«Para podermos fazer de nossa vida uma “Santa viagem”, e para que tenha a conclusão desejada, A Imitação de Cristo, livro de piedade e de meditação rico de espiritualidade, diz que são necessárias algumas qualidades que requerem todo nosso esforço pessoal, […] como o desejo ardente de progredir na virtude, o amor ao sacrifício, o fervor na penitência, a renúncia de si mesmo e o saber suportar toda e qualquer adversidade…
São qualidades que todos nós devemos possuir. Porém é necessário que nos interroguemos: segundo a nossa espiritualidade, de que modo podemos adquiri-las?
A resposta é clara e segura: nós não somos chamados por Deus a realizar tudo isto através de uma vida monástica e separada do mundo.
Somos chamados a permanecer em meio ao mundo e a chegar a Deus através do irmão, portanto, mediante o amor ao próximo e o amor recíproco. Empenhando-nos em caminhar por esta estrada toda original e evangélica ao mesmo tempo, encontraremos a nossa alma enriquecida por todas estas virtudes. […]
É com o amor que o conseguiremos. Por acaso não está escrito: «Correrei pelos caminhos dos vossos mandamentos, porque sois vós que dilatastes com o amor o meu coração» (Sal 119, 32)? Se, amando o próximo, corremos no cumprimento dos mandamentos de Deus, significa que estamos progredindo.
É necessário o amor ao sacrifício? Amar os outros significa justamente sacrificar a si mesmo para dedicar-se aos irmãos. O amor cristão é sinônimo de sacrifício, mesmo se traz em si grande alegria.
É preciso o fervor da penitência? É através de uma vida de amor que encontraremos a melhor e principal penitência.
É necessária a renúncia a si mesmo? No amor para com os outros está sempre implícita uma renúncia a si mesmo.
É necessário, enfim, saber suportar todas as adversidades? E no mundo, porventura, os sofrimentos não são causados pela convivência com os outros? Devemos saber suportar a todos e amá-los por amor a Jesus Abandonado. Com isto superaremos muitos obstáculos em nossa vida.
Sem dúvida, no amor ao próximo encontraremos o modo excelente para fazer da vida uma “Santa viagem” […]».
Chiara Lubich, Companheiro de viagem, Cidade Nova, São Paulo 1988, pág. 192-194
(De uma conferência telefônica – Rocca di Papa, 27 de novembro de 1986)
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