Propriedade e trabalho, sentido do sagrado, o sofrimento e a morte, bem como os processos sociais de reconciliação, os percursos da educação e da comunicação: foram estes alguns dos temas abordados ao longo destes anos, e sobre todos eles se publicaram as respectivas Atas, em diferentes línguas. Em 2013, na edição precedente à de hoje, quis-se dar espaço à descoberta de quem é a pessoa na África. Agora pretende-se passar da dimensão da pessoa para a rede das relações familiares, conscientes de que na África nunca se pode prescindir da família. Quais são as características da 11ª edição? «Sobre este vasto assunto da família – explica Maria Magnolfi – na nossa pesquisa sobre o que é o matrimônio nas culturas Tswana, Zulu, Kikuyo, bem como nos contextos culturais de Burkina Faso, Costa de Marfim, Congo, Angola, Nigéria, Uganda, Burundi, Camarões, Madagáscar…, foram identificados dois vetores prioritários de aprofundamento», a saber: a função homem-mulher, a instituição matrimonial como aliança, e ainda a transmissão dos valores na família, uma temática a que, na conclusão da escola sobre a pessoa, já se dera grande destaque. Que valores? A partilha, o acolhimento, a participação, o respeito pelos idosos (como “depositários da sabedoria”), a prontidão em partilhar para acudir às necessidades, mesmo quando há algum risco». Qual o significado da escola da inculturação? A sua importância para o encontro entre as culturas africanas, e entre estas e as culturas extra-africanas? Rafael Takougang, focolarino camaronense, advogado, explica-o deste modo: «Chiara Lubich, ao fundar a Escola para a Inculturação, durante a sua viagem ao Quênia, em maio de 1992, tocou a alma do povo africano. Ela mostrou que compreendia a África mais do que se possa pensar. Aquele ato não foi uma mera formalidade. Foi, isso sim, fruto de um amor profundo por um povo e pelas suas culturas, que nem sempre têm sido valorizadas pela história. Desde há mais de vinte anos, “peritos” africanos, especialistas em Sagrada Escritura e no Carisma da Unidade, trabalham para pôr em evidência aquelas Sementes do Verbo, contidas nas diversas culturas do continente, primeiro para que os próprios africanos tomem consciência delas e assim aprendam a conhecer-se e a apreciar-se mais uns aos outros. De fato, a diversidade e a riqueza destas culturas têm vindo a ganhar visibilidade. Depois, trata-se de um contributo para tornar mais conhecido o povo africano, que até hoje tem sido muito pouco conhecido, a não ser pelas guerras e pelas grandes carestias. O patrimônio cultural que, pouco a pouco, se tem vindo a criar fala da presença de Deus na vida quotidiana destes povos e pode ser um importante contributo no diálogo entre os povos, neste mundo que, cada vez mais, se torna uma “aldeia planetária”».
Fatos e não palavras
Fatos e não palavras





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