Movimento dos Focolares

A aventura da unidade: os últimos anos de Chiara

Fev 2, 2014

Anos vividos com grande intensidade. Abertura de amplos diálogos com fieis das grandes religiões e em todos os âmbitos da cultura. Mas também anos de sofrimento e enfermidade, até o completo dom de si mesma: uma vida doada pela unidade da família humana, a fim de que “todos sejam um”.

Após um período de doença, no qual se retirou na Suíça, no início dos anos noventa a existência de Chiara Lubich teve uma aceleração intensa na sua abertura para a sociedade e os povos mais distantes. Com a segurança da plena inserção na Igreja, suscitou um tempo extraordinário de diálogos, viagens, reconhecimentos. Vários doutorados honoris causa, cidadanias e prêmios, em todos os continentes demonstraram quanto a sua influência ideal e concreta tivesse atingido o seu ápice.

Entre outras coisas recorda-se, destes anos (1994-2004), a abertura e consolidação de profundos e vastos diálogos com fieis das grandes religiões; o avio de uma longa série de setores do movimento aptos a aprofundar a contribuição do carisma da unidade nos diferentes âmbitos sociais (economia, política, comunicação, saúde…); o lançamento de uma grande ação conjunta, ecumênica e política, para «dar novamente uma alma à Europa».

Passado este longo período de viagens, fundações e abertura de novas fronteiras, chegou para Chiara a hora da doença. Os últimos três anos da sua aventura terrena foram, talvez, os mais difíceis da sua vida. Jesus abandonado, o seu Esposo, apresentou-se para o encontro «de forma solene». Havia a obscuridade, na qual Deus parecia ter desaparecido como o sol se põe no horizonte. E não obstante Chiara continuou a amar momento por momento, irmão após irmão. Continuou a servir o “desígnio de Deus” sobre o Movimento, acompanhando os seus desenvolvimentos até os últimos dias, quando, com sua grande alegria, o Vaticano aprovou o nascente Instituto Universitário Sophia.

Passou o último mês no Hospital Gemmeli, em Roma. Lá ainda despachou a correspondência e tomou decisões importantes para o Movimento. Recebeu também uma carta do Papa que relia sempre, recebendo grande conforto. E o Patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, foi visitá-la e a abençoou.

Nos últimos dias exprimia repetidamente o desejo de voltar para casa. Cumprimentou pessoalmente suas primeiras companheiras e primeiros companheiros, e os mais estreitos colaboradores. Depois, agravando-se paulatinamente, consumou as suas últimas energias recebendo centenas e centenas de pessoas que foram à sua casa para vê-la, beijar sua mão, dizer só uma palavra: obrigado. Havia uma grande comoção, mas maior, a fé no amor. Cantava-se o Magnificat pelas grandes coisas que o Senhor realizou nela e renovava-se o compromisso de viver o Evangelho, isto é, amar, como ela sempre fez e ensinou.

Chiara faleceu no dia 14 de março de 2008 pouco depois das duas horas da manhã. A notícia difundiu-se rapidamente no mundo inteiro, onde a sua família espiritual estava unida em oração.

Nos dias seguintes milhares de pessoas, de simples operários a personalidades do mundo político e religioso, estiveram em Rocca di Papa para homenageá-la. O funeral foi realizado na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, pequena para conter a grande multidão (40 mil pessoas). Enviado por Bento XVI – que em sua mensagem, definiu Chiara, entre outras coisas, “mulher de fé intrépida, mansa mensageira de esperança e de paz” – o Secretário de Estado, Tarcisio Bertone, presidiu a celebração eucarística, concelebrada com outros nove cardeais, mais de 40 bispos e centenas de sacerdotes.

Ressoam as palavras pronunciadas um dia por Chiara: «Gostaria que a Obra de Maria, no final dos tempos, quando estiver à espera de comparecer diante de Jesus Abandonado-Ressuscitado, em bloco, pudesse repetir-lhe: “No teu dia, meu Deus, caminharei em tua direção… com o meu sonho mais desvairado: levar para ti o mundo em meus braços”. Pai que todos sejam um!».

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