobres, defender a Mãe-Terra, os direitos dos imigrantes, o direito pela vida”. Kronreif: “O que mais me impressionou é que o papa realmente quis esse encontro com representantes de Dialop. Desde o início, vimos que se sentia muito bem com o nosso grupo, metade católico, metade marxista. Falou muito livremente e construiu relações acolhendo também as perguntas. Ele nos encorajou a prosseguir com o diálogo, porque o diálogo é fundamental hoje. Também destacou a luta contra a corrupção. E então nos convidou a sonhar com um futuro melhor, porque com os sonhos podemos conseguir romper os esquemas”. Baier: “Também é muito importante o que aconteceu no Instituto Universitário Sophia, em Loppiano. Acho que é uma nova etapa do diálogo. Demonstra o quanto é rico saber que conseguimos mobilizar. A pré-condição para isso é que conseguimos criar um espaço no qual todos os participantes conseguiram se expressar. Do lado marxista, todas as contribuições foram não-ortodoxas. Se tivéssemos dito essas coisas há dez anos, nossos partidos socialistas ou comunistas teriam nos expulsado”. Por exemplo? Baier: “Como nos movemos como marxistas com o vértice da Igreja Católica é algo inédito. E a autocrítica que começamos a fazer com relação a nossas contradições. Isso só é possível neste tipo de diálogo que criamos em Sophia. E destaco que, nesta experiência de diálogo, a outra parte consegue ativar a melhor parte de nós”. Quais perspectivas se abriram com essa etapa que se iniciou em 2024? Baier: “Para mim, como político, é importante que consigamos mobilizar a sociedade e a opinião pública sobre os temas da justiça, da ecologia integral, sobretudo da paz. Mesmo que não devamos nos iludir. Não se trata tanto de discursos, mas de um confronto com poderes fortes. Isso requer decisões democráticas e é necessário a maioria sobre tais temas. Acho que devemos desenvolver o nosso diálogo nessa direção”. Kronreif: “A perspectiva que surgiu é que constatamos que no nosso diálogo conseguimos dar vida a uma experiência de verdadeiro encontro que pode se alargar a outros diálogos ou integrar outros assuntos no nosso diálogo. Já temos um método e uma experiência tão radicada e vivida, que estamos mais abertos a integrar outros componentes. E pode resultar em um método democrático útil para como tratar e enfrentar certos temas nos parlamentos, na sociedade e na opinião pública, na qual agora prevalece uma cisão muito forte e uma radicalização sobre posições extremas”.

Paolo Lòriga

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