Olhando a composição do público, no auditório do Centro Chiara Lubich, em Trento, poderíamos ficar surpresos por uma certa bizarra homogeneidade: 250 jovens, dos 16 aos 30 anos, provenientes de mais de 20 nações, 70 sacerdotes e seminaristas, e cerca 20 adultos que se empenham em viver a espiritualidade dos Focolares no contexto paroquial e diocesano. Qual a ideia de fundo para este encontro do início de agosto, em Trento? O que liga tantas realidades culturais tão diferentes? A primeira resposta encontramos já no título do encontro, “Hoje como ontem”. E a segunda na própria cidade de Trento. Esses jovens, adultos e sacerdotes reúnem-se para refletir sobre o primeiro núcleo gerador do carisma espiritual deles, e para percorrer (inclusive fisicamente) o caminho que, a partir de 1943, inspirou o Movimento dos Focolares. «Começamos o encontro num clima de alegria explosiva – contam Ludovico e Eleonora . O programa deseja ser uma imersão na vida dos primeiros tempos, com o radicalismo da vivência da Palavra».
Na programação alternaram-se assuntos temáticos e passeios aos locais onde os Focolares deram os primeiros passos: Praça dos Capuchinhos, Fiera di Primiero, Tonadico, Gocia d’Oro… «Durante a Missa, na Igreja dos Capuchinhos – escreve Zbyszek – nós declaramos estar prontos, com a graça de Deus, a dar a vida uns pelos outros, começando pelas pequenas coisas do cotidiano. Naquele lugar, onde Deus selou o pacto de unidade entre Chiara e Foco (Igino Giordani), nós quisemos também renovar o amor recíproco, que queremos viver, “hoje como ontem”». Houve ainda a possibilidade de um enriquecimento por meio das palestras de especialistas em comunicação, no diálogo inter-religioso, e em cooperação e desenvolvimento, com a AMU (Ação Mundo Unido). Com a contribuição deles refletimos sobre os desafios da nossa sociedade multiétnica e multirreligiosa. Um amplo espaço foi dado ao aprofundamento do tema da imigração e da acolhida, com a preciosa colaboração do “Projeto Cinformi”, que apresentou o modelo de acolhida aplicado na cidade de Trento, inclusive com oficinas práticas, realizadas em duas visitas aos campos de acolhida. Momentos inesquecíveis de encontro com cerca de cem refugiados à espera de um futuro.
Alguns deles vieram encontrar-nos. Rita contou: «Fiquei muito tocada com Lamin, um jovem muçulmano de Gana, que escreveu uma poesia para sua mãe e quis lê-la para todos. Uma poesia cheia de saudade, mas também de esperança. Os olhos dessas pessoas dizem tudo, não podem ser esquecidos». O encontro concluiu-se com duas metas, uma imediata e outra a longo prazo: o encontro marcado na Jornada Mundial da Juventude, que ano que vem será em Cracóvia (Polônia); e a unidade do mundo como objetivo – segundo a oração de Jesus, “que todos sejam um” – pela qual, estamos convencidos, vale a pena dar a vida. «Saímos com o compromisso de ser “Palavra viva” – escrevem Danilo e Emanuele – e de levar esta “água pura da fonte” às nossas cidades, na vida cotidiana das nossas periferias, doando-nos a cada próximo que passará ao nosso lado».
Escutar a voz do coração
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