
© Focolari-Alain Boudre
As semanas sociais francesas têm uma grande tradição: nascidas em 1904, desde sempre têm como objetivo tornar conhecido o pensamento social cristão e dar uma luz para as questões da sociedade: portanto, nessas semanas, a doutrina social da Igreja é aplicada aos problemas da época. O título desta edição, na qual participaram quase 2000 pessoas, era: “
Religiões e culturas, recursos para imaginar o mundo”. Os temas mais presentes, como pode-se prever dada a atualidade deles, eram os
migrantes e o
ambiente, colocados fortemente no foco da atenção do mundo pela recente encíclica do Papa Francisco
Laudato Sì.

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Todo o primeiro dia foi concentrado na situação de hoje referente a estes temas. O segundo dia foi dedicado completamente à contribuição que as religiões podem dar a estas emergências. A última jornada, enfim, foi toda voltada para a Encíclica Laudato Sì, que foi comentada com vários pontos de vista.
Luigino Bruni falou no segundo dia, sábado 3 de outubro, durante a mesa redonda que tinha como título: “
Renovar a visão da globalização com as religiões”. A ideia era refletir sobre como imaginar juntos um mundo “finito” e comum num mundo com culturas diferentes e níveis de desenvolvimento muito desiguais. Três religiões, cristã, muçulmana e budista entraram em diálogo a partir dos respectivos textos ligados à criação.

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Quem conversou com Luigino Bruni foi
Cheikh Khaled Bentounes, muçulmano, guia espiritual da fraternidade sufi Alâwiyya (fundador dos escoteiros muçulmanos e entre os promotores do festival inter-religioso “
Vivre Ensemble à Cannes” ) e
Philippe Cornu, budista, presidente do
Institut d’Études Bouddhiques. Pedimos a
Anouk Grevin, que fazia a tradução simultânea de Luigino, para nos contar algo daquele momento tão especial: “
Cada um dos que falaram citou um texto sobre a criação conforme a sua tradição religiosa, comentando e extraindo pontos realmente muito profundos, com uma escuta na sala muito atenta e intensa. No final, de forma inesperada, Luigino expôs algumas perguntas aos seus interlocutores e isto fez com que nascesse um denso e fraterno diálogo: decididamente um forte testemunho de diálogo inter-religioso dentro do qual nasceu estima recíproca e vinham em luz tantos pontos em comum dos respectivos pontos de vista. A conversa terminou com um abraço fraterno entre os três e com a explosão dos aplausos em toda a sala.” A palestra de Luigino Bruni, “
Uma reflexão antropológica e econômica a partir dos primeiros capítulos do Gênesis”, tocou os temas da criação, da terra, da fraternidade; de Adão e Caim; de Noé e da Torre de Babel, trazendo-os para o dia de hoje. Luigino concluiu esta palestra dizendo: “
Fora do Éden, no jardim da história, não encontraremos a nova língua de Adão voltando atrás ou encerrando a história dentro de torres de semelhantes; conseguiremos reencontrá-la somente caminhando seguindo uma voz, um arco-íris, uma estrela, um arameu errante. Hoje na Europa, em tempos de dilúvios financeiros e sociais, está voltando à tona a tentação de Babel. Mas também estão se multiplicando os Noés, que combatem os barcos da morte e os seus traficantes criando as arcas de salvação, em todos os níveis. Temos que continuar a abater as torres altas e a construir arcas para salvar e salvar-nos dos velhos e novos dilúvios. Mas, sobretudo, temos que salvar os filhos, os nossos filhos e filhas e os filhos de todos. É para eles a terra prometida.” Veja a
palestra completa de Luigino Bruni (em italiano) Fonte:
edc-online
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