Ago 10, 2017 | Focolare Worldwide
Ao chegar de Manila, distante 60 km, à região que circunda o Lago de Taal (na Ilha de Luzon, ao norte do arquipélago das Filipinas), a primeira sensação é de uma profunda paz. O visitante fica extasiado ao ver um espetáculo único no seu gênero: o lago, que com suas águas encheu uma antiga cratera, tem no seu interior uma ilha. Essa ilha, por sua vez, recebe outro lago, muito menor, dentro de uma cratera mais recente. E no centro deste espelho d´água está uma pequena rocha. Um efeito “matriarcal” de lagos, um guardado dentro do outro. Do alto do vulcão a vista se estende por colinas verdejantes de bosques e prados, plantações de abacaxi, café, banana e uma infinita variedade de flores tropicais.
Nos arredores do Lago Taal, desde 1982, experimenta-se a mesma sensação entre as casas e ruas da Mariápolis de Tagaytay, a “Mariápolis Paz”, a primeira do Movimento dos Focolares na Ásia. «Eu tenho um sonho», havia exclamado Chiara Lubich naquele ano, observando as colinas de Tagaytay: que justamente lá surgisse uma das pequenas cidades dos Focolares, locais aonde o Evangelho pode ser vivido de maneira constante, para mostrar uma maquete de como seria o mundo se todos o vivessem. O Movimento, porém, já estava presente em Tagaytay há muitos anos. Ainda em 1966 havia acontecido um encontro entre as pessoas que aderiam a ele. Naquela ocasião, tocados pela beleza do lugar, os participantes rezaram para que lá fosse construído um centro de formação, uma “casa para todos”. No ano seguinte, graças a uma primeira doação, aquele desejo começou a tornar-se realidade, concretizando-se em 1975. As coisas foram aconteceram, até o sonho de 1982, que coincidiu com um convite dirigido ao Movimento pela Conferência episcopal filipina para que construísse, justamente nos arredores de Tagaytay, uma “escola” para sacerdotes asiáticos. Desde então os desenvolvimentos foram inesperados. Entre as dezenas de construções, um destaque especial deve ser dado à constituição de uma escola para o diálogo com as grandes religiões da Ásia, dirigida especialmente a muçulmanos e budistas, mas também a hindus e xintoístas. Todos os anos, jovens budistas de uma organização leiga japonesa se dirigem para lá, para experimentar a alegria da convivência. Recentemente, no mês de maio passado, 200 membros de grandes religiões, de 13 países asiáticos, participaram da Escola das Religiões Orientais (SOR, na sigla em inglês).
Desde a sua fundação, a Mariápolis Paz assumiu também um forte perfil de promoção humana e social, tornando-se uma das sedes aonde opera a Fundação Bukas Palad, Ong sem fins lucrativos, fundada em Manila, em 1983, para responder às necessidades sociais e sanitárias das faixas mais carentes da população, especialmente na zona rural. Famílias inteiras, em precárias condições de habitação (frequentemente em barracos de um só cômodo, de terra batida, sem água corrente), com um difícil acesso aos serviços sociais de saúde e escassas oportunidades de trabalho. Com o lema “livremente recebemos, livremente damos”, Bukas Palad (em língua tagalo, “de mãos abertas”), já tem uma trajetória de mais de 30 anos, melhorando a qualidade de vida de milhares de pessoas, não apenas no aspecto médico, mas também humano e espiritual, com uma abordagem integral, voltada à promoção humana e à saúde das pessoas. Atualmente, na Mariápolis, tem um destaque especial as empresas que aderem ao projeto Economia de Comunhão, as atividades de voluntários que atuam em unidades de saúde pública, o testemunho de operadores dos meios de comunicação e várias ações na área da educação. Em Tagaytay, as experiências de diálogo e da partilha crescem e se multiplicam, como a água do lago que se repete em outros tantos espelhos d´água. Mas os reflexos de paz não se podem contar.
Ago 9, 2017 | Focolare Worldwide
Quando jovem, à noite eu gostava de ouvir a Rádio Vaticana, que transmitia noticiários em várias línguas estrangeiras. Naturalmente eu não sabia nenhuma daquelas línguas, mas aquela escuta me fascinava, dava-me a impressão de dilatar o coração sobre a humanidade, sobre os povos e o seu dia a dia. Até que, numa daquelas noites, me aconteceu escutar o Papa Pio XII invocar o nome de Deus por três vezes: “Deus, Deus, Deus!”. Aquele “grito” ficou gravado na minha consciência, ainda que, com o passar do tempo, terminou por esmorecer e perder-se na memória. Era o ano de 1956. Nove anos depois, em janeiro de 1963, eu estava prestando o serviço militar em Turim. Um companheiro de turma me convidou para um congresso sobre o qual, estranhamente, eu não pedi nenhuma informação. Ainda assim, ao pedir a licença aos meus superiores, me surpreendi afirmando que daquele congresso dependia toda a minha vida. Com a inesperada concessão dos superiores, viajei para Ala di Stura, um lugarejo de montanha, cercado por uma natureza maravilhosa. Recebido como se antes já me conhecessem, foi lá que conheci Chiara Lubich – fundadora do Movimento dos Focolares -, e Igino Giordani, cofundador. Algo forte para mim foi deparar-me, pela primeira vez, com pessoas de culturas e religiões diferentes. Naqueles dias conheci Assunta Roncalli que também era hóspede dos Focolares. Ela era irmã do Papa João XXIII, que viria a falecer naquele mesmo ano, no dia 3 de junho de 1963. Uma manhã Chiara falou de uma nova vocação que havia surgido dentro do Movimento. E foi quando ela narrou o ano e as circunstâncias em que tudo havia iniciado que aquela invocação de Pio XII ressurgiu com força da minha consciência: «Deus, Deus, Deus! Deus vos ajudará, Deus será a vossa força. Ecoe este nome inefável, fonte de todo direito, justiça e liberdade, nos parlamentos, nas praças, nas casas e nas oficinas…». Assim o Papa se exprimiu em uma mensagem na rádio, dia 10 de novembro de 1956, durante a repressão da revolução na Hungria. E Chiara comentou: «Houve, portanto, uma sociedade capaz de apagar o nome de Deus, a realidade de Deus, a Providência de Deus, o amor de Deus dos corações dos homens. Deve haver uma sociedade capaz de recolocá-lo em seu lugar. É possível que o demônio tenha os seus seguidores fieis, totalitários, pseudo-mártires da sua ideia, e Deus não tenha um exército compacto de cristãos que deem tudo para reconquistar para Ele a terra?» Chiara respondeu àquele apelo do Papa com a intuição de reunir homens e mulheres, de todas as idades, nacionalidades, condições, ligados por um único vínculo, o da fraternidade universal, para que formassem um exército de voluntários, os “Voluntários de Deus”, expressão do Movimento dos Focolares, hoje presentes em 182 nações do mundo. Uma vocação moderna, totalitária, à qual Chiara Lubich dá mais um toque fascinante quando a descreve como a atração dos tempos modernos: «Penetrar na mais alta contemplação e permanecer misturados com todos, ombro a ombro… para traçar sobre a multidão desenhos de luz e, ao mesmo tempo, dividir com o próximo a vergonha, a fome, os ultrajes, as alegrias fugazes». Igino Giordani a compara a uma «santidade com o macacão de operário, que leva Deus aos parlamentos, às assembleias legislativas, aos hospitais, escolas, escritórios, bares, em casa, nos campos de jogo, mas também no mundo da arte, da comunicação, da ciência, da economia…». Porque, ele acrescenta, «levar Deus a todos estes lugares significa transformá-los em abadias, transformá-los em lugares sagrados, aonde, todos os dias, é celebrada uma Missa especial!». Passaram-se 54 anos daquele dia em que escutei o chamado a me alistar com os “Voluntários de Deus”, nascidos de um carisma que, porque autêntico, revela-se também em suas implicações concretas, com reflexos na cultura, na esfera social, na economia, na política… a fim de que os vários âmbitos da vida não restem medíocres, carentes de coragem, incapazes de unir, insensíveis, mas abertos a acolher a presença profunda de Deus. Gennaro Piccolo – Centro Igino Giordani “Uma via per l’Unità” (Andria, Itália)
Ago 7, 2017 | Focolare Worldwide, Senza categoria
O Ginásio de Esportes Robert, de Barcelona, com os seus jardins, uma espécie de refúgio verde reparado das ruas caóticas da cidade, recebeu, a partir do dia 13 de julho passado, cerca de 70 pessoas provenientes de várias partes da Espanha, Itália e Croácia, reunidas para o Simpósio Internacional “Escolas Inclusivas: inovação social, infância e esporte”, organizado pelo Laboratório de Pesquisa Pró-social Aplicada (LIPA), da Universidade Autônoma de Barcelona, e pela rede internacional Sportmeet. Professores, fisioterapeutas, atletas, debateram sobre projetos de inclusão, modelos de intervenção e relação com a inabilidade, numa ótica de inclusão social, na convicção de que não existe nenhuma parte da vida não digna de ser vivida. A própria vida necessita de espaços de fragilidade para experimentar através dela a própria capacidade de recuperação. Nos dias sucessivos, o Centro Mariápolis “Loreto”, de Castel d’Aro (Girona), recebeu a Escola de Verão, um espaço de diálogo e aprendizagem sobre o esporte inclusivo. Cerca de 20 participantes, sob a orientação especializada de Eugenio Jimènez e do Prof. Javier Lamoneda, utilizando os jogos, experimentaram o que significa “colocar-se na pele da pessoa com deficiência”. A experiência esportiva, por si só uma ocasião diária de contato com o limite, oferece pistas de reflexão sobre o relacionamento da vida com os obstáculos, o sofrimento, o desconforto. Com suas reflexões, Paolo Crepaz, de Sportmeet, levou os participantes a interrogarem-se sobre o conceito de limite como barreira, obstáculo, sofrimento ou desconforto em termos gerais, numa ótica (invertida, para o senso comum) segundo a qual a própria presença de um limite pode tornar-se uma potencialidade, a ocasião para “tender constantemente e por hábito adquirido à fraternidade universal” (Chiara Lubich).
Surpreende a capacidade que a atividade esportiva possui de enfrentar e superar obstáculos, e incluir e integrar, derrubar barreiras, em qualquer latitude e em todos os contextos sociais. Por exemplo, o que pode fazer uma bola para unir as pessoas, num campo ensolarado dentro de um abrigo de refugiados? Os participantes jogam num clima de confiança e ajuda recíproca. Javier Lamoneda Prieto, professor de Educação Física em Jerez de la Frontera (Cádiz, Espanha), conta a sua experiência: “Parece-me que foi formado, nestes dias, um time que quer fazer da atividade física um recurso para o encontro entre diferentes atores e profissionais do esporte, traçando dois principais campos de atuação: acadêmico e social. Pela primeira vez desenvolveu-se um programa formativo comum em uma universidade pública”. Roberto Nicolis, operador social-esportivo em Verona (Itália): “O limite que eu experimento muitas vezes é o da distância que separa as pessoas umas das outras, precisamente a deficiência. Reduzir essa distância por meio da partilha, conhecer-se e trocar experiências faz que nos sintamos mais próximos”. Roberto Macri, presidente da Fundação Obra Santa Rita, em Prato (Itália): “Vocês criaram uma ocasião de reflexão sobre nós mesmos e sobre os valores que dão sentido ao nosso empenho. Não somente o empenho profissional ou de voluntariado, mas mais além, àquilo que pode dar um sentido mais profundo ao nosso ser homens e mulheres”.
Ago 3, 2017 | Focolare Worldwide
Um livro para a prova «Frequento a faculdade de arquitetura. Eu devia fazer uma prova muito importante e me faltava um livro fundamental, mas como vinha da Espanha custava quatro vezes mais do que o preço normal. Era o último dia para a inscrição naquela prova e eu estava desesperado. Saindo da Universidade corri para uma igreja próxima e rezei a Jesus, pedindo que ele achasse aquele livro para mim “até o meio-dia”. Pouco depois, na faculdade, ouvi alguém me chamar, era um colega que eu não via há algum tempo. Quando soube do meu problema ele insistiu para irmos até a casa de uma estudante, que eu mal conhecia. Ela tinha o livro e ficava satisfeita em emprestá-lo. Era meio-dia. Alguns dias depois, tendo encontrado no texto alguns erros tipográficos e a falta de páginas importantes, avisei a editora com um e-mail. Para agradecer-me, uma semana depois a editora me enviou, pelo correio rápido, uma cópia grátis. Como não perceber em tudo isso o amor de Deus». (S. G. – Argentina) No lugar de meu marido «Muitas vezes, depois do trabalho, meu marido se deita no sofá para assistir um filme. Para mim, que espero um pouco de ajuda depois de um dia cheio de afazeres e trabalhos com os filhos, isso é motivo de tensão e rancor. Um dia, movida pelo conselho de alguns amigos para tomar a iniciativa de amá-lo, sem esperar nada, tentei colocar-me no seu lugar: pensei no seu trabalho difícil e na necessidade de encontrar ternura e compreensão em casa. Dessa forma, deixando de lado as minhas ocupações, sentei-me ao seu lado para ver um filme e depois trocar nossas opiniões». (G. G. – Sibéria) Ajuda recíproca «O marido de minha vizinha tinha sido internado de emergência e em casa havia ficado só o seu irmão, de 70 anos, que não tem hábito de lidar com o fogão. Ainda que naqueles dias meu marido e minha mãe estivessem gripados, eu me ofereci para cuidar dele. Durante 15 dias, enquanto cuidava dos meus doentes eu cozinhava também para ele, e no domingo o convidei para vir almoçar conosco. Ele retribuía trazendo os gêneros alimentícios que tinha. Havia se tornado como um da nossa família». (C. – Itália) Pedir desculpas «Com o meu temperamento forte, autoritário e independente, eu tinha a tendência de julgar as pessoas. Este modo de agir tornava difícil o relacionamento com os outros e também com meu marido. Tempos atrás eu pude participar de um encontro no qual se aprofundava a Palavra do Evangelho. Foi lá que as minhas certezas receberam o primeiro abalo. Decidi fazer a minha primeira experiência no trabalho, onde sou chefe de pessoal de um grande armazém, com mais de 30 empregados. Eu tinha uma antipatia especial por um deles. Quando chegava o seu dia de receber o salário eu jogava o seu envelope em cima da mesa. E agora? Tentei vê-lo de uma forma diferente de antes, como se eu tivesse colocado outros óculos. Tomando força aproximei-me dele e, na frente de todos, pedi desculpas. Foi uma das maiores alegrias que experimentei na minha vida». (D. – Brasil)
Ago 1, 2017 | Focolare Worldwide
O termo “sistema” está, talvez, entre os mais usados na nossa linguagem. Quase sem nos apercebermos, salta à tona sempre, que se fale de eleições administrativas, loteria esportiva, estrelas, unidades de medida, política, irrigação, exercícios de álgebra dos filhos, segurança, transporte, tratamentos médicos ou cadeias de montanhas. Simples ou complexo, nervoso ou monetário, um “sistema” (do grego sìstema, reunião, coletânea) está sempre nos lábios de todos. Em 1937, e de modo mais “sistemático” em 1945, um biólogo austríaco, Ludwig von Bertalanffy (Viena, 1901 – Buffalo, NY, 1972) foi o primeiro a enunciar a Teoria Geral dos Sistemas (TGS), um método de leitura e interpretação de todo o mundo existente: «Cada organismo é uma ordem dinâmica de processos reciprocamente interagentes». A esta Teoria, Jordi Marjanedas, catalão, classe 1940, se dedicou com escrupulosa atenção no seu recente livro “Os desafios de hoje à luz da Teoria Geral dos Sistemas” publicado por Città Nuova. O texto escorre, vagueando das ciências biológicas à vida do universo, da ecologia à antropologia, da história à ética, às ciências sociais e à religião, buscando em cada campo do saber, elementos de integração e coerência, segundo uma visão unitária do homem e da criação. Onde reside a importância da Teoria? O desenvolvimento da ciência moderna levou a uma proliferação de saberes parciais, fragmentados, hiperespecializados. De tal modo que fez com que o escritor G. K. Chesterton dissesse, ironicamente, «Chegaremos um dia a saber tudo de nada». Esta fragmentação obscurece uma visão unitária do todo. Na medicina, por exemplo, o homem não é o seu fígado ou as suas articulações, mas um conjunto harmônico e unitário de espírito, alma e corpo. Na filosofia, se sucederam inúmeras teorias e sistemas “fechados”, que pretendiam explicar a totalidade da realidade sob um único significado (os totalitarismos são um exemplo disso). O próprio Aristóteles, admitiu: «O todo é mais do que uma simples soma das partes».
No final do século XX, a sistemática se desenvolveu em nível universitário como a ciência que preestabelece para si o objetivo de procurar nas várias disciplinas o sentido unitário da existência, embora nas suas múltiplas dimensões. Assim, por exemplo, o desenvolvimento científico não pode ser finalizado em si mesmo, mas em função de um bem superior. O mesmo vale para a relação entre culturas, a ser caracterizada pelo diálogo e pelo respeito mútuo. Para isto – afirma Marjanedas – deve ser salientada a importância de relações construtivas com os outros em função de um bem total. «É preciso abrir-se e promover um diálogo sincero entre pessoas e grupos de culturas diferentes». A atualidade da Teoria consiste, portanto, na sua possível aplicação a todos os âmbitos. «A ideia de sistema fornece um instrumento para integrar e estruturar coerentemente a compreensão de disciplinas diferentes. A educação, por exemplo, não pode se referir apenas aos valores científicos, mas também aos éticos e aos artísticos para o desenvolvimento global da personalidade, levando em consideração a totalidade das componentes do mundo educativo e os diversos papéis de estudantes, professores, pais, administradores, comunidades». «O pensamento, na sua acepção mais nobre e elevada – escreve Jesús Morán na apresentação do livro de Marjanedas – é sempre aberto e em contínua evolução, em constante atualização. Ele colhe a realidade e, sem para isso fechá-la em esquemas predeterminados e fixos, permite se mover nela com um contínuo senso de surpresa, embora na moldura de um horizonte. A realidade é algo que nos precede e nos supera». A visão da realidade como sistema pode ser não só um exercício intelectual, mas uma proposta a entrar-em-campo, uma aventura contínua de humildade e criatividade. Isto é realmente um autêntico desafio.
Jul 31, 2017 | Focolare Worldwide
Desde o início da minha aventura no focolare na Tailândia, em 1984, o contato com os pobres foi constante. Em 1985, a primeira viagem à então Birmânia (atual Myanmar) e uma grande impressão de tocar com as mãos a mais extrema miséria: até aquele dia nunca a tinha visto pessoalmente. Depois, com a guerra civil que explodiu em 1988, os refugiados começaram a chegar na Tailândia, sobretudo na região da fronteira. As condições deles? Doenças, solidão, desespero, exploração e muita vontade de uma vida verdadeira: para nós, focolarinos, um semblante de Jesus crucificado e abandonado que procuramos aliviar e amar. Nestes 32 anos, a nossa ajuda, com certeza, foi insuficiente, como condiz a uma verdadeira catástrofe humanitária da qual pouco se fala. Diante da dor, de quem morre, você está sempre despreparado. Há cerca de 6 anos, o nosso empenho se intensificou na região de Mae Sot, no noroeste da Tailândia, numa cidade de fronteira. Retomamos o projeto iniciado pelo Padre Justine, birmanês, morto após uma longa doença. Ele começou a se ocupar dos filhos dos migrantes que eram deixados em casa o dia inteiro, sozinhos, os recolhendo numa pequena “escola” (uma cabana). Tinha ficado sem apoio econômico e assim demos o resto do dinheiro que sobrou para retomar a acolhida. A escola agora se chama “Gota a Gota, a ponte Latina-Mae Sot”: uma colaboração entre as nossas crianças de Mae Sot de origem birmanesa e Karen e os de uma escola em Latina, na Itália, onde trabalham alguns membros dos Focolares. É uma ponte de solidariedade que liga as duas cidades distantes 10.000 km, e que hoje se ampliou envolvendo algumas centenas de pessoas de muitos outros lugares. Uma multinacional dos transportes nos ajuda a levar com os seus containers as ajudas angariadas, pagando todas as despesas de liberação alfandegária (€ 1000 per cada carga), para fazê-los chegar até Mae Sot, nas montanhas da Tailândia. Atualmente, através do Padre Joachim, do Myanmar, ajudamos cerca de 200 pessoas que estão fora dos campos oficiais de refugiados, que não têm documentos e, frequentemente, nada para comer. Como diz o Papa Francisco, fazemos a experiência de “tocar a carne de Cristo”, um dos muitos semblantes de Jesus Abandonado. Além dos alimentos, existe a necessidade de amor, de calor, de afeto… Chiara (Lubich) e a nossa espiritualidade nos estimulam a ‘fazer-nos um’ com todos. Um deles nos disse: “Obrigado por tudo o que vocês nos fazem chegar, mas sobretudo porque nos fazem sentir amados. Isto nos dá esperança para viver”. Atualmente temos uma associação formada por alguns nossos amigos de Poschiavo (Suíça), que foi reconhecida pelo governo, e que financia os projetos em andamento em três países: Tailândia, Laos e Vietnam. Após 6 anos vemos que é um milagre de verdade!
No Vietnam, os projetos estão na região do sul, na direção do Delta do Mekong, ao redor de uma paróquia. Construímos pequenas casas ou as reformamos; poços para a água potável para quem não tem; e construímos pontes que são mais do que úteis para as comunicações entre as pequenas ilhas. As assim chamadas “pontes dos macacos”, feitas apenas de uma dezena de caniços de bambu, se transformam em pontes para as pessoas, feitas com cimento e ferro. Agora começamos a trabalhar também nas montanhas, no centro do Vietnam, na região de Gia Lai (famosa pelos combates durante a guerra) com um grupo das minorias étnicas. A Igreja se empenha muito naquela região e a pobreza atinge níveis realmente preocupantes nos lugarejos de montanha, sobretudo para as populações étnicas. No Laos levamos ajuda às crianças através de sacerdotes que transcorreram um período na “escola sacerdotal” em Tagaytay (Filipinas). A ajuda é sustentada por relações de verdadeira amizade, muita fantasia e vontade de trabalhar. O amor é como uma ponte que une todos com um sonho comum: viver concretamente a fraternidade universal. O nosso budget? Doações espontâneas, de muita gente comum e inclusive pobre. Estamos convencidos de que se Deus quer este projeto, faz com que chegue a nós o quanto e o que precisamos. Luigi Butori Website: www.gocciadopogoccia.ch Facebook