Movimento dos Focolares

“Mil caminhos” para Roma

Enquanto dezenas de milhares de jovens estão a caminho rumo a Roma, de quase 200 dioceses de toda a Itália, para o encontro com o Papa Francisco nos dias 11 e 12 de agosto, foi apresentada a programação para os dois dias. Cerca de 70 mil jovens se encontrarão com o Papa no sábado à tarde, no Circo Máximo, para um diálogo “tu a tu”, seguido de uma vigília em vista do sínodo de outubro dedicado expressamente aos jovens. Durante a noite, algumas igrejas no caminho entre o Circo Máximo e São Pedro ficarão abertas para a oração pessoal e comunitária, as confissões, e também testemunhos, performances e encontros temáticos. Na manhã de domingo, na Praça de São Pedro, será celebrada a S. Missa, após a qual haverá um novo encontro com Francisco, que confiará aos jovens o seu mandato missionário e abençoará as dádivas que os jovens italianos levarão à Jornada Mundial da Juventude do Panamá, em janeiro de 2019.

Não pela guerra

Não pela guerra

Tommaso Carrieri, cofundador da associação italiana “Não pela guerra”

«A experiência que levou ao nascimento da nossa associação “Não pela guerra”, começou quase por acaso. Éramos muito jovens, inexperientes e despreparados, mas cheios de energia e vontade de ir além da realidade que os meios de comunicação nos transmitiam. A nossa atividade é principalmente uma educação à paz nas escolas, nos grupos e para os cidadãos. A nossa intervenção consiste em falar sobre a situação do Oriente Médio, como na Jordânia, na Palestina, na Síria e no Iraque… sobre aquelas guerras que não matam só as pessoas, mas também os países, a esperança, a liberdade e o futuro. Todos os anos envolvemos muitos jovens para participarem dos projetos de voluntariado, especialmente na Jordânia, graças à Cáritas, com o objetivo de permanecer e estar em contato com as pessoas, com as famílias e os jovens que fogem do pesadelo da guerra. Chegamos primeira vez à Jordânia em 2014 e desde aquele momento tudo mudou. Por meio das histórias de milhares de refugiado pelas da Síria e do Iraque que ainda vivem na Jordânia, viemos a conhecer as consequências da guerra: devastação, pobreza e perda de qualquer esperança. Compreendemos quanto é complexa a realidade e quanto é duro entendê-la. O que significa a paz? Por que existe a guerra? Como jovens, nós nos perguntamos: o que podemos fazer? Tentando responder a essa pergunta entendemos sempre mais que a mudança e a paz devem partir de nós, através de uma viagem lenta, interminável e cansativa rumo à coerência entre quem você é e o que você faz, um enorme desafio. Ser jovens não nos impediu de levar adiante os nossos ideais, ao contrário. Com certeza cometemos ainda muitos erros, mas isso faz parte do “jogo”. Sentimos ter uma responsabilidade e esta tem para nós um rosto, uma história e o nome de todas aquelas pessoas que encontramos. Wael Suleiman, o diretor da Cáritas na Jordânia, uma vez disse: “a paz não é uma campanha, é vida”, e então, o que posso fazer? Fazer parte de “Não pela guerra”? Empenhar-me na minha cidade, sim, certamente. Porém o mais importante a fazer é responder com a vida. A minha vida é uma resposta àquilo que vivo! Com esta experiência entendemos que os jovens podem fazer tudo o que querem, e, se isso é verdade, devemos unir-nos, não para sermos iguais, mas estarmos unidos, para não repetir os erros e os conflitos que estamos enfrentando agora. Queremos mirar na mudança e o podemos fazer juntos».

A escolha de Deus como família

A escolha de Deus como família

Edgar e Maquency, junto com os seus três filhos, Edgar (18), Monserrat (16) e Mackenzie (15) há quatro anos vivem em “El Diamante”, a 50 km de Puebla e uns 170 km da Cidade do México. Poucas dezenas são os habitantes, mas vários milhares todos os anos os visitantes, numa terra rica de culturas e de fortes contrastes, com modernas e populosas metrópoles e extensas zonas marginalizadas. A cidadezinha é uma autêntica “ponta de diamante”, coração pulsante do Movimento dos Focolares, fundada em 1990 por Chiara Lubich. Um lugar que testemunha como a enculturação da vida do Evangelho seja possível se baseada no diálogo e no intercâmbio recíproco entre as diversas culturas. «Decidimos nos mudar para a cidadezinha com os nossos três filhos para dar uma contribuição concreta. Chegamos aqui respondendo a um autêntico chamado de Deus para construir, junto com outros, a cidadezinha», conta Edgar. «Para nós, dar a nossa disponibilidade era também um modo de retribuir todo o amor que tinha nos doado, desde quando conhecemos o ideal da unidade», acrescenta Maquency. «Neste período – conta Edgar – me encontrei fazendo as contas com as dificuldades de não ter um emprego fixo. No primeiro ano que passamos na cidadezinha fiz vários trabalhos de carpintaria e de hidráulica, depois trabalhei como pintor de paredes, sempre para sustentar a economia familiar. Em seguida, falando com Maquency e com os outros focolarinos, decidimos que eu procurasse outra fonte de renda no âmbito da minha profissão de engenheiro. Depois de algum tempo, encontrei um emprego numa cidade a 90 km da cidadezinha. O trabalho era bom e eu estava contente, mas ficava sempre dentro de mim a saudade por me encontrar longe de casa, da minha família, da cidadezinha». Então, uma outra oportunidade, numa cidade mais perto. «Conversando em família, tomamos a decisão de aceitar. À primeira vista, parecia uma boa opção, porém após alguns meses de trabalho nesta empresa, percebi que as coisas não eram como pareciam e tive que renunciar. Portanto, voltei à cidadezinha, e me dediquei ao trabalho de serigrafia. Eu tinha a impressão de ter retrocedido, ao invés, logo depois me chegou uma oferta de emprego inesperada como consultor num projeto. Fui empregado imediatamente. Eu gostava muito do trabalho e o salário era bom. Finalmente, na família, tínhamos conseguido ter uma economia estável». Quando tudo parecia ter se normalizado do ponto de vista econômico, é proposto a Edgar, de surpresa, que se ocupasse da gestão dos trabalhos de manutenção da cidadezinha, necessários após muitos anos da construção. «Com a minha mulher, entramos numa nova etapa de discernimento, procurando entender a decisão justa a ser tomada. Não faltaram os momentos de incerteza e apreensão, sobretudo pensando no futuro dos nossos filhos». «Nós nos lembramos – intervém Maquency – da experiência inicial do chamado que Deus nos tinha feito. Nós nos sentimos novamente interpelados, porque quando Deus chama, pede a você que deixe tudo e exige um amor exclusivo. Quer que deixemos as nossas seguranças, para nos pôr a serviço. Porém também nos oferece tudo, como diz o Evangelho: “Não há ninguém que tenha deixado casa ou irmãos ou irmãs ou mãe ou pai ou filhos ou campos por minha causa e por causa do Evangelho, que não receba já agora, neste tempo, cem vezes tanto”». «Assim decidimos que eu me pusesse a serviço da cidadezinha. Quando falei disso com o responsável da empresa, ele exclamou: “Que bom se houvesse muitas pessoas como você!” e me fez a proposta de trabalhar na empresa com um horário reduzido, mais adequado às novas exigências. Toquei com as mãos a intervenção da Providência e a verdade do Evangelho».

[:it]Ricordando Hiroshima e Nagasaki[:en]In remembrance of Hiroshima and Nagasaki[:es]Recordando Hiroshima y Nagasaki[:fr]En se souvenant d’ Hiroshima et de Nagasaki[:de]Im Gedenken an Hiroshima und Nagasaki[:zh]悼念廣島和長崎被原子彈轟炸

73 anos atrás, o horror de Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945, e de Nagasaki, três dias depois, se apresentou sob forma de um imenso clarão, como de um sol ofuscante, que levou à morte imediata centenas de milhares de pessoas, quase todas civis, e muitíssimas outras nos anos sucessivos, devido às consequências das radiações. Daquelas duas explosões, não só o Japão, mas a humanidade inteira, ficaram devastados, legando ao mundo a consciência de que nada seria mais como antes. “Nunca mais” é não só um imperativo moral, mas também uma necessidade absoluta, se quisermos que o planeta tenha um futuro de paz e se realize um mundo em que o sol seja somente símbolo de vida.

Carta da prisão

Carta da prisão

«Esta carta, para mim, é preciosa como as palavras escritas por Chiara Lubich: “Eu posso imaginar que todos vocês … sintam o peso que a violência e o terrorismo são em inteiras nações. Jovens, não mais velhos do que vocês, acreditam poder mudar a sociedade com sequestros, assassinatos e cometendo os crimes mais variados. Sem dúvida, eles não encontraram ideais mais positivos e assim se deixaram encaminhar por caminhos extremamente perigosos. Muitas pessoas estão amedrontadas e não podem viver em paz. O que podemos fazer? Qual contribuição podemos dar?”. Estas palavras sintetizam perfeitamente o que estou passando agora. Gostaria de compartilhar o que estou vivendo e o quanto eu me sinto abandonado neste momento; talvez um pouco como Jesus se sentiu quando estava abandonado na cruz. Esta sensação de abandono é algo que experimentei nos quatro centros de detenção em que estive e onde me deparei com adolescentes que eram, na maioria, mais jovens do que eu. No início, estes adolescentes me assustavam, estavam contra mim e queriam até mesmo me matar. Mas tentei me aproximar deles e me dei conta de que o que faltava a eles era que fossem entendidos, uma falta de oportunidade e, consequentemente, uma falta de amor. Não estou procurando justificá-los, mas também eles precisam de amor e de ajuda, só que pediam isso chamando a atenção sobre si mesmos, do modo errado, mas era o único modo que conheciam. Os meus pais procuram viver por um mundo unido e, desde quando eu era criança, também eu. É mais fácil quando você faz parte de uma comunidade em que se procura viver deste modo. Enquanto que para as pessoas que têm medo de se deixar amar é mais difícil, especialmente quando você vê que este amor não é correspondido e se está rodeado de ladrões e assassinos. De qualquer forma, o amor derruba todos os limites e é esta a verdade mais preciosa, apesar daquilo que estou vivendo aqui. Agora estes adolescentes vêm à minha cela para pedir conselhos ou ajuda, especialmente quando atravessam um momento ruim; alguns querem até mesmo saber mais sobre os Jovens por um Mundo Unido de que faço parte, apesar da minha situação. Muitos me perguntam como estou, se preciso de alguma coisa, alguns até mesmo me chamam de irmão. O que estou vivendo na prisão pode se tornar uma invasão de amor que se difunde pouco a pouco onde reina a violência. Assim como a chuva leve que penetra docemente nas profundidades da terra…»