Movimento dos Focolares

Calcedônia: novo pacto entre bispos cristãos

Nov 30, 2015

No lugar do IV Concílio Ecumênico, um solene compromisso a viver a fraternidade entre bispos de várias igrejas, para cancelar o passado e abrir novos caminhos para a unidade entre as igrejas cristãs.

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© CSC Audiovisivi – R. Meier

A rota do 34° simpósio de bispos de várias igrejas, promovido pelos Focolares, se voltou para a terra firme. Um dia monótono e chuvoso acompanhou o deslocamento do Mosteiro de Halki rumo à Calcedônia. Após uma hora de navegação, se chegou a Kadikoy, a antiga Bitínia, onde se realizou o IV Concílio ecumênico, em 451. O grupo dos 35 bispos de 16 igrejas foi acolhido na igreja de Cristo Rei, à qual compete um vasto território onde vivem 3 mil pessoas da comunidade armênia local. O pároco explicou porque o Concílio de Calcedônia aconteceu não longe desta igreja. Estava em discussão uma questão fundamental do cristianismo: a natureza humana e divina do Cristo. Como os padres conciliares não conseguiam se colocar de acordo, confiaram a resolução ao Espírito Santo, que no Oriente as pessoas consideram como sendo feminino. Este lugar tão significativo e histórico serve de inspiração para compreender que «o caminho rumo à unidade na diversidade – disse o cardeal Francis Kriengsak – às vezes é fatigante e doloroso, mas se formos fiéis pode gerar frutos para os séculos».
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© CSC Audiovisivi – R. Meier

Como é tradição nestes simpósios de bispos, seguiu-se um solene pacto de amor recíproco que envolveu todos os presentes com a promessa de “estar prontos a dar a vida uns pelos outros” segundo o mandamento de Jesus “que vos ameis uns aos outros como eu vos amei”. Inspiração acompanhada pela leitura das palavras do Patriarca Atenágoras: «Se nos desarmarmos, se nos despojarmos, se nos abrirmos ao Deus-homem que faz novas todas as coisas, então é ele que cancelará o passado ruim e nos restituirá um tempo novo onde tudo é possível». A assinatura de cada um diante de um ícone mariano selou o compromisso. «O pacto de amor recíproco entre bispos de igrejas diferentes – explicou Brendan Leahy, bispo católico de Limerck, na Irlanda – é um chamado constante a me abrir, a não me fechar na minha diocese. Significa evitar a superficialidade para ir à raiz do nosso ser cristãos e bispos». Para Michael Grabow, bispo luterano de Augsburg «é um compromisso a viver o radicalismo do amor e a me recordar que, mesmo se somos de igrejas diferentes, somos irmãos e irmãs». Geoffrey Rowell, bispo e teólogo inglês e anglicano, lembrou que «estamos unidos pelo mesmo pacto inclusive com os bispos ortodoxos raptados em Aleppo, na Síria, dos quais não sabemos nada. Enquanto os meios de comunicação se esquecem, nós queremos sempre recordá-los porque estamos ligados por uma fraternidade comum ». «No nosso trabalho quotidiano de bispos – comentou o metropolita indiano Theophilose Kuriakose da igreja copta ortodoxa síria – ouvimos muitas pessoas para resolver os seus problemas, mas algumas vezes nos sentimos sozinhos porque não tem ninguém que ouça os nossos. Precisamos perceber a unidade, a fraternidade que faz com que nos sintamos irmãos sem desconsiderar, naturalmente, a minha comunhão com Deus e a escolha de Jesus crucificado e abandonado. Este pacto permanece selado no meu coração, me dá força e faz com que eu me sinta responsável na comunhão com os outros». Do enviado Aurélio Molè    

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