No contexto da situação atual no Oriente Médio, o Movimento dos Focolares na Jordânia torna pública uma declaração – compartilhada por todo o Movimento dos Focolares – na qual se faz um apelo à paz e manifesta-se o próprio compromisso na ajuda a todos os que são vítimas da violência. “Nós, cristãos e muçulmanos do Movimento dos Focolares na Jordânia, queremos exprimir a nossa grande desolação por aquilo que está acontecendo nestes dias nestas horas no Oriente Médio. Na Síria, uma guerra que já dura três anos e está destruindo uma nação, constrangendo milhões de pessoas a refugiar-se para sobreviver. O conflito em Gaza, que não poupa civis e crianças inocentes, evidencia uma situação não resolvida entre dois povos e a falta de um compromisso sério e articulado da comunidade internacional para contribuir para a sua resolução. Ultimamente, o avanço de uma milícia de extremistas do norte do Iraque está semeando o terror entre membros de religiões diferentes, obrigando-os a viver como refugiados no próprio país. Entre estes, mais de cem mil cristãos, há quase dois mil anos enraizados nessa terra, foram obrigados a deixar as próprias casas durante a noite. Uma verdadeira catástrofe! A tudo isso acrescenta-se a destruição deliberada do patrimônio religioso e cultural deles, que é também patrimônio da humanidade inteira.
Nós estamos empenhados em fazer o possível para aliviar o sofrimento daquelas pessoas (muitas nós conhecemos pessoalmente), antes de tudo rezando por elas, mas também angariando fundos para suprir suas necessidades mais urgentes e abrindo as nossas casas para acolhê-los se fosse necessário. Ao mesmo tempo exortamos toda a comunidade internacional a mobilizar-se a fim de que essas comunidades ameaçadas, no Iraque, possam voltar o mais breve possível às suas casas! Condenamos qualquer ato de violência contra a pessoa humana! Condenamos a produção e venda sem controles de armas de guerra, qualquer que seja a instituição que as financia, assim como todos aqueles que as colocam nas mãos de grupos terroristas e subversivos. Queremos destacar, principalmente para os eventos no Iraque, que quem realiza estes atos abomináveis não tem religião e, se declara possuí-la, nada mais faz do que subvertê-la. A essência da religião é o encontro entre Deus, o homem e toda a criação. Estamos cansados que a religião seja instrumentalizada com o objetivo de dividir a humanidade e fomentar o conflito. Estamos indignados com quem – grupos, pessoas ou Estados – tenha planos e estratégias para dividir-nos e criar guetos separados em locais onde há centenas de anos vive-se lado a lado. Estamos conscientes de que o diálogo entre pertencentes às comunidades cristãs e muçulmanas não é sempre fácil; mas queremos recordar que, há muito tempo, estão sendo feitos esforços notáveis para sanar as incompreensões, com um espírito de respeito recíproco, sabendo que o único Deus suscitou caminhos diferentes que convergem na mesma direção: a misericórdia, o amor, a compaixão, e todas as virtudes que somente Ele possui em plenitude. Ele nos criou à Sua imagem para vivê-las entre nós em harmonia, por isso queremos seguir os Seus ensinamentos, para construir as nossas sociedades sobre o alicerce do pluralismo, onde é respeitado o direito de cada cidadão ou comunidade a professar a própria fé, sem constrição. A Jordânia tem uma longa história de boa convivência entre cristãos e muçulmanos, e a última visita do Papa Francisco, convidado pelo nosso amado Rei Abdallah Ibn Al-Hussein, a reforçou ainda mais, com um grande impulso a trabalharmos juntos, mais intensamente, pelo bem da sociedade. Também nós, Focolares na Jordânia, queremos confirmar o nosso empenho a trabalhar lado a lado para construir uma sociedade pacífica e harmoniosa, na defesa da dignidade de cada ser humano – prescindindo da convicção religiosa, da etnia, das tradições – e continuar com maior solicitude a realização de ações concretas para promover juntos a paz, a fraternidade e a salvaguarda da natureza. Estamos certos de que agindo assim podemos suscitar o bem, e sustentá-lo e aumentá-lo onde já existe. Estamos confiantes e seguros de que o mal não poderá jamais ter a última palavra. A fé em Deus nos garante, assim como o sólido relacionamento entre nós”. Amã, 13 de agosto de 2014
Reconstruir os relacionamentos
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