Jovens de cinco religiões e de várias denominações cristãs, especialmente selecionados como líderes no campo ambiental, reuniram-se na Mariápolis Luminosa, no estado de Nova Iorque, para refletir sobre a tutela do planeta entendido como “casa comum”. Guiados pelos ideais de Religiões pela Paz (RFP) e do Movimento dos Focolares, o encontro iniciou com uma análise sobre a atual realidade ambiental e a forte ligação entre a estabilidade global e as mudanças climáticas. Um fenômeno, este último, que exige um nova tomada de consciência inclusive na ótica da paz mundial, como subentendido no título dado ao evento. E que poderá encontrar soluções graças à sinergia entre pessoas pertencentes aos variados contextos religiosos. É o que desejavam os organizadores do debate, ocorrido no final de julho. Mesmo na variedade de credos, chegou-se à consciência compartilhada de que cada esforço pelo ambiente, quanto mais for feito “juntos” tanto mais terá a sua eficácia. Entre as intervenções, a do reverendo Richard Cizik (New Evangelical Partnership) e do rabino Lawrence Trost, especialista em bioética, que afirmou que “até 2050 poderemos ter 50 milhões de refugiados climáticos, com graves consequências sobre a convivência pacífica entre os povos”. Palavras reafirmadas por Asma Mahdi, oceanógrafo e membro da Green Muslims, ao evidenciar que são precisamente os países de maioria islâmica os mais vulneráveis. “Em Bangladesh, por exemplo, se o nível do mar continuar a crescer, até 2050 17% do território estará alagado, obrigando 18 milhões de pessoas a procurarem outro lugar”. Cifras alarmantes, assim como a de algumas ilhas da Polinésia em risco de submersão.
Entre os relatores estava ainda D. Joseph Grech, da Representação da Santa Sé junto à ONU, que citando algumas passagens da encíclica do Papa Francisco “Laudato si”, salientou como economia e ecologia caminham lado a lado, justamente porque qualquer ação nossa tem sempre um impacto sobre a natureza. A mesma opinião foi declarada por três pesquisadores ambientais, de três diferentes universidades americanas, Robert Yantosca (Harvard), Valentine Nzengung (Georgia) e Tasrunji Singh (Ohio), segundo os quais as respectivas convicções religiosas tornaram-se um fator motivador e de orientação no compromisso científico a favor do ambiente.
“Sair” foi a palavra-chave que conduziu a segunda parte do encontro, e que permitiu delinear uma série de comportamentos a serem atuados. John Mundell, dos Focolares, proprietário de uma sociedade de consultoria ambiental, mostrou uma panorâmica de iniciativas, dentre as quais o “Dado da Terra”, que traz em seus seis lados sugestões válidas para o cotidiano, para renovar e conservar um ambiente sadio. Houve ainda a visita a projetos de recuperação, na vizinha Reserva Federal Esuarine. Aaron Stauffer, diretor executivo da RFP, afirmou na conclusão: “Foi um testemunho do poder da cooperação multireligiosa e da paz”. E Raiana Lira, brasileira que está concluindo o doutorado em ecologia: “Experimentamos ter ao menos duas coisas em comum: um intenso interesse pela sustentabilidade do planeta e uma crença religiosa que nos oferece as motivações corretas para cuidar dele. Cada um de nós veio com suas convicções e ideias pessoais, agora encontramo-nos unidos no objetivo comum: a tutela da terra e dos seus habitantes”.
Pequenos atos, grande impacto
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