Movimento dos Focolares

A lua sobre os escombros: testemunhos da Turquia e da Síria

Fev 9, 2023

Em 6 de fevereiro de 2023, fortes terremotos atingiram o sul e o centro da Turquia e a Síria. Uma catástrofe que causou a destruição de cidades inteiras, a morte de milhares de pessoas e muitos desaparecidos. Aqui estão alguns testemunhos de quem está nesses territórios.

Em 6 de fevereiro de 2023, fortes terremotos atingiram o sul e o centro da Turquia e a Síria. Uma catástrofe que causou a destruição de cidades inteiras, a morte de milhares de pessoas e muitos desaparecidos. Aqui estão alguns testemunhos de quem está nesses territórios. “Já na noite de domingo, 5 de fevereiro, chegou a comunicação das autoridades de que as escolas permaneceriam fechadas na segunda-feira, dia 6, porque se temia uma violenta tempestade. As temperaturas estão próximas de 0 e o período mais frio do ano está previsto para toda a Turquia”. Estas são as palavras de Umberta Fabris, dos Focolares de Istambul (Turquia), que, com voz emocionada, narra as condições em que o país se encontra, vivendo uma catástrofe sem igual e que, com uma violência sem precedentes, na noite entre 5 e 6 de fevereiro, atingiu a Turquia e a Síria. A magnitude deste terremoto é inimaginável. De fato, 10 províncias da Turquia estão afetadas, 13 milhões de pessoas envolvidas e uma violência inigualável de choques que ainda continua. Até o momento, existem mais de 14.000 vítimas, mas os números continuam a aumentar à medida que mais e mais escavações são feitas. “Istambul está localizada a cerca de 1.000 km das áreas afetadas – continua Umberta Fabris – mas aqui estamos cercados por pessoas que têm parentes e amigos lá e as notícias chegam como num conta-gotas. Os telefones celulares descarregaram, não há eletricidade, os danos à infraestrutura de comunicações são enormes como tudo mais. Chegam apenas algumas mensagens de texto ou algumas palavras trocadas com uma linha muito perturbada. E trata-se de tentar obter notícias, saber se todos estão respondendo ao apelo, mesmo entre nossos amigos da pequena comunidade cristã de Antioquia, Mersin, Adana e Iskenderun”. Na tragédia entre os escombros e a geada, a dor aproxima os corações dos homens que unem forças e lutam, conta-nos novamente Umberta Fabris, que soube precisamente de Iskenderun do desabamento da Basílica da Anunciação e que dentro do Bispado, onde as habitações foram declaradas inabitáveis, alguns católicos, ortodoxos, muçulmanos se reuniram e compartilham o que têm e oferecem um lugar para passar a noite. “Impressionam os milhares de jovens que se apinham no aeroporto – diz -, prontos a partir para ir prestar assistência, a fila interminável de pessoas para doar sangue ou os adolescentes que arregaçaram as mangas em várias atividades. Continuemos confiando em Deus e em sua Santa Providência e também levando a amada Síria em nossos corações”. E é precisamente da Síria que vem a voz de Bassel, jovem dos Focolares: “Estes dias são devastadores também na minha cidade, Aleppo. No dia 6 de fevereiro, acordamos apavorados e corremos para as escadas sem ver nada, devido ao corte de energia. Paramos na porta de casa, onde tem uma imagem do anjo da guarda e fizemos uma oração, depois achamos um celular e acendemos uma lanterna. Não reconheci o quarto: tudo no chão estava quebrado, as paredes e a cerâmica rachadas, os vizinhos desciam aos gritos. Levamos apenas o que podíamos carregar no bolso do pijama, vestimos os casacos e descemos na chuva com um frio de rachar”. Bassel passou aquela noite interminável na rua assistindo ao colapso de igrejas e mesquitas. O luar mostrava destruição. À medida que os tremores secundários se tornavam mais leves, surgiram relatos de amigos deixados sob os escombros e prédios completamente destruídos. “Somos um país que não está equipado para esses desastres – continua. Entre os prédios desabados também os 7 andares do Bispado da Igreja Greco-Católica Melquita. Mons. Jean-Clément Jeanbart, arcebispo emérito de Aleppo, foi salvo, enquanto padre Imad, meu amigo pessoal e nosso professor na escola desde criança, permaneceu sob os escombros”. As pessoas falam sobre suas casas que se tornaram coisa do passado, enquanto o frio torna tudo mais difícil. O Crescente Vermelho e a Cruz Vermelha realizaram operações de censo. “Eu – diz Bassel – participei com os voluntários e jovens escoteiros na preparação e distribuição de alimentos e na distribuição de cobertores para crianças e adolescentes, mas não consegui dormir devido às cenas fortes que presenciei”. Enquanto os tremores secundários continuam derrubando prédios, Bassel reflete: “Quando ouvimos as notícias, vemos os principais países enviando especialistas, equipes de ajuda e resgate aos países afetados, sentimos dor ao ver que eles não podem enviar nada para a Síria por causa do embargo, como se não fôssemos humanos. Agora estamos de volta em casa, onde a Internet é melhor, e estamos esperando o próximo choque. Rezem para que continuemos vivos, rezem pelos mortos, rezem pelos desaparecidos”.

Por Anna Lisa Innocenti e Maria Grazia Berretta

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