Movimento dos Focolares

A existência se torna uma aventura

Set 20, 2021

Em 17 de setembro de 1948, Chiara Lubich encontrou pela primeira vez em Roma (Itália) Igino Giordani[1], a quem deu o nome de Foco. Ela era terciária franciscana e estava acompanhada por alguns religiosos das várias famílias franciscanas. Giordani tinha 54 anos, já era um homem renomado no campo político e cultural quando conheceu Chiara Lubich, de 28 anos, reconhecendo nela um carisma. Giordani aderiu imediatamente ao Movimento dos Focolares e, pela sua contribuição para o desenvolvimento do Movimento, Chiara o considerou cofundador.  Reportamos um escrito do seu diário no qual Giordani relata este encontro.

Em 17 de setembro de 1948, Chiara Lubich encontrou pela primeira vez em Roma (Itália) Igino Giordani[1], a quem deu o nome de Foco. Ela era terciária franciscana e estava acompanhada por alguns religiosos das várias famílias franciscanas. Giordani tinha 54 anos, já era um homem renomado no campo político e cultural quando conheceu Chiara Lubich, de 28 anos, reconhecendo nela um carisma. Giordani aderiu imediatamente ao Movimento dos Focolares e, pela sua contribuição para o desenvolvimento do Movimento, Chiara o considerou cofundador.  Reportamos um escrito do seu diário no qual Giordani relata este encontro. “Ver unidos e concordes um frade menor, um capuchinho e um terciário e uma terciária de são Francisco já me pareceu um milagre da unidade; e disse isso. A jovem falou; (…) já nas primeiras palavras percebi algo novo. Havia um timbre inusitado naquela voz: o timbre de uma convicção profunda e segura que nascia de um sentimento sobrenatural. (…) Após meia hora, quando ela terminou de falar, eu estava absorvido numa atmosfera encantada, como numa auréola de luz e de felicidade; e desejava que aquela voz continuasse. Era a voz que eu havia esperado, sem que percebesse. Ela colocava a santidade ao alcance de todos; removia os portões que separam o mundo laical da vida mística. Tornava públicos os tesouros de um castelo no qual somente poucos eram admitidos. Aproximava Deus: fazia com que o sentíssemos como Pai, irmão, amigo, presente na humanidade. (…) Algo aconteceu em mim. Aconteceu que aqueles pedaços de cultura, justapostos, começaram a se mover e a se animar, a se encaixar, formando um corpo vivo, percorrido por um sangue generoso: era o sangue que abrasava santa Catarina? O amor havia penetrado e tinha investido as ideias, atraindo-as para uma órbita de alegria. A ideia de Deus havia cedido o lugar ao amor de Deus; a imagem ideal, ao Deus vivo. Em Chiara eu encontrara não alguém que falava de Deus, mas alguém que falava com Deus: filha que conversava com o Pai no amor. (…) Tudo se iluminou. A dor assumiu um significado salvífico, ou se transformou em amor. A vida se mostrou como um desígnio adorável da vontade de Deus, e cada instante se tornou pleno e teve uma beleza própria. A natureza e a história se desdobraram em tramas ricas de harmonia e sabedoria. Para viver esta nova vida, para nascer em Deus, eu não precisava renunciar às minhas doutrinas: devia apenas colocá-las na chama da caridade, para que se vivificassem. Por meio do irmão, comecei a viver Deus. A graça brotou livre, os diafragmas entre a sobrenatureza e a natureza desmoronaram. A existência se tornou toda uma aventura, vivida conscientemente em união com o Criador, que é a vida”.

Igino Giordani

(Igino Giordani, Memórias de um cristão ingênuo, São Paulo, 2018, págs. 141-145) [1] Igino Giordani (1894 – 1980) foi um escritor, jornalista e político italiano. Em 1946 foi eleito para a Assembleia Constituinte e em 1948 como deputado nas fileiras da Democracia no parlamento italiano, onde se distinguiu pelo seu empenho em prol da paz e da justiça social.

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