Eu sou brasileiro, o quinto de uma família de seis filhos, dos quais, dois são do primeiro casamento do meu pai, que ficara viúvo.
Eu tinha apenas um ano de idade quando o meu pai nos deixou, minha mãe estava grávida e não tinha a possibilidade de trabalhar porque nós éramos ainda muito pequenos.
Não tínhamos parentes naquela mesma cidade e o meu pai não contribuía ao nosso sustento, portanto, a situação tornou-se muito difícil. Não tínhamos nada para comer e muitos débitos que não conseguíamos saldar. Minha mãe decidiu vender alguns móveis para cobrir as necessidades imediatas e, portanto, em casa tínhamos somente o que era essencial.
Um dos meus irmãos mais velhos, nascido do primeiro casamento de meu pai, tinha um mercado onde minha mãe buscava o necessário para nos alimentar. Mas, uma vez que não tínhamos recursos para pagá-lo, um dia ele levou a nossa geladeira como pagamento.
Não conseguíamos pagar a conta da energia elétrica, que foi cortada, e depois não conseguíamos mais comprar gás. Durante alguns anos nós usamos lampiões e cozinhávamos no fogão a lenha. Muitas vezes os nossos vizinhos nos ajudavam, com o pouco que podiam dispor.

Lizomar Dos Santos
Nesse ínterim meu pai constituiu outra família na qual teve três filhos. Para nós foi muito duro não receber o amor dele, mas minha mãe sempre nos ensinou a respeitá-lo: ele é o nosso pai. Quando o víamos ela sempre nos dizia: “Aquele é o pai de vocês, vão pedir que ele os abençoe!”
Até aos dezoito anos de idade eu trabalhei como vendedor ambulante. Muitas vezes eu me escondia quando via algum amigo porque eu me envergonhava. Trabalhei também como lavrador e pedreiro. No ano de 2000 fui convocado para fazer um estágio no Tribunal de Justiça e depois fui contratado para trabalhar na secretaria do Tribunal, como reconhecimento ao meu esforço e dedicação. E assim eu consegui terminar os estudos e me formei em letras.
Um dia fui convidado por um amigo a participar de um encontro promovido pelo Movimento dos Focolares, do qual ele já participava. Naquela ocasião eu descobri que Jesus, no sofrimento e abandono vivido na cruz, podia dar significado ao meu sofrimento e ao sofrimento da minha família. Eu acreditei que todos os acontecimentos da minha vida tinham sentido e que o sofrimento que eu vivi serviu para me tornar uma pessoa mais humana, mais sensível aos sofrimentos dos outros. Esta descoberta me conduziu e me conduz a um encontro pessoal com Deus a quem eu decidi doar a minha vida, servindo os irmãos no caminho do focolare.
Video: Vigília de Pentecostes com Papa Francisco. Introdução: Cantos e testemunhos
(contém o testemunho de Lizomar Dos Santos)
Língua italiana
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