Movimento dos Focolares

Migração e memória

Mai 16, 2014

Humanidade Nova organiza exposição sobre o fenômeno da migração, em Gênova, cidade portuária testemunha de muitas partidas, mas também ponto de encontro e integração entre os povos.

O Comitê Humanidade Nova, expressão social do Movimento dos Focolares, que trabalha há trinta anos no centro histórico de Gênova em favor das pessoas mais marginalizadas, realiza uma série de iniciativas ligadas ao tema da migração. Com o patrocínio de diferentes instituições e associações da Ligúria, criou-se uma rede compacta de relacionamentos, que enriquece o tecido conectivo da cidade. O lugar escolhido foi o Galata Museu do Mar, onde, além de numerosos testemunhos da vida marinara, foram reconstruídos cenários históricos da migração italiana: dos antigos navios de passageiros aos bairros do Boca em Buenos Aires ou Ellis Island nos EUA.

Foi este o panorama que hospedou uma exposição de arte, no início de 2014, intitulada “Em profundidade: viagem entre memória e migração”, que focalizou o tema das migrações interiores, isto é, a atitude interna que coincide com o nomadismo cultural da arte contemporânea. Participaram artistas de várias proveniências como Ignacio Llamas da Espanha, Claire Morard da França, Piero Gilardi, um dos primeiros artistas pop italianos, conhecido a nível internacional.

O tema das migrações também foi o foco do diálogo multicultural, inter-religioso, ecumênico, de encontro e de estreita colaboração, entre alguns movimentos católicos já empenhados nas manifestações ligadas ao “Juntos pela Europa” (Cursilhos, Santo Egídio, Equipas de Nossa Senhora, Encontros de casais e Renovamento carismático), com a participação de protagonistas dos mesmos que foram migrantes. O movimento Famílias Novas apresentou os temas das adoções à distância e da integração escolar, envolvendo 200 estudantes das escolas superiores ligúricas. Participaram cerca de 100 pessoas, incluindo também um laboratório de escrita criativa e o Finissage-concerto, sustentado pela classe de Jazz do Conservatório Paganini de Genova. Após o evento, cerca de vinte artistas reencontraram-se para três dias de diálogo, que permitiram a cada um dos participantes renovar as energias para prosseguir no caminho da comunhão artística.

A dignidade e o valor da pessoa caracterizaram o debate, dando espaço também aos tocantes testemunhos de Chaia, um jovem Saharawi que contou a sua dolorosa experiência, e de um jovem magrebino que, depois de ter atravessado o deserto, desembarcou em Lampedusa e agora está integrado nas realidades genovesas.

Estes momentos de diálogo contaram com a presença de expoentes do mundo religioso e associativo, como o presidente de Migrantes, o pastor da Igreja Evangélica Sul-americana, o Imã da comunidade islâmica e o abade de um templo budista. Um comentário que exprimiu a realidade vivida por muitos: “Tive a impressão que aquele lugar adquirisse uma sacralidade e se tornasse templo, sala, mesquita, porque se estava realizando uma oração para o único Deus de todos os homens, e não era apenas uma questão de sentimento, mas de inteligência e de corações que se unem”.

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