Movimento dos Focolares

África: “Nós com os outros”

Fev 20, 2014

Organizado pela Fundação “Un cuore si scioglie” ("Um coração aberto"), em colaboração com a cooperativa Unicoop, de Florença, o projeto envolve duas escolas secundárias italianas. O impacto positivo do encontro com coetâneos africanos.

Doze estudantes, representantes de dois colégios italianos, acompanhados por três professores, dois colaboradores, dois sócios da Unicoop de Florença, uma representante do Movimento dos Focolares e um cinegrafista fizeram uma viagem à África. Objetivo: passar a semana de 16 a 24 de janeiro com os coetâneos africanos, compartilhando tudo. Destinação escolhida: Fontem, no nordeste da República dos Camarões, de língua inglesa. Atualmente a cidade conta 40.000 habitantes. O Movimento dos Focolares, junto a outros, contribuiu ao seu desenvolvimento a partir da década de 1960. Mas, passemos a palavra a Stefano, um dos jovens, que narra a experiência vivida e que foi publicada no jornal da sua escola: “(…) Uma viagem rumo à descoberta de uma realidade diferente, às vezes difícil de compreender pela pobreza que se encontra; porém, mestra de vida por tudo o que pudemos aprender… Nós descobrimos uma cultura diferente, encontramos pessoas que pensam de maneira diferente da nossa… Nós partimos com a idéia de ir para doar medicamentos, pincéis e canetas, papel e cadernos; ir para falar de nós mesmos, da Europa; e constatamos que, ao contrário… aprendemos que existem pessoas que seriam capazes de vender o pouco que possuem para fazer com que nos sentíssemos em casa, que existem pessoas que nunca nos viram, mas que nos acolhem como se fossemos reis. Que não são racistas como muitos de nós, que em poucos dias se afeiçoam a nós de um modo que não saberíamos fazer igualmente, com ninguém. O primeiro contato com os alunos do Colégio foi um grande impacto: fomos recebidos com cantos e danças, para a nossa grande surpresa nos conduziram pela mão e nos abraçaram! Depois do primeiro momento de ‘desorientação’ fomos transportados em uma dimensão diferente e não tínhamos mais nenhum receio de nos relacionar à maneira deles porque se tornara já nossa. O canto e a dança nos fizeram sentir livres; também nós entramos na dança, rimos e estabelecemos um profundo relacionamento, difícil de acreditar. Esta maneira de estabelecer relações fez com que também entre nós, italianos, acontecesse uma grande transformação. Além dos momentos alegres tivemos que lidar também com cenas difíceis, especialmente quando fomos visitar a aldeia Besalì, onde existe uma grande pobreza. Nas margens da estrada vimos crianças subnutridas, com o estômago dilatado, gente que vive na miséria… E, mesmo assim, também lá as pessoas nos acolheram calorosamente. As escolas em Besalì, construídas e financiadas pela Unicoop de Florença, nada tem a ver com o tipo das escolas italianas. Pessoas especiais nos ajudaram a compreender melhor o que estávamos vivenciando, a começar pelo Dr. Tim, focolarino nascido em Trento e que mora em Fontem há vinte e sete anos. O seu trabalho é muito importante: ele acompanha o tratamento de inúmeras pessoas que, sem ele e os voluntários que trabalham no hospital, estariam em grandes dificuldades. Ficamos maravilhados com o grande entusiasmo de Pia, focolarina voluntária, que mora em Fontem há quarenta e sete anos e tornou-se ícone do Movimento dos Focolares: ela é capaz de transmitir uma energia incrível! Com o passar do tempo criou-se um forte laço entre todos. O último dia foi mágico! Nós fomos avisados: “Vai ter choro… vocês e eles vão chorar!” Mas, no nosso coração, não sentíamos que isto aconteceria, até o momento que realmente aconteceu. À noite, na véspera da viagem de volta, depois da troca de presentes, a despedida foi comovente: todos abraçados, em silêncio, na total escuridão da estrada em meio à floresta; um profundo silêncio… Interrompido somente pelo ruído ofegante da respiração que o nariz tenta conter, provocada pelo pranto e pela incrível onda de emoção. Ainda não completamente conscientes de tudo o que vivenciamos, somos gratos a todos os que permitiram a realização desta experiência: uma viagem que alguém definiu ‘A viagem da vida’”.

___

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscrever o boletim informativo

Pensamento do dia

Artigos relacionados

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

10 anos depois da Laudato Si’, o “Projeto Amazónia”

O dia 24 de maio marca os 10 anos da publicação da Encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco. Um momento de celebração, de verificação do que foi feito e de a retomar e dar a conhecer a quem ainda desconhece o seu conteúdo. Conscientes de que “não haverá uma nova relação com a natureza sem um ser humano novo. Não ha ecologia sem una adequada antropologia” (LS, 118) apresentamos o “Projeto Amazónia”, contado por dois jovens brasileiros durante o Genfest 2024 realizado em Aparecida, Brasil.

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Bruxelas: 75 anos da Declaração Schuman

Para acompanhar a Europa na realização de sua vocação – após 75 anos da Declaração Schuman – na sede do Parlamento Europeu em Bruxelas, em um painel de especialistas, expoentes de vários Movimentos cristãos e jovens ativistas deram voz à visão da unidade europeia como instrumento de paz. Foi um encontro promovido por Juntos pela Europa e parlamentares europeus.

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

O Concílio de Niceia: uma página histórica e atual da vida da Igreja

No dia 20 de maio de 1700 anos atrás – data indicada pela maioria dos historiadores –, tinha início o primeiro Concílio ecumênico da Igreja. Era o ano de 325, em Niceia, a atual Iznik, na Turquia, hoje uma pequena cidade situada 140 km ao sul de Istambul, cercada pelas ruínas de uma fortaleza que ainda fala daqueles tempos.