Árabe cristã, nascida em Israel. Recebeu o prêmio Monte Sião 2013, juntamente com a judia Yisca Harani, pela “importante contribuição ao desenvolvimento do diálogo entre religiões e culturas na Terra Santa e à compreensão entre judeus, cristãos e muçulmanos”. Margaret Karram, anteriormente membro da Comissão episcopal para o diálogo inter-religioso da Assembleia dos Ordinários Católicos da Terra Santa e colaboradora com a direção do Conselho de Coordenação Inter-religioso em Israel (ICCI), está atualmente no Centro Internacional do Movimento dos Focolares, e foi ela que leu a oração de São Francisco no momento cristão da invocação pela paz, desejada pelo bispo de Roma, com Shimon Peres e Abu Mazen, presente também o patriarca de Constantinopla Bartolomeu I. Transcrevemos amplos trechos da entrevista concedida a Victoria Gómes, de Città Nuova. Qual impressão você traz desse encontro? «A primeira é de ter estado em um oásis de paz. Conheço bem os contrastes que a impedem, e mesmo assim, naquelas duas horas passadas juntos, rezando, parecia-me que enquanto invocava-se de Deus o dom da paz, de certo modo permitia-se que Ele, “do alto”, visse o resultado dos esforços humanos. É claro, o desígnio ainda não se cumpriu, mas parecia o bordado de um tapete: no avesso os nós que devemos desatar, mas quem olhava o bordado era Deus, e ele via o desígnio. Enquanto seguiam-se as orações em hebraico e árabe, eu pensava: “Deus as conhece e as compreende. Ele sabe agir na história”. Percebi a potência da oração e entendi que somente Deus pode mudar os corações dos homens. Cabe a nós a paciência do artesão». A sua história é uma espécie de passaporte que a habilitava para participar desse encontro… «Desde menina vivi sonhando com a paz. Ainda crianças nós nos perguntávamos: “Qual é a minha pátria, qual é o meu lugar, quem eu sou?”. Agora, com 50 anos, não vejo ainda próximo o sonho daquela pátria, mas nós semeamos, e muito. Devemos continuar a fazê-lo. É um dever diante das novas gerações. Devemos transmitir a eles a certeza que é um futuro possível, sem perder a esperança nem deixar-nos abater pelo cansaço. Ontem era a festa de Pentecostes e a ação do Espírito Santo “lava o que é árido, sana o que é ferido, dobra o que é rígido…”». Você estava representando o Movimento dos Focolares, convidada pessoalmente pelo Papa Francisco…
Muitas pessoas, da presidente, Maria Voce, aos amigos de Belém e Jerusalém, haviam assegurado que estavam comigo. Escutei palavras de alegria também de várias personalidades cristãs, judias ou muçulmanas que estavam nos Jardins. Pareceu-me que do discurso do Papa emergia um novo impulso a comprometer-nos pela paz com mais coragem. Senti que era dirigido também a nós, que pertencemos aos Focolares: estar mais presentes, mais ativos, ser artífices mais corajosos para desatar os “nós” que encontramos em toda parte. A saudação pessoal do Papa confirmou isso para mim, assim como a resposta de outras autoridades. Você foi a única mulher a recitar uma oração. Como se sentiu? Procurei ler aquela oração fazendo-me intérprete da humanidade que crê, sofre e espera. Nós mulheres temos uma missão a desenvolver pela paz. Um dos participantes disse-me: “É importante que a senhora esteja aqui. Sei o que significa a riqueza de uma mulher!”. Enquanto escutávamos aquelas lindas orações e as músicas, recordei as palavras do Papa no Angelus, poucas horas antes: a Mãe Igreja e a Mãe Maria são “todas duas mães, todas duas mulheres”. E nos sentimentos, certamente não homogêneos, que vibravam nos presentes, sentia-se a necessidade de uma mãe ». Que anseios você percebeu naquelas pessoas da Terra Santa que lhe manifestaram a sua proximidade? «Havia uma grande expectativa e agora existe muita esperança. Obviamente não faltam os céticos. Palestinos e israelitas consideram que esse encontro marcou uma etapa a partir da qual deve-se olhar, a partir de hoje, e continuar a fazê-lo no futuro. Além disso, significou um sinal forte para a Igreja, que assume os sofrimentos e ânsias dos povos. E foi uma demonstração que a Terra Santa não está esquecida, que o Papa não deixa sozinhos estes dois povos e caminhará ao lado deles. O evento deve ser compreendido a longo prazo. É preciso continuar a tecer, desatando os nós e comprometendo-se em todos os níveis possíveis, com coragem e delicadeza. Muitos pensam num longo caminho, mas nós não conhecemos a ação de Deus na história. Podemos sempre esperar». Fonte: Città Nuova online
Aprender e crescer para superar as limitações
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