Movimento dos Focolares

Abertura das Portas Santas. Entrevista com Maria Voce

Dez 17, 2015

O Jubileu renova em cada um de nós a coragem de acreditar que Deus é amor. Para voltar ao essencial da vida, no perdão e na misericórdia, dialogando com todos. Assim se expressou a presidente dos Focolares diante das câmeras da TV2000.

20151214MariaVoceTV2000Bel tempo si spera”, transmissão da emissora católica TV2000, dedicou a programação do dia 14 de dezembro a assuntos sobre o Jubileu. E fez isso conduzindo os telespectadores através de uma viagem pelas catedrais do mundo, um dia após a abertura das Portas Santas. Maria Voce estava no estúdio, convidada pela apresentadora Lucia Ascione. Entre uma etapa e outra desta viagem simbólica, entabula-se um diálogo que, a partir do significado do Jubileu, se estende aos mais variados temas. «O ano da misericórdia – declara Maria Voce – nos leva a ter coragem de acreditar que Deus é Amor. Creio que neste momento em que temos a impressão de que tudo se tornou relativo, é necessário justamente um retorno ao essencial, acreditar no Amor». E em outra passagem: «Infelizmente a cultura atual fala de raiva, de reivindicações, de direitos lesados, coisas que causam tristeza, humilhação. Nós queremos levar confiança, perdão, amor mútuo. Queremos olhar para o mundo como uma família, a família dos filhos de Deus. E Deus é misericórdia, Deus é Amor». «Gosto de lembrar – continua a presidente – que o Papa não escancarou ‘a’ Porta Santa, mas muitas portas santas. Inclusive a porta da cela de uma prisão, disse Francisco, pode ser uma Porta Santa. É justamente o sinal do amor misericordioso do Pai que espera a volta de todos, sem excluir ninguém». Lucia Ascione lembra as palavras do papa Francisco no Angelus do dia anterior sobre o diálogo dos Focolares com os muçulmanos, e Maria Voce afirma: «Esta conciliação experimentada por nós entre pessoas de diferentes credos, não nasceu ontem, mas é construída dia após dia, no tempo e por toda parte, através de relacionamentos de amizades; no respeito às diferenças». «Se é tão simples para vocês – insiste Ascione – por que é tão difícil para o mundo?» Maria Voce: «O papa disse que, infelizmente, existe muito amor próprio. Ao invés, é preciso saber ir além, estar prontos a acolher o outro, mesmo que diferente. É um amor que se aprende exercitando-o, indo ao encontro do outro. Sem dúvida a diversidade causa medo, causa medo a todos. Um medo que pode ser vencido somente com o amor. Empunhar as armas não leva a nenhum resultado». «A senhora esteve na ONU – pergunta a apresentadora – e se encontrou diante de muitas pessoas. O que fez, presidente? ». «Eu disse a eles que é preciso converter-se, mas não com palavras. Que se deve considerar o diálogo não como um dos muitos caminhos, mas como o único praticável. É difícil aceitar esta visão porque ainda não se entendeu o ‘escândalo da cruz’. A misericórdia nos leva a fazer a parte do outro, como fez Jesus, que morreu por cada um de nós». «É a experiência – explica Maria Voce a propósito dos refugiados – que fazemos diariamente com todos aqueles que batem às nossas portas. Recentemente chegaram 170 menores não acompanhados na nossa cidadezinha de testemunho da Holanda e foram acolhidos». E, lembrando as palavras do comunicado que Maria Voce difundiu depois dos acontecimentos de Paris, Ascione pergunta: «O que queria dizer, questionando-se se realmente se fez tudo o que deveria ser feito para evitar reações tão violentas?» «Muitas vezes nos sentimos tocados pelos eventos mais próximos, esquecendo-nos de outros, em lugares onde a tragédia da guerra é vivida todos os dias. As nossas comunidades estão presentes lá e sabemos que ainda é possível construir algo. Temos médicos que, diante de um ferido, não fazem distinção se é cristão ou muçulmano; quando falta água, quem tem um poço o coloca à disposição de todos, sem se importar com a religião que praticam. Talvez não saibamos fazer as perguntas certas. Por isso nós nos questionamos primeiro. Talvez, com o passar dos anos, não nos interessamos completamente. Saber fazer um exame de consciência é o que pode abrir à esperança. É preciso não ter medo de abrir o coração a quem sofre, a quem é pobre. É preciso não ter medo de abrir o bolso e a carteira. Viver na sobriedade e no respeito à criação, vendo os outros como irmãos de uma mesma família.»

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

O dia 24 de maio marca os 10 anos da publicação da Encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco. Um momento de celebração, de verificação do que foi feito e de a retomar e dar a conhecer a quem ainda desconhece o seu conteúdo. Conscientes de que “não haverá uma nova relação com a natureza sem um ser humano novo. Não ha ecologia sem una adequada antropologia” (LS, 118) apresentamos o “Projeto Amazónia”, contado por dois jovens brasileiros durante o Genfest 2024 realizado em Aparecida, Brasil.

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Para acompanhar a Europa na realização de sua vocação – após 75 anos da Declaração Schuman – na sede do Parlamento Europeu em Bruxelas, em um painel de especialistas, expoentes de vários Movimentos cristãos e jovens ativistas deram voz à visão da unidade europeia como instrumento de paz. Foi um encontro promovido por Juntos pela Europa e parlamentares europeus.

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

No dia 20 de maio de 1700 anos atrás – data indicada pela maioria dos historiadores –, tinha início o primeiro Concílio ecumênico da Igreja. Era o ano de 325, em Niceia, a atual Iznik, na Turquia, hoje uma pequena cidade situada 140 km ao sul de Istambul, cercada pelas ruínas de uma fortaleza que ainda fala daqueles tempos.