Terra de nova evangelização, a Austrália? Muitos acreditam nisso, por diversos motivos: a enorme diversidade multicultural do país, que continua com os últimos movimentos de imigração proveniente particularmente dos países asiáticos; a crise da Igreja Católica, devida primeiramente aos recentes escândalos de abusos sexuais aos menores; a extraordinária força de persuasão do consumismo; a presença de muitos jovens provenientes do mundo inteiro, não só os filhos das famílias locais; os inúmeros matrimônios mistos; o desafio no campo do ecumenismo e do diálogo interreligioso… E poder-se-ia continuar sem deixar nenhuma dúvida sobre a necessidade, também nestas terras, de uma evangelização que seja, ao mesmo tempo e primeiramente, uma reevangelização da própria vida cristã.
Por ocasião da visita na Oceania da Presidente dos Focolares, Maria Voce e do Copresidente, Giancarlo Faletti, a comunidade local quis interrogar-se publicamente sobre as novas fronteiras da evangelização na Austrália, dando o próprio contributo. Primeiramente, oferecendo “práticas positivas”: pequenos-grandes testemunhos de vida eclesial, de trabalho nos órgãos públicos, de perda de trabalho, de empenho nos hospitais, de recusa de favoritismos, de ensinamento ainda que em situação desfavoráveis, na vida conjugal e familiar… Simples vivência evangélica, em uma sociedade de caráter competitivo muito acirrado, no qual, frequentemente, o individualismo vence o altruísmo e o interesse corporativo sobre o bem comum.
Diante de professores e jornalistas, personalidades do mundo religioso e profissional, Maria Voce evidenciou os fundamentos da evangelização “à la focolarina”: viver o Evangelho, reevangelizar-se constantemente, comunicar-se reciprocamente quanto esse caminho evangélico produz na própria vida, encontrando momentos mais longos nos quais experimentar juntos a potência do amor de Deus. Assim fazendo, com o tempo, consegue-se incidir com profundidade nos ambientes que, a priori, podem parecer pouco permeáveis ao Evangelho, dos parlamentos às fábricas, dos campos esportivos aos patronatos. Uma evangelização, portanto, que sai das igrejas. Um exemplo convincente foi aquele proposto por Giancarlo Faletti citando o exemplo de Roma, onde, por iniciativa de Chiara Lubich, no ano 2000, depois de ter recebido a cidadania honorária, foi iniciada uma atividade – denominada RomaAmor – visando uma revitalização da vida urbana.
Maria Voce não escondeu o temor que envolveu o Movimento no momento da morte da sua fundadora. Mas, os frutos da evangelização que não é outra coisa senão o Evangelho vivido, logo cancelaram qualquer temor, mostrando que o espírito focolarino ainda tem muito que doar às sociedades de hoje. Como se pode constatar no recente Sínodo sobre a Nova Evangelização, que ela participou como ouvinte, no qual numerosos bispos a comunicavam os frutos evangélicos produzidos pela vida do Movimento.
Entre os presentes, o Prof. James Bowler, geólogo, famoso na Austrália e no mundo por ter descoberto os despojos do homem mais antigo e da mulher mais antiga do continente, conhecidos como Mungo Lady e Mungo Man. Surpreso pela intensa participação comentou: «Momento de grande espiritualidade e de abertura. O reconhecimento do outro é o caminho certo para uma vida social justa e coerente». Enquanto a professora Anne Hunt, decano da faculdade de teologia da Universidade Católica de Melbourne evidenciou «a importância da presença de novos movimentos para a nova evangelização, eles podem abrir horizontes originais para a fé e para a Igreja Católica em campos que, de outra forma seriam abandonados, particularmente no setor das profissões e da media».
Michele Zanzucchi
Fonte: Città Nuova
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