Movimento dos Focolares

Congo, desafios da nova evangelização

Nov 24, 2012

Ernestine Sikujua Kinyabuuma, congolesa, docente no Instituto Universitário Maria Malkia, de Lubumbashi, esteve entre os auditores no recente Sínodo dos bispos. Perspectivas africanas.

A contribuição feminina para o recente Sínodo para a nova evangelização (7-28 de outubro) foi expressa também através da voz da professora Ernestine Sikujua Kinyabuuma, do Congo. Membro do Movimento dos Focolares, a docente africana colocou em evidência a importância da nova evangelização na África, onde a fé é viva, mas ainda jovem, necessitada de consolidação. «No mundo africano – explicou – o homem encontra-se como que dividido em si mesmo. Agem nele duas forças por vezes inconciliáveis: a cultura tradicional e a religião. Outro fenômeno é a proliferação das chamadas “igrejas de renovação”, que apresentam um evangelho de prosperidade, que promete sucesso. Já não se sabe discernir quais são os valores do cristianismo e a influência do mundo ocidental. O homem africano busca o relacionamento com Deus, mas uma base catequética insuficiente o leva a buscar ainda outra força superior, que dê a ele proteção, prosperidade».

Ernestine é professora e está sempre em contato com os estudantes. No seu discurso no Sínodo disse dar-se conta que embora os jovens vivam imersos na cultura da “facilidade” estão buscando um grande ideal e uma vida radical, baseada no Evangelho. Apresentou algumas experiências dos jovens dos Focolares, que testemunham a Palavra de Deus vivida no cotidiano. Muitos não ficam indiferentes e entram em contato com os valores cristãos.

«Em meio às mudanças devidas à globalização, a África atravessa uma crise em todos os níveis: político, econômico e cultural. Por isso, ao procurar uma saída as pessoas reagem de várias formas», explicou, contando algumas experiências realizadas com a comunidade local do Movimento dos Focolares, motivadas pelo desejo de viver a frase de Jesus “tudo o que fizestes ao menor desses meus irmãos mais pequeninos a mim o fizestes” (Mt 25,40). Trabalharam juntos na reestruturação de três blocos de dormitórios na penitenciária central de Lubumbashi, com a ajuda de uma ONG internacional, na criação de um atelier de costura para que os presos aprendam uma profissão e de uma loja onde são vendidos alimentos e gêneros de primeira necessidade com custo baixo, para favorecer a sobrevivência de tantos presidiários e para combater o aumento dos preços ao consumidor.

Numa entrevista à rádio italiana Inblu, ela acrescentou: «Uma experiência, nova, rica e maravilhosa, porque fez-me entrar no coração da Igreja». E à pergunta: por que a nova evangelização é um desafio que toca também a África e, em especial, o seu país, a República Democrática do Congo? Ernestine respondeu: «Na Europa houve 2000 anos de evangelização, para nós no máximo dois séculos. No mundo científico, por exemplo, onde eu trabalho, percebe-se tanto o fato que o homem africano entra na igreja, mas depois, quando sai, vai procurar “forças sobrenaturais” para ter mais sucesso no trabalho, para ser mais inteligente… Portanto, para nós a mensagem da nova evangelização é muito importante, para que se entenda que em Jesus estão todas as respostas que o homem espera. Mas existe este dualismo: reza-se, busca-se uma relação pessoal com Deus, mas depois se deseja encontrá-lo em outros lugares. O nosso cardeal apresentou a nova evangelização explicando que é necessário a inculturação do povo, porque se as nossas culturas acolherem o Evangelho que as ilumina, entenderemos que nele estão todas as respostas e que não é preciso ir mais longe para buscá-las».

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