Movimento dos Focolares

Comemoração dos 500 anos da Reforma, na Suécia

Nov 4, 2016

No dia 31 de outubro, luteranos e católicos proclamaram a necessidade da unidade, a ser construída por meio de cinco compromissos comuns. E também trabalhando juntos no serviço e acolhida aos sofredores e pela tutela da criação.

20161105-01Talvez pela participação do Papa Francisco e dos máximos representantes da Federação Luterana mundial. Ou pelas tocantes expressões da Declaração Comum, lida na catedral de Lund (cidade de 115 mil habitantes, no sul da Suécia). Ou ainda pela grande participação do povo. Fato é que o sucesso do evento comemorativo do V Centenário da Reforma superou todas as expectativas, inclusive pelo impacto nos meios de comunicação. «Cristo deseja que sejamos “um”, para que o mundo possa crer», proclamaram juntos, luteranos e católicos, convictos de que «o modo de relacionar-nos entre nós incide no nosso testemunho do Evangelho». O documento dirige um olhar ao futuro e ao quotidiano: sair de si próprios, da própria comunidade, da própria igreja, para assumir ações comuns «no serviço, defendendo a dignidade e os direitos humanos, especialmente dos pobres, trabalhando pela justiça e rejeitando qualquer forma de violência». Um propósito de trabalhar juntos «para acolher quem é estrangeiro, para vir em ajuda de quem é constrangido a fugir de casa por causa da guerra e da perseguição, e a defender os direitos dos refugiados e de todos os que buscam asilo», pela defesa de toda a criação «que sofre a exploração e os efeitos de uma avidez insaciável». Uma Declaração que torna-se global no apelo final, aos católicos e luteranos do mundo inteiro, para que «todas as paróquias e comunidade luteranas e católicas» sejam «corajosas e criativas», esquecendo os conflitos do passado porque  «a unidade entre nós guiará a colaboração e aprofundará a nossa solidariedade». A reforma de Lutero na Suécia foi introduzida por motivos puramente políticos. O rei Gustavo Vasa tomou o controle da Igreja e somente no ano 2000 aconteceu a separação entre Estado e Igreja. No passar dos séculos, o luteranismo adquiriu muitas facetas, que se refletem nas diferentes características nacionais.  Mas, para além da história de cada país, vemos que hoje abre caminho a “Reforma da unidade” desejada com convicção por ambas as igrejas, luterana e católica. Uma reforma destinada a tornar-se cultura popular e, portanto, possível. Ela fundamenta-se em cinco compromissos: 1) Começar sempre da perspectiva da unidade e não do ponto de vista das divisões; 2) Deixar-se continuamente transformar pelo encontro com os outros; 3) Buscar uma unidade visível, elaborando juntos passos concretos; 4) Redescobrir a beleza do Evangelho; 5) Testemunhar juntos a misericórdia de Deus. Tais empenhos levam a testemunhar a beleza de ser cristãos na diversidade, precisamente porque o que nos une é muito mais do que aquilo que nos divide. É esta a convicção que guiou também a longa amizade entre os Focolares e os luteranos e a ação de muitos outros movimentos. Antje Jackelen, a primeira mulher arcebispo da Igreja luterana sueca (61 anos, casada, duas filhas), entrevistada por nós e falando sobre a contribuição dos movimentos, afirmou que estes «são ecumênicos na sua própria configuração, e por isso com eles os preconceitos são derrubados». E ainda, que o evento destes dias «é fruto também de 50 anos de diálogo e do trabalho realizado em comum». À tarde, na Arena de Malmö, com 10 mil pessoas presentes, alternaram-se os depoimentos: Pranita (Índia), Hector Fabio (Colômbia), Marguerite (Burundi), Rose (Sudão do Sul), Antoine (Síria). Mais do que tantos discursos, eles demonstraram que já existe uma colaboração entre as igrejas, com ações conjuntas em favor da natureza, pela justiça social, pelas crianças, em apoio aos pobres, aos lavradores, as vítimas das guerras. «Estas histórias – concluiu o Papa – motivam-nos e dão-nos um novo impulso para trabalhar cada vez mais unidos. Quando voltarmos às nossas casas levemos conosco o compromisso de fazer cada dia um gesto de paz e de reconciliação, para ser testemunhas corajosas e fieis da esperança cristã». Das palavras aos fatos. Para ser verdadeiros e credíveis.

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